Tuberculose: da latência aos sintomas, saiba como se proteger
A tuberculose é uma doença pouco frequente, mas grave, que é possível prevenir e também é curável, desde que identificada atempadamente.

Em que consiste a tuberculose?
A tuberculose é uma doença infeciosa, causada por uma micobactéria denominada Mycobacterium tuberculosis que se transmite, entre pessoas, maioritariamente por via respiratória, ou seja, pela inalação de gotículas expelidas pela pessoa doente quando esta tosse, espirra ou fala. Ao inspirar esse ar com micobactérias, elas vão depositar-se nos pulmões e causar a doença. É uma doença grave, mas que tem cura.
Existem três formas de tuberculose:
(1) Tuberculose pulmonar: o pulmão é o principal órgão atingido pela doença, uma vez que o contacto da micobactéria com o organismo é feito por via inalatória;
(2) Tuberculose extrapulmonar: podem ser atingidos os ouros órgãos além do pulmão, como os gânglios linfáticos, as meninges, o pericárdio, os ossos, os rins, o fígado, os intestinos, a pele, entre outros.
(3) Tuberculose disseminada: quando a micobactéria atinge a circulação sanguínea, todo o organismo pode ser atingido.
De notar que os doentes com tuberculose pulmonar que libertem a bactéria para o ar durante a respiração, fala, tosse ou espirro podem contagiar as outras pessoas. Já nos casos de tuberculose extrapulmonar, os doentes não são contagiosos.
Além disso, nem sempre a infeção causa necessariamente doença/sintomas. Quando as micobactérias inaladas durante a inspiração se depositam nos pulmões, pode ocorrer uma das seguintes situações:
– através das suas defesas naturais, a pessoa consegue eliminá-las dos pulmões;
– podem não surgir sintomas, mas as micobactérias permanecem no interior do organismo, por longos períodos de tempo – estado a que se chama “tuberculose latente”
– ou pode haver surgimento de sintomas quando estas ultrapassam as defesas da pessoa e aí ocorre a doença com sintomas.
Geralmente apenas 10% das pessoas infetadas desenvolvem a doença, sendo este risco superior nas pessoas com sistema imunitário mais frágil.
Quais as manifestações da doença?
Os sintomas da doença são muito variados, dependendo sobretudo da forma de infeção que causa (pulmonar, extrapulmonar ou disseminada).
Na Tuberculose pulmonar, geralmente surge: tosse persistente (frequentemente com expetoração amarelada, esverdeada ou sanguinolenta), perda de peso, fraqueza, cansaço, perda de apetite, suores noturnos e aumento característico da temperatura corporal ao final do dia (febrícula vespertina).
Na Tuberculose extrapulmonar existem queixas muito variadas, dependendo dos órgãos atingidos.
Quais os fatores de risco para contrair a infeção?
Como referido anteriormente, as pessoas imunocomprometidas, ou que apresentam defesas mais frágeis, como as crianças pequenas, pessoas infetadas com o vírus de imunodeficiência humana (VIH) ou as que tomam medicação imunossupressora estão em maior risco de desenvolver a doença.
Consideram-se fatores de risco:
– Pessoas dos extremos de idades (crianças e idosos)
– Desnutrição
– Infeção pelo vírus da SIDA
– Diabetes
– Cancro
– Pessoas cuja medicação comprometa as defesas naturais, como quimioterapia, tratamentos biológicos ou o uso prolongado de corticoides
– Doenças pulmonares crónicas
Existe tratamento para a Tuberculose?
Sim, a tuberculose tem tratamento, que habitualmente é feito através de medicamentos orais, fornecidos gratuitamente nos Centros de Diagnóstico Pneumológico (CDP), que são as unidades de saúde diferenciadas na área da tuberculose.
A duração mínima do tratamento são 6 meses e a máxima pode atingir os 24 meses, dependendo da gravidade e evolução clínica da doença.
Como podemos prevenir?
A tuberculose pode ser prevenida e evitada. O doente e os que o rodeiam devem:
– Usar máscara
– Garantir distanciamento físico
– Manter os espaços arejado e expostos à luz solar, pois o microrganismo da tuberculose é muito sensível à ação dos raios ultravioleta
– Assegurar boas condições de higiene, habitação e nutrição
As pessoas em risco, nomeadamente as que contactam de forma próxima com doentes com tuberculose pulmonar, devem fazer o rastreio de tuberculose, que consiste numa avaliação clínica, radiografia do pulmão, teste tuberculínico e/ou teste IGRA. O tratamento preventivo consiste em esquemas de um ou dois antibióticos em períodos entre 3 e 9 meses.
Se teve contacto com um doente com tuberculose deve fazer o rastreio. Dirija-se ao seu centro de saúde e fale com um profissional. Poderá ter indicação para tratamento preventivo e assim evitar a doença!