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Doenças e condicionantes que potenciam a infertilidade masculina

Ginecologista explica relação entre infertilidade masculina e algumas doenças, ajudando a prevenir esta condição e algumas situações.

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Doenças sexualmente transmissíveis

A infeção por Chlamydia Trachomatis é atualmente a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum nos países desenvolvidos e está na origem de uma percentagem significativa de uretrites e epididimites.

 

A gonorreia, que há 3-4 décadas era das DST com maior prevalência no mundo ocidental, pode por exemplo causar obstrução irreversível dos ductos espermáticos e consequentemente afetar a fertilidade do homem.

 

Assim jovens de ambos os sexos devem ser aconselhados sobre o uso de métodos anticoncecionais de barreira e os homens devem usar sempre o preservativo, até que tenham um relacionamento estável no qual desejem constituir família.

 

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Orquite

A vacinação profilática na infância para a papeira protege contra o desenvolvimento de orquite provocada por este vírus, que após a puberdade pode afetar significativamente a produção de espermatozoides. A varicela também pode causar uma orquite grave.

 

Se ocorrer uma orquite, é essencial tentar minimizar a atrofia dos testículos, que é secundária ao aumento da pressão Intra testicular. Devem ser administrados corticosteroides (ex.: prednisolona na dose de 40–60 mg por dia) e nos casos que não respondem à terapêutica medicamentosa, a cirurgia pode ser realizada para aliviar a necrose testicular por pressão.

 

Medicamentos

Embora os efeitos de muitos medicamentos na produção de espermatozoides sejam reversíveis, alguns podem ter um efeito permanente, é o caso da terapêutica com a sulfassalazina, que é usada no tratamento de doenças inflamatórias intestinais. Contudo, existe disponível outro medicamento a olsalazina, que pode ser utilizada como terapia alternativa, e que parece não ter um efeito adverso na fertilidade.

 

Às vezes, os efeitos colaterais dos medicamentos devem ser pesados ​​em relação aos seus benefícios terapêuticos, sendo importante ter-se o conhecimento das diferentes opções medicamentosas disponíveis. Assim, por exemplo, alguns anti hipertensores podem causar impotência, é o caso dos beta-bloqueantes, da alfa-metildopa e do captopril, enquanto outros não, como por exemplo, os bloqueadores dos canais de cálcio).

 

Quimioterapia e radioterapia

É muito importante que todos os pacientes do sexo masculino que vão realizar tratamentos de quimioterapia ou radioterapia sejam informados previamente da possibilidade de poderem congelar esperma.

 

Alguns dos medicamentos usados na quimioterapia, como por exemplo, a ciclofosfamida, a procarbazina e a cisplatina, são particularmente prejudiciais à função das gónadas. Infelizmente, nos tempos atuais, continuamos a assistir a muitos casos em que esse risco para a fertilidade não foi discutido antes do tratamento.

 

“Os pacientes do sexo masculino que vão realizar tratamentos de quimioterapia ou radioterapia devem ser informados previamente da possibilidade de poderem congelar esperma”.

 

O advento e aperfeiçoamento das técnicas de procriação medicamente assistida (FIV e ICSI) permitiu a homens debilitados pela doença oncológica, antes de se submeterem a quimioterapia/radioterapia, e que tivessem dificuldade em fornecer uma amostra de esperma ou que a qualidade desta fosse deficitária, de terem a possibilidade de realizarem tratamentos com os seus espermatozoides.

 

Assim, qualquer amostra de esperma que possa ser obtida antes da realização de terapêutica tóxica para os espermatozoides deve ser congelada para uso futuro.

 

Traumatismo dos testículos

Lesões traumáticas podem resultar em danos permanentes e também aumentar o risco de produção subsequente de anticorpos anti espermatozoides. Os homens devem, portanto, ser aconselhados a usar proteção adequada ao praticarem desportos de contacto.

 

Cirurgia do varicocelo

Em alguns países, é realizada em adolescentes para prevenir a infertilidade subsequente. Existe bastante controvérsia em torno do papel desta intervenção cirúrgica na prevenção da infertilidade masculina e, atualmente, não existe nenhuma justificação, baseada em evidências científicas, para realizar a cirurgia profilática do varicocelo na infância ou adolescência.

 

Fatores ocupacionais

Todos os homens devem ser alertados se tiverem que trabalhar na presença de substâncias tóxicas ambientais que podem afetar a fertilidade.

 

Hábitos, dieta e estilo de vida

Dados da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) indicam que homens (o mesmo se verifica nas mulheres) fumadores têm 3 vezes mais probabilidade de sofrerem de infertilidade quando comparados com os que não fumam.  Vários estudos concluíram que a obesidade, em ambos os sexos, pode provocar uma diminuição de perto de 50 % da capacidade reprodutiva.

 

Outro hábito que pode estar a prejudicar a fertilidade é dormir poucas horas ou ter um sono de má qualidade de forma prolongada no tempo.

 

O sono é fundamental para o bom funcionamento da hipófise, glândula presente na base do cérebro que é responsável pela produção de uma série de hormonas, entre as quais as que são responsáveis pela estimulação das gónadas masculinas e femininas. Assim, quando os períodos de sono são curtos ou de pouca qualidade, o funcionamento da hipófise pode ser prejudicado, o que pode afetar a fertilidade.

 

Um estilo de vida saudável, uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico regular, dormir um número suficiente de horas e com qualidade, são elementos fundamentais na prevenção da infertilidade masculina e feminina.

 

homem jovem obeso

O impacto da idade na fertilidade

A fertilidade diminui com a idade e está principalmente relacionada com a idade da mulher. Contudo, está claramente demonstrado que com o aumento da idade paterna existe um incremento na taxa de novas mutações nos cromossomas dos espermatozoides, que conduz a um aumento da probabilidade de defeitos congênitos hereditários dominantes, como a acondroplasia, síndrome de Marfan, síndrome de Alpert.

 

A concentração e a mobilidade dos gâmetas masculinos tendem, também, a diminuir com a idade, embora não exista um padrão previsível para esse declínio. Foram também publicados estudos que comprovam que, mesmo levando em consideração outras variáveis (idade da mulher e outros fatores), existe uma correlação entre a idade paterna e o tempo que demora a obter-se uma gravidez.

 

Apesar do declínio da qualidade do esperma ser mais evidente após os 55 anos, homens com mais de 35 anos têm quase metade das probabilidades de engravidar em comparação aos homens com menos de 25 anos de idade. As razões para isso não são claras e podem dever-se a uma combinação de fatores, incluindo a diminuição da função endócrina testicular, redução da frequência da atividade sexual e diminuição do desempenho do espermatozoide com a idade.

 

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