Por que as pessoas que mais ajudam são as que mais sofrem?
O fenómeno das "almas cuidadoras" tem uma base psicológica profunda e pode ser um dos principais motivos de sofrimento emocional.

Se és daquelas pessoas que está sempre disponível para ajudar os outros, mas, no fundo, sentes que ninguém faz o mesmo por ti, este artigo é para ti. O fenómeno das “almas cuidadoras” tem uma base psicológica profunda e pode ser um dos principais motivos de sofrimento emocional.
O dilema de quem cuida demais
Muitas pessoas que ajudam constantemente os outros desenvolveram essa característica desde a infância. Pode ser porque cresceram num ambiente onde tinham de se responsabilizar emocionalmente pelos adultos à sua volta ou porque foram educadas para acreditar que o seu valor depende daquilo que fazem pelos outros.
O problema? Muitas vezes, esse comportamento leva a relações desequilibradas, onde a pessoa está sempre a dar, mas raramente a receber.
Por que isso acontece?
- Feridas da infância
Pessoas que aprenderam a ser “as fortes” em casa, muitas vezes, acabam por se rodear de quem precisa delas. Isso cria um ciclo onde se sentem essenciais, mas também sobrecarregadas. - “Síndrome do salvador”
Quem tem este perfil sente que a sua missão é resolver os problemas dos outros. Mas, sem perceber, pode atrair relações tóxicas, onde há sempre alguém a precisar de ajuda e nunca ninguém para ajudar de volta. - O medo de ser um peso
Ajudar pode ser uma forma de evitar pedir ajuda. Algumas pessoas acreditam que, se forem vulneráveis, os outros irão afastar-se. Então, preferem continuar a ser a “fortaleza” de todos, mesmo quando estão a desmoronar por dentro. - A recompensa invisível
O cérebro humano gosta de reconhecimento. Quando ajudamos alguém e recebemos gratidão, libertamos dopamina, o neurotransmissor do prazer. O problema é quando a ajuda se torna um vício emocional, e a pessoa só se sente válida se estiver a cuidar de alguém.
O cansaço emocional e as consequências
Estar sempre disponível para os outros tem um custo alto:
- Burnout emocional: sensação de exaustão e vazio constante.
- Relações desequilibradas: as pessoas acabam por não respeitar os limites de quem ajuda sempre.
- Perda de identidade: quem está sempre a cuidar pode esquecer-se de si próprio.
Como cuidar sem te perderes?
Se te identificas com este perfil, é importante aprenderes a equilibrar a balança:
- Aprender a dizer “não”
Ajudar é bonito, mas não pode ser uma obrigação. Aprende a recusar quando sentes que estás a ultrapassar os teus próprios limites. - Escolher quem merece o teu apoio
Nem todas as pessoas que pedem ajuda realmente querem mudar. Algumas apenas querem que faças o trabalho por elas. - Cuidar de ti também é uma prioridade
Quem cuida dos outros também precisa de descanso. Permite-te receber e aceitar apoio. - Ter um espaço para desabafar
Terapia, amigos de confiança ou até um diário podem ser formas de libertar o que guardas dentro de ti.
Ajudar os outros é uma qualidade incrível, mas não podes esquecer-te de ti. Pessoas que ajudam demais precisam, muitas vezes, de aprender a aceitar ajuda. Porque mereces tanto cuidado quanto aquele que dás.
Pensa nisso!