Saúde da mulher: atividades preventivas
As atividades preventivas são medidas que permitem manter uma boa saúde, evitar algumas doenças e detetar problemas de saúde numa fase inicial, quando a probabilidade de tratamento com sucesso é mais elevada.

PLANEAMENTO FAMILIAR: EVITAR UMA GRAVIDEZ QUANDO NÃO É DESEJADA
A decisão de ter ou não filhos, assim como a escolha do momento para ter filhos, é um direito de todos os indivíduos e famílias. As atividades de planeamento familiar possibilitam às mulheres e aos casais alcançar e planear o número de filhos desejados e o espaçamento dos nascimentos. De forma mais abrangente, acabam por oferecer uma vivência sexual mais segura e gratificante, preparar uma maternidade e paternidade saudáveis e reduzir o risco de infeções sexualmente transmissíveis.
O sucesso na escolha de um método contracetivo depende da decisão voluntária e esclarecida sobre a sua segurança, eficácia, custos e efeitos secundários. Eleja o que melhor se adaptar às suas necessidades, depois de se sentir devidamente informada e esclarecida.
Note que, independentemente de usar um método hormonal ou natural (embora estes menos eficazes), se concomitantemente usar preservativo estará também a proteger-se de doenças que se transmitem através das relações sexuais, incluindo a sífilis e a infeção pelo VIH.
Se em algum momento tiver tido relações sem proteção, lembre-se que a “pílula do dia seguinte” pode ajudar a evitar uma gravidez. Aconselhe-se com o seu médico ou enfermeiro.
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VACINAÇÃO: O TÉTANO E A RUBÉOLA
Na idade adulta, o Programa Nacional de Vacinação recomenda a vacinação com reforços da vacina contra o tétano aos 25, 45, 65 anos de idade e, posteriormente, de 10 em 10 anos. Os adultos não vacinados ou com atraso na dose de reforço contra o tétano devem fazer esta vacina em qualquer idade.
No caso da mulher em idade fértil, é importante também a imunidade contra a rubéola, sobretudo se pretender engravidar. Se não está vacinada, deve consultar o seu médico ou enfermeiro para efetuar a vacinação. Ao evitar contrair a rubéola durante a gravidez, evitará um risco acrescido de abortos e malformações fetais.
DETETAR A TEMPO O CANCRO DA MAMA
O cancro da mama é um tumor maligno bastante mais frequente nas mulheres e cuja mortalidade depende, entre outros fatores, do estadio da doença aquando do diagnóstico, ou seja, responde melhor ao tratamento quando está em fase inicial. Por esse motivo, é muito importante um diagnóstico precoce. Em alguns casos tem origem hereditária, pelo que deve informar o seu médico de família se a sua mãe e/ou irmãs tiveram cancro de mama.
No nosso país, o Programa de Rastreio de Cancro da Mama, da responsabilidade da Liga Portuguesa Contra o Cancro, recomenda a todas as mulheres a realização de uma mamografia a cada 2 anos a partir dos 50 anos até aos 70 anos. Depois disso, o exame deve ter uma periodicidade ajustada às características individuais. Se tiver antecedentes familiares de cancro da mama, pode ter que iniciar o rastreio mais cedo ou fazê-lo mais regularmente. Aconselhe-se com o seu médico de família.
PREVENIR O CANCRO DO COLO DO ÚTERO OU DETETÁ-LO ATEMPADAMENTE
O colo do útero é a zona de união entre o útero e a vagina. O cancro nesta região é causado pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV). Adicionalmente, esta infeção pode causar cancro vaginal, cancro anal, cancro da vulva, cancro na cavidade oral ou faringe e cancro peniano. O HPV transmite-se através do contacto sexual, pelo contacto com a pele ou a mucosa.
A prevenção da infeção por HPV faz-se através de várias medidas: utilização do preservativo, vacinação (aos 10 anos integrada no Programa Nacional de Vacinação e, depois, consoante recomendação médica) e, não menos importante, conversar com o parceiro(a) sobre as infeções de transmissão sexual e a sua prevenção.
A realização regular por parte da mulher de um exame ginecológico e de uma colpocitologia (teste papanicolau) e/ou teste de pesquisa do HPV, mesmo que tenha feito a vacina, ajuda a detetar precocemente a infeção por HPV e o cancro do colo do útero em fase inicial. No nosso país, a colpocitologia está recomendada, após o início da atividade sexual, a partir dos 21 anos (perante determinadas condições) e a pesquisa de HPV entre os 25 e os 60 anos, a cada 5 anos. Converse com o seu médico sobre a melhor altura para iniciar ou repetir estes exames.
ESTAR ALERTA PARA O CANCRO DO ENDOMÉTRIO
O endométrio é a camada mais interna do útero. O cancro do endométrio é mais frequente em mulheres com mais de 50 anos e se detetado precocemente, a probabilidade de cura é muito superior. Os fatores que aumentam o risco para cancro do endométrio são: obesidade, diabetes mellitus, infertilidade, não ter tido filhos, síndrome ovários poliquísticos e história menstrual longa (ter a primeira menstruação muito cedo e a menopausa tardia).
O diagnóstico precoce pode ser feito através de uma vigilância regular pelo médico de família ou ginecologista. É muito importante estar atenta a sinais de alarme, nomeadamente sangramento uterino após a menopausa. Consulte o seu médico perante qualquer sangramento vaginal após a menopausa, já que em alguns casos pode ser um sintoma de cancro do endométrio.
PREVENÇÃO DE FRATURAS DE FRAGILIDADE E DIAGNÓSTICO DA OSTEOPOROSE
A osteoporose é uma doença que torna os ossos mais finos e frágeis, e que por isso facilita o aparecimento de fraturas. É mais frequente na mulher depois da menopausa, sobretudo se esta for precoce (antes dos 45 anos) e nos idosos. Os fatores de risco que aumentam a probabilidade de osteoporose são vários: ter tido durante muitos anos uma dieta pobre em cálcio, fumar, beber muito álcool, ser extremamente magro e não fazer exercício físico. Para a prevenir, podemos atuar em todos estes pontos, ao longo da vida.
Adicionalmente, apresentar determinadas doenças ou tomar durante muito tempo medicamentos como corticoides, antiepilépticos ou anticoagulantes, também aumentam o rico da doença. Neste caso, é importante reforçar as medidas preventivas e realizar um diagnóstico precoce.
O verdadeiro problema da osteoporose é a fratura de fragilidade, ou seja, fratura que ocorre com traumatismo leve ou até sem história de trauma. Os ossos que se partem mais facilmente nesta situação são os ossos da anca, as vértebras e os punhos.
Todas as pessoas, acima dos 50 anos, devem ser avaliadas pelo seu médico quanto à probabilidade de sofrer fraturas de fragilidade decorrentes da baixa densidade óssea e osteoporose. Após analisar as características pessoais e familiares e o risco individual da pessoa, o medico pode propor apenas medidas preventivas ou, alternativamente, iniciar tratamento com fármacos apropriados. Em casos particulares, pode ser necessário realizar uma densitometria óssea (um exame radiológico que avalia a densidade do osso) para decidir sobre a necessidade de tratamento farmacológico ou não.
Cuide bem da sua saúde, para viver mais e com mais qualidade de vida. Tenha um estilo de vida saudável e discuta com o seu médico e enfermeiro as intervenções ou exames mais indicados no seu contexto e a periodicidade necessária. Aposte na prevenção!