Privacidade, a paz de que precisamos
Quando partilhamos paredes meias com alguém, seja qual for o grau de parentesco, precisamos zelar pelo equilíbrio, seja ele em convívio familiar ou de trabalho.
Nunca se deve tentar ser o outro ou saber tanto quanto o outro, ou perde-se a magia. As pessoas alegam que é importante ser-se conhecedor do todo que o outro é para nós… engano o de quem pensa que invadir é uma forma de amor.
Ao chegar até à idade que me acompanha, ao privar diariamente com pacientes, percebo que o erro da maior parte das relações, entre casais, ou até mesmo entre pais e filhos, é a quebra da privacidade.
E, depois de quebrado, este processo de invasão alheia torna-se num vilão que desmantela a confiança, a convivência, a saúde física e acima de tudo a emocional. Ser-se e ter-se privacidade é ter paz pessoal, é ser capaz de dar e transmitir ao outro confiança, harmonia, equilíbrio e acima de tudo respeito pela sua individualidade ÚNICA.
Cada vez mais ao estudar sobre nutrigenética, me vou dando conta como os fatores epigenéticos influenciam a nossa vida. Comparo o direito à privacidade, com o papel seletivo e depurativo do nosso intestino. Se algo estiver errado, começamos a adoecer de forma silenciosa e lenta.
Afinal, somos 2% genótipo e 98% fenótipo. O nosso ADN é constituído por processos de evolução feitos por tudo aquilo que está ao nosso redor e nos molda.
Está em nós a capacidade de saber interpretar e decidir se queremos ter saúde, ou doença. Ser feliz faz parte deste processo contido no nosso fénótipo, o qual nos dá o direito de sermos e termos preservada a nossa paz e a nossa privacidade.
Pense nisto e faça a sua parte. Construa o respeito por si. Para se receber, é preciso primeiro dar.