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Bater na madeira - Quem é que, ouvindo algo que não quer que se concretize, como forma de pedir proteção e afastar um mau presságio, não bate com os nós dos dedos na madeira? As explicações são várias. Uma delas vem do paganismo. Havia a crença de que as árvores eram habitadas por espíritos da natureza, e tocar nelas era invocar esses espíritos para agradecer a boa sorte. Desse toque ancestral às atuais pancadas, terá sido apenas uma questão de passagem do tempo.

Passar debaixo de um escadote - Se olharmos para uma escada ou um escadote encostados a uma parede, temos a forma de um triângulo, a figura geométrica emblemática da Santíssima Trindade. Atravessar e profanar esse triângulo lançava uma maldição, e atraía o Diabo, apenas exorcizada se mantivéssemos os dedos cruzados até vermos um cão ou cuspirmos num dos nossos sapatos. A superstição também tem origem nos enforcados que subiam uma escada até ao seu calvário.

Abrir um guarda-chuva dentro de casa – Esta superstição tem origem numa questão de segurança. Segundo os estudiosos destas matérias, na cidade de Londres do século XVIII, quando os guarda‑chuvas à prova de água feitos de metal começaram a vulgarizar-se, o seu mecanismo rígido tornava‑os num verdadeiro perigo se fossem abertos dentro de casa.

Fazer figas – Este gesto que transmite apoio e desejo de sorte tem diferentes significados consoante a forma como o materializamos. Se for com o dedo médio cruzado sobre o Indicador, esta forma de fazer figas vem dos tempos da perseguição aos cristãos entre os séculos I e IV. O gesto era uma tentativa de fazer uma cruz com os dedos, sem atrair a atenção dos pagãos. Já as figas feitas com o polegar eram usadas pelos antigos romanos e etruscos como um amuleto, e simbolizava o ato sexual.

Sapos – Esta superstição está muito associada à comunidade cigana, para a qual este animal é uma figura maldita, associada ao azar e à infelicidade. Para além de dar má sorte aos negócios, também simboliza conflitos entre famílias. Na verdade, a imagem destes animais sempre esteve associada a coisas pouco positivas, provocando repulsa. Exemplo disso é a expressão «engolir sapos», que significa suportar situações desagradáveis.

Olho azul - É um dos mais conhecidos amuletos contra o mau‑olhado, simboliza o olhar divino que protege as pessoas contra os males, a inveja e o mau‑olhado. Foi dessa necessidade de proteção do mau‑olhado que surgiu o amuleto conhecido hoje como olho azul, mas que tem muitos outros nomes, consoante o país ou a região em que estivermos. Este olho tem o poder de refletir o mau‑olhado.

Atirar o ramo da noiva - Na Europa medieval, não era costume que o vestido de noiva fosse guardado, daí que fosse considerado um talismã. Depois do casamento, as mulheres solteiras perseguiam a noiva e arrancavam bocados do vestido. Para evitar serem perseguidas e quase despidas, as noivas passaram a atirar objetos, de forma a distrair as raparigas solteiras. Daí chegou-se aos tradicionais objetos: a liga ou o ramo de flores.

Segurar uma pestana entre os dedos e pedir um desejo – Esta parece derivar de uma outra. Quando cai uma pestana, devemos pô-la nas costas de uma mão, fechar os olhos e soprar três vezes, formulando um desejo ao mesmo tempo. Se ela voar para cima, o desejo será realizado; se cair no chão, o desejo não se cumprirá. Na versão do dedo e do polegar, o desejo realiza-se, se a pestana ficar no dedo que escolhemos como concretizador.

Doze passas na Passagem de Ano – Segundo o antropólogo Francisco Vaz Silva, «o nosso calendário é o solar, mas o lunar também é usado. Como o lunar tem menos doze dias, no último mês acertavam‑se as diferenças. As passas simbolizavam esses dias». Nas aldeias até se costumava dizer que esses doze dias simbolizavam o clima que se ia sentir nos meses do ano seguinte. Se a 26 chovesse (o primeiro dos doze dias), janeiro ia ser um mês de chuvas e assim sucessivamente». Mas há mais versões.

Alho para todos os males – Muito conhecido pela sua utilização na culinária, mas também pelos seus fins medicinais, já que se trata de um antibiótico. No mundo das superstições, foi‑lhe atribuído um importante papel de proteção. Os soldados romanos acreditavam que comer alho lhes dava coragem e os marinheiros acreditam que o alho pendurado nos seus barcos evitava os naufrágios. Mas o alho é sem dúvida conhecido por afugentar os vampiros, entre outras criaturas malignas.

Conheça mais superstições no livro ‘Cruz Credo’, de Andreia Vale, editado pela Manuscrito. No livro, são dadas a conhecer 114 superstições do nosso dia a dia.