Três mitos acerca da felicidade
Ainda existem alguns mitos que podem atrapalhar a construção de uma vida mais feliz, com valor e significado.

Apesar de a nossa mentalidade sobre a felicidade ter mudado (com a evolução da sociedade, o aparecimento da internet, o acesso à informação), ainda existem alguns mitos que podem atrapalhar a construção de uma vida mais feliz, com valor e com significado — e que condicionam a forma como percecionamos a realidade e valoramos a felicidade.
Hoje conto-lhe três que podem estar a impedi‑lo de alcançar o verdadeiro bem‑estar.
1.º Mito: Para ser feliz tem de estar sempre feliz
A felicidade é um estado e, como tal, não é possível estar sempre presente. Não anseie ser sempre feliz; isso seria utópico. Se entender a felicidade como um estado de alegria definitivo, viverá frustrado.
Na vida terá momentos desafiadores, onde a tristeza inevitavelmente estará presente, assim como outras emoções. A felicidade acontece no presente, no aqui e no agora, é a sua disposição para a vida. Focar ‑se excessivamente em encontrar a felicidade contribui para uma sensação de mal‑estar e desapontamento, idealizando o conceito de felicidade em vez de a viver desvalorizando, assim, coisas simples das rotinas diárias que se configuram como momentos felizes. A felicidade é algo pessoal. Cada indivíduo tem a sua forma de a experienciar e sentir, e é por isso que é tão difícil estabelecer uma definição sólida. Sendo tão incerta, é também momentânea, como qualquer outra emoção ou fase da vida. Admitir a vulnerabilidade e assumir que a felicidade é um estado fornece uma sensação de liberdade, desvalorizando ‑se a ansiedade e a culpa, e permitindo assim usufruir e valorar cada momento.
2.º Mito: Os bens materiais trazem felicidade
A compra de bens materiais proporciona alguma satisfação inicial. No entanto, esta diminui pouco tempo depois. As pessoas adaptam ‑se rapidamente às situações, pelo que o sentimento de felicidade associado à compra de algo que muito se desejava desvanece‑se com o tempo. Conseguir aquilo que ambiciona (quando se consideram bens materiais) apenas o fará feliz durante alguns minutos ou horas. Mais importantes do que isso são as atividades diárias que desenvolve, o tipo de relação que estabelece com aqueles que o rodeiam ou mesmo o vínculo que tem ao seu trabalho, fatores cujos benefícios são muito mais duradouros. Pense comigo: os bens materiais são efémeros, apenas lhe fornecem prazer imediato. Uma vez comprados e usados, deixam de o fazer feliz. Já os vínculos, pela sua natureza, pela experiência em si, oferecem uma sensação de bem ‑estar mais contínua e duradoura.
3.º Mito: Para ser feliz não pode ter pensamentos negativos
A felicidade não consiste em ter experiências positivas e beneficiar de circunstâncias favoráveis, evitando as negativas. Isso seria demasiado simplista e pouco realista.
O sofrimento não é o oposto da felicidade. Muitas vezes, faz parte dela. Saber que superou algo, que realizou algo que foi muito difícil, sofrido até, mas conseguiu triunfar, é um dos maiores êxtases que podemos ter portanto, um excelente exemplo de um momento pleno de felicidade. A dor e o sofrimento podem potenciar o autoconhecimento, o crescimento e a autorrealização. Não tenha medo dos desafios nem dos momentos de dor; existirão sempre e é justamente a partir deles que tiramos as mais valiosas lições. É com eles que amadurece, que aprende o quanto é forte, resiliente, e desenvolve novas habilidades e conhecimentos que definitivamente o transformam na sua melhor versão e, no final, potenciam mais felicidade.
Ser feliz não significa sentir apenas alegria. O equilíbrio de uma virtude é sempre melhor do que os seus extremos.
Pense Nisso e DEScomplique!