Síndrome do ovário poliquístico: o que é e como se manifesta
Esta patologia afeta entre 5 a 15 % das mulheres em idade reprodutiva. Conheça as suas manifestações na adolescência e na idade adulta.
A síndrome do ovário poliquístico (SOP), também designada síndrome de Stein-Leventhal, é uma das patologias endócrinas mais frequentes na mulher e uma das principais causas de infertilidade feminina.
Esta doença é caracterizada por distúrbios no ciclo menstrual (oligomenorreia ou amenorreia), hiperandroginismo, sendo a causa mais comum de hirsutismo e a sua particularidade mais importante é a existência de numerosos folículos quísticos ou quistos foliculares, tipicamente localizados na periferia dos ovários, cujo tamanho pode estar aumentado entre 2 a 5 vezes em relação às dimensões consideradas normais.
Esta entidade clínica pode verificar-se desde o início da vida reprodutiva com o aparecimento de perturbações no ciclo menstrual ou manifestar-se numa fase mais adulta associada a obesidade/excesso de peso e hiperinsulinismo.
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Os sinais e sintomas da SOP são diversos, mas são muito sugestivos a existência de ciclos anovulatórios, amenorreia ou oligomenorreia, hirsutismo, obesidade e mais raramente sinais de virilidade.
Esta patologia afeta entre 5 a 15 % das mulheres em idade reprodutiva e esta variação na prevalência está relacionada com os critérios usados para definir a doença e com os fatores étnicos, demográficos e ambientais dos diferentes grupos populacionais. A prevalência desta entidade é maior em mulheres mexicanas e americanas do que em caucasianas e afro-americanas e por exemplo nos EUA o hirsutismo ocorre em cerca de 65% das mulheres com SOP e apenas em 20% nas mulheres Japonesas.
As condições relacionadas com a SOP compreendem:
– Infertilidade
– Oligo – anovulação
– Obesidade
– Insulinorresistência / diabetes mellitus
– Antecedentes de puberdade precoce
– Familiares de 1º grau com SOP
– Uso de antiepiléticos
A etiologia desta síndrome é desconhecida, considerando-se plausível uma influência multifatorial, havendo na sua génese uma alteração multigénica complexa, com interferência de genes relacionados com a produção e ação das gonadotrofinas, androgénios e insulina e com a regulação da energia e do peso pelo organismo.
Os ciclos anovulatórios e o hiperandroginismo são causados por alterações ováricas (maior conversão de androgénios nas células da teca do ovário), alterações nas glândulas suprarrenais (hipersecreção de androgénios), maior adiposidade periférica e perturbações no eixo hipotálamo-hipófise (aumento da secreção da LH em relação com a FSH que conduz à anovulação, formação de folículos quísticos e hiperplasia da teca com produção aumentada de androgénios). Por outro lado, a insulinorresistência e a hiperinsulinémia também originam o aumento da testosterona livre no sangue.
s manifestações clínicas na adolescência que levam as pacientes a procurar assistência médica são:
– Puberdade precoce
– Amenorreia ou oligomenorreia devido à anovulação que pode originar por vezes metrorragias com anemia
– Excesso de peso / obesidade
– Alterações cutâneas: hirsutismo, acne, acantosis nigricans e alopecia androgénica
– Ansiedade E depressão devido às alterações cutâneas e do peso que afetam a autoestima.
É importante realçar também que as adolescentes com SOP e obesidade têm maior risco na idade adulta de desenvolverem doenças cardiovasculares.
As mais importantes manifestações clínicas da SOP na idade adulta são:
– Hirsutismo
– Amenorreia ou oligomenorreia
– Excesso de peso / obesidade (adiposidade com distribuição central ou andróide)
– Metrorragias
– Insulinorresistência e hiperinsulinémia
Complicações ginecológicas da SOP:
– Amenorreia
– Infertilidade
– Metrorragias
– Maior prevalência de hiperplasia endometrial e cancro do endométrio
– Maior risco de cancro da mama e dos ovários
Complicações na gravidez das mulheres com SOP:
– Maior incidência de abortos espontâneos
– Diabetes gestacional
– Pré-eclâmpsia
– Parto pré-termo
– Macrossomia fetal
– Morte fetal “in útero”
Complicações metabólicas da SOP:
– Insulinorresistência que leva a hiperinsulinémia
– Aumento do risco de hiperglicémia com anomalias da tolerância à glicose (35% dos casos) e desenvolvimento de diabetes tipo 2 (10 % das mulheres)
– Alterações do perfil lipídico com risco de doenças cardiovasculares (devido à insulinorresistência e hiperandroginismo) como: HTA, trombose e enfarte do miocárdio.