Sangrar das gengivas pode significar falta de vitamina C
Para além de problemas dentários, como gengivite, a falta de vitamina C entra também no rol de possíveis causas para o sangramento e tal deve ser tido em conta nas recomendações de saúde, adverte um novo estudo realizado na Universidade de Washington.

A associação entre sangramento gengival e níveis de vitamina C foi reconhecida há mais de 30 anos. No entanto, essa conexão perdeu-se de alguma forma nas conversas sobre sangramento das gengivas. Uma nova meta análise da Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington, EUA, conclui que o sangramento das gengivas pode ser sinal de falta de vitamina C. Porém, tal não invalida deixar de consultar o dentista para verificar se se trata de gengivite, um estágio inicial da doença periodontal, revela a Associação Dentária Americana.
«Quando vê as suas gengivas a sangrar, a primeira coisa que deve tentar descobrir é o porquê. E a deficiência de vitamina C é uma razão possível», comenta o principal autor do estudo, Philippe Hujoel, dentista e professor de ciências da saúde bucal na nesta universidade. «Houve um tempo no passado em que o sangramento gengival era geralmente considerado um marcador potencial para a falta de vitamina C. Mas, com o tempo, isso foi abafado ou marginalizado, dando atenção excessiva ao tratamento do sintoma de sangramento com escovagem ou fio dentário, em vez de tratar a causa», disse Hujoel. Portanto, perder a possível conexão entre sangramento gengival e baixos níveis de vitamina C pode ter consequências graves para a saúde.
O estudo de Hujoel, publicado esta semana na ‘Nutrition Reviews’, analisou estudos de 15 ensaios clínicos em seis países, envolvendo 1.140 participantes predominantemente saudáveis, e dados de 8.210 residentes dos EUA. Os resultados mostraram que o sangramento das gengivas, ou tendência ao sangramento gengival, e também o sangramento no olho, ou hemorragia retiniana, estavam associados a níveis baixos de vitamina C na corrente sanguínea. E os pesquisadores descobriram que o aumento da ingestão diária de vitamina C nas pessoas com baixos níveis plasmáticos de vitamina C ajudou a reverter esses problemas de sangramento.
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De relevância potencial, diz Hujoel, que também é professor adjunto de epidemiologia na Escola de Saúde Pública da UW, tanto a tendência a sangramento gengival quanto a sangramento retinal podem ser um sinal de problema geral no sistema microvascular de uma pessoa, de tendência a sangramento microvascular no cérebro, coração e rins.
O estudo não implica que a reversão bem-sucedida de uma tendência aumentada de sangramento gengival com vitamina C irá prevenir derrames ou outros efeitos graves para a saúde, enfatiza Hujoel. No entanto, os resultados sugerem que as recomendações de vitamina C projetadas principalmente para proteger contra o escorbuto – uma doença mortal causada por níveis extremamente baixos de vitamina C – são muito baixas, e que uma ingestão tão baixa de vitamina C pode levar a uma tendência a sangramento.
Consequentemente, Hujoel recomenda que as pessoas fiquem atentas à ingestão de vitamina C através da incorporação de alimentos não processados ou através de um suplemento de cerca de 100 a 200 miligramas por dia desta vitamina.
Alguém que esteja a fazer uma dieta especializada, como a dieta paleo, deve também ter em atenção a ingestão de vitamina C, disse Hujoel. «Frutas ricas em vitamina C, como kiwis ou laranjas, são ricas em açúcar e, portanto, normalmente eliminadas de uma dieta pobre em hidratos de carbono». Esse comportamento pode levar a uma ingestão de vitamina C muito baixa e a uma tendência para o aumento do sangramento.