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Vacinar os rapazes contra o HPV iria aumentar a cobertura contra um vírus que afeta 70% da população

No plano nacional de vacinação, apenas as meninas estão incluídas para serem vacinadas contra o Papilomavírus Humano, causador de doenças como o cancro do colo do útero, mas também do pénis e do ânus. Paula Ambrósio, ginecologista no Hospital Vila Franca de Xira, explica-nos mais sobre o HPV, na altura em que a Liga Portuguesa Contra o Cancro lança uma campanha a alertar para o facto de este vírus não olhar a idades, sexos ou comportamentos sexuais.

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O HPV é conhecido pelo cancro do colo do útero. Mas causa muito mais doenças. Pode explicar a incidência do HPV?

O Papilomavírus Humano é um pequeno vírus DNA pertencente à família dos Papovaviridae e que infecta epitélios, mucosos ou cutâneos. Sendo um vírus que existe em todo o lado e que afeta praticamente todas as pessoas sexualmente ativas, a sua incidência é muito elevada – cerca de 70 a 90% das pessoas vai ser infetada ao longo da sua vida. Transmite-se com muita facilidade através do contacto entre pele e mucosas e não escolhe idades nem sexos. É por isto que é muito frequente na população geral.

 

Outra crença é que afeta só as mulheres, por estar muito relacionado com o cancro do colo do útero. Mas também afeta homens. De que forma e em que percentagem os afeta?

O HPV divide-se em dois tipos – alto risco e baixo risco. Os HPV de baixo risco são responsáveis pelas formas mais comuns da doença no homem – os condilomas genitais (o HPV está presente em 90% destas lesões). Adicionalmente, os HPV de alto risco são responsáveis por 84% dos cancros do ânus, 47% dos cancros do pénis e 35% dos cancros da orofaringe.

 

Veja também: Já conhece o Código Europeu Contra o Cancro?

 

Porque devem as raparigas ser vacinadas numa determinada idade e que variações do vírus cobre em Portugal?

Sendo a vacina contra o HPV profilática, e não terapêutica, implica que a sua eficácia aumenta se ainda não tiver havido contacto com o vírus. Atendendo às idades médias de início da atividade sexual, as idades entre os 10 e os 13 anos serão as ideais. Por outro lado, a memória imunológica, ou seja, a capacidade de gerar anticorpos na presença do vírus, é maior nas idades mais precoces.

Os estudos de prevalência do HPV, em Portugal, indicam que os tipos mais frequentes são o 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 sendo que estes são os tipos protegidos pela vacina nonavalente disponível no plano nacional de vacinação.

 

E porque não são os rapazes vacinados? Não ajudaria a travar o vírus também?

Em Portugal, a vacina está clinicamente aprovada para os rapazes a partir dos 9 anos de idade, apenas não está incluída no plano nacional de vacinação. Deste modo, a vacinação tem de ser feita a título individual. Alguns países já incluíram os rapazes nos seus planos nacionais de vacinação, o que irá certamente aumentar a cobertura contra o HPV.

 

Veja também: A prevenção do cancro do colo do útero

 

As meninas já são vacinadas há alguns anos. Já existem estudo do impacto desta vacinação?

Em países que implementaram a vacinação a nível nacional e com uma taxa de cobertura elevada (Austrália, Dinamarca), é já possível ver uma redução muito significativa dos condilomas genitais e das lesões pré-invasivas do colo do útero. A redução esperada da incidência dos cancros causados pelo HPV só será evidente dentro de alguns anos já que este tipo de lesão leva muito tempo a desenvolver-se.

 

A Liga Portuguesa Contra o Cancro acaba de lançar uma campanha sobre o HPV. Ainda há muita falta de informação?

Sim, infelizmente ainda existem muitas pessoas que não sabem o que é o HPV e que doenças pode causar, desconhecendo também a existência de uma vacina eficaz e segura contra a maioria dos tipos de HPV causadores de doença.

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