SOS para perda a muscular canina
A caquexia leva à perda de músculo e perda de peso que não pode ser revertida com mais comida.

O seu cão está um pouco magro. Isso é simplesmente um sinal de que ele tem feito muito exercício e precisa de um pouco mais de comida na tigela, ou está a perder massa muscular devido a uma doença subjacente?
A caquexia, uma condição metabólica que pode ser um efeito secundário de uma doença cardíaca, cancro ou de uma série de outras doenças, leva à perda de músculo e de peso que não pode ser revertida com mais comida.
Os veterinários descobrem-na frequentemente pelo tato, uma vez que não existe um teste normalizado para a detetar. Na altura em que é descoberta, existem normalmente poucas opções para abrandar ou inverter o processo e a doença subjacente que a causa.
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Os investigadores da Cummings School of Veterinary Medicine (EUA) estão agora a trabalhar com engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para determinar se é possível desenvolver uma análise ao sangue, ultrassons ou uma combinação de ambos para detetar a caquexia mais cedo, de forma mais consistente e para avaliar o grau de avanço da doença.
Como detetar
Os esforços para desenvolver uma análise ao sangue centram-se nos biomarcadores das vesículas extracelulares (EV), um campo relativamente novo de descoberta científica. As EV são pacotes de partículas enviadas pelas células que contêm material genético, como mRNA, microRNA, bem como factores de crescimento, citocinas inflamatórias e outras substâncias, explica Vicky Yang, professora associada de ciências clínicas na Cummings School e membro da equipa do projeto de investigação.
Não muito diferente de um sinal de socorro SOS, estes pacotes podem desencadear a ação de outras células do corpo. Por vezes, o que desencadeiam tem efeitos positivos. Outras vezes, os resultados são negativos, diz Yang.
“Estarão as EV a bloquear a expressão de genes bons que poderiam ajudar, caso em que deveríamos tentar bloquear as EV, ou estarão a promover a reparação, caso em que deveríamos encontrar formas de encorajar ainda mais esse processo?”, questiona Yang.
“Ao desenvolver uma forma de detetar a presença de EV que sinalizam a perda muscular e determinar o que as EV estão a desencadear, podemos potencialmente fornecer uma forma não só de diagnosticar a caquexia, mas também de apontar formas de intervir no processo”, acrescenta.
Os investigadores da Tufts estão a recolher músculo doado de cães normais falecidos, bem como de cães falecidos que sofreram de caquexia, para extrair EV de cada um deles e compará-los para detetar diferenças.
Se os cientistas identificarem diferenças nos EV de tecidos doados obtidos de cães com e sem caquexia, terão uma ideia melhor do que devem procurar em amostras de sangue recolhidas prospectivamente de cães que se apresentam aos seus veterinários para despistar a caquexia.
Yang afirma que, se forem bem-sucedidos, os resultados deste estudo em cães poderão conduzir a abordagens semelhantes para desenvolver um teste de biomarcadores em seres humanos, que também desenvolvem caquexia em resposta a doenças cardíacas subjacentes, cancro e outras doenças.