Psoríase: dermatologista tira todas as dúvidas
A psoríase afeta 2 a 4% da população mundial, estimando-se em 300 mil o número de doentes em Portugal. Tem picos de aparecimento entre os 15-25 anos e os 50-60 anos. Conheça as suas causas, efeitos e tratamentos disponíveis. A 28 de outubro, assinala-se o Dia Mundial da Psoríase.

O que é a psoríase?
A psoríase é uma doença inflamatória crónica complexa, eminentemente cutânea, caracterizada por áreas bem definidas de pele espessada, rosada ou avermelhada, habitualmente cobertas de escamas ou crostas prateadas. Pode ocorrer inflamação articular – artrite psoriática – em cerca de um terço dos doentes.
Quem sofre de psoríase?
A psoríase afeta 2 a 4% da população mundial, estimando-se em 300 mil o número de doentes em Portugal. Homens e mulheres são igualmente afetados, ainda que possa haver diferenças entre grupos raciais. Pode iniciar-se em qualquer idade – mesmo na infância – mas tem picos de aparecimento entre os 15-25 anos e os 50-60 anos. Tende a persistir ao longo da vida, com períodos de agravamento e melhoria. É uma doença de base genética sendo possível identificar familiares afetados em cerca de um terço dos casos.
O que causa a psoríase?
A psoríase é multifatorial, em que fatores imunológicos, genéticos a ambientais, como o stress físico, psicológico, infeções por bactérias ou vírus, medicamentos, contribuem para o seu aparecimento. A psoríase não é contagiosa, pelo que não é uma doença que se possa “apanhar” de outras pessoas, nem “passar” para outras pessoas. As lesões de psoríase não são infeciosas.
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Como se manifesta a psoríase?
A psoríase manifesta-se clinicamente como placas (pele espessada) de bordo bem definido, simétricas, eritematosas (rosadas ou avermelhadas) e descamativas. As escamas que se libertam são habitualmente prateadas, o que confere à pele lesada um brilho característico. Quando a descamação é muito intensa, podem formar-se crostas. Toda a superfície cutânea pode ser afetada, mas é mais comum nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo. Também as unhas poderão estar envolvidas, com descoloração, manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, espessamento e deformação.
Muitas vezes as lesões são pruriginosas, podendo o prurido ser muito intenso nalguns doentes. Em zonas de pele mais seca, podem surgir fissuras e gretas dolorosas. As placas são muito persistentes sem tratamento. Quando resolvem, podem deixar manchas acastanhadas ou mesmo esbranquiçadas que podem durar meses até desaparecer.
Em cerca de 20% dos doentes existe envolvimento articular. A artrite psoriática pode manifestar-se através de dor, desconforto, tumefação ou rigidez nas articulações (sobretudo das mãos, joelhos tornozelos e pés), dor e rigidez matinal da coluna, deformação das articulações e limitação dos movimentos.
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Como se diagnostica a psoríase?
Não há nenhuma análise de sangue ou exame específico para diagnosticar a doença. O Dermatologista precisa normalmente apenas de observar a superfície cutânea para determinar se se trata de psoríase. Quando existem dúvidas, pode ser necessária retirar um pequeno
fragmento de pele (biópsia cutânea) para ser observado ao microscópio. A história familiar pode contribuir para o diagnóstico.
Doenças relacionadas com a psoríase
Os doentes com psoríase e com artrite psoriática têm maior risco de desenvolverem outras doenças crónicas e vários problemas de saúde, designados por comorbilidades São exemplos disso a doença cardiovascular (doentes com psoríases graves têm um risco 58% mais elevado de terem um evento cardíaco major e 43% de um acidente cardiovascular), a doença de Crohn (pessoas com psoríase e com artrite psoriática têm um maior risco de desenvolverem doença inflamatória intestinal, havendo um estudo que aponta para um aumento na ordem dos 10%), a depressão, o síndrome metabólico, a uveíte (doença inflamatória do olho) e a doença hepática.
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