Com a mesma rapidez com que começou, terminou. As juras de amor eterno, as mensagens constantes dão lugar a uma única mensagem de texto: “Sinto muito, acabou”. O problema não és tu, sou eu. Não te quero magoar, espero que sejas feliz e encontres alguém que te mereça”.

São algumas das mensagens mais comuns quando o objetivo é terminar a relação. Existem milhares de fórmulas, nenhuma adequada, frias é certo, ainda que possam ser acompanhados por emojis.

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Não se trata de uma estratégia nova, já no século passado, as relações também eram rompidas com um breve telefonema ou mesmo por carta registada.  Mas agora vulgarizou-se, tornando-se habitual.  Aliás na internet há mesmo locais onde há dicas de quais são as melhores mensagens de texto para terminar com alguém. Basicamente em fração de segundos, com um copiar e colar termina uma relação. Um ato cobarde, irresponsável, mas revelador da sociedade em que as pessoas são completamente “descartáveis”.

Mas como lidar com essa experiência angustiante?

A pessoa que é deixada sozinha experimenta um grande número de emoções e sentimentos difíceis de elaborar. Não obstante de cada experiência de abandono digital ser única e vivida de forma particular e de não existirem receitas, é fundamental elaborar o luto e superar a dor. Deixo-lhe algumas dicas:

Aceite a realidade – Não se concentre demasiado em prever o porquê, ou tentar obsessivamente ver a pessoa “cara a cara”. Essa tentativa geralmente não é bem-sucedida e só causará mais desespero. Tente contactar ou enviar SMS a pedir um encontro. Basta perguntar/tentar uma vez. Caso não lhe responda, não cometa o erro de deixar mensagens no correio de voz ou em aplicativos de mensagens. Aceite a realidade, mesmo sem perceber o porquê do final.

Elabore as emoções – São várias as emoções e pensamentos que vão assolar a mente de quem é deixado. “O que eu fiz de errado? Por que não quer conversar? Existe uma terceira pessoa? Devo ligar, procurar, ligar para  a sua família ou amigos?”, são algumas das dúvidas que lhe podem surgir constantemente.  Não tente encontrar respostas, construir cenários, siga a sua vida. Elabore o que está a sentir. Não faça propósito da sua vida  a obsessão em ver as publicações da pessoa,  querer saber o que está a acontecer na sua vida, ou perceber o que aconteceu. Desligue-se digitalmente e emocionalmente!

Escolha, não queira ser escolhido/a-  Alguém que termina uma relação por WhatsApp sem ter a coragem de lidar pessoalmente com uma separação e estabelecer uma conversa difícil revela a sua personalidade. Aceite que a pessoa que amou, falhou consigo em dois princípios básicos, respeito e confiança. Não queira alguém assim na sua vida, sem inteligência emocional, sem coragem, em última instância sem dignidade.  Pense que merece algo melhor.

Evite relacionamentos seguidos, primeiro enfrente o luto por essa experiência –  Evite relacionamentos seguidos, seja porque acha que está a nutrir sentimentos pela pessoa ou por uma questão de vingança, ou até mesmo de ciúmes.  Elabore primeiro a raiva, a tristeza e valorize a sua companhia, é a única que tem como certa na estrada da vida. Pense que nada é definitivo e o sofrimento, com tempo e foco, vai desaparecendo.

Não generalize – Não seja uma pessoa amargurada que desiste de confiar e alega que nunca mais se vai apaixonar. Não carregue o peso dos ressentimentos nem alimente a desconfiança, nem a raiva. O amor vale sempre a pena. Foque-se no que foi positivo, nas coisas boas, registe os erros, para não os voltar a cometer, e siga em frente.

DEScomplique!

Vera de Melo

Psicóloga clínica