Primeira mercearia europeia sem plástico é portuguesa e acaba de vencer o Prémio Terre de Femmes
A mercearia Maria Granel é a grande vencedora da edição portuguesa de 2019. O galardão assinala 10 anos em Portugal e atribui 18 mil euros às três laureadas no país, distinguidas por projetos na área do ambiente. Segue-se a competição internacional.
3.º eco-cidadã do ano instala descascadoras de arroz na Guiné-Bissau que permitem às meninas voltar à escola
O terceiro lugar do Prémio Terre de Femmes foi entregue a Joana Benzinho, a portuguesa que rumou até a Guiné-Bissau para instalar máquinas descascadoras de arroz que criam tempo, permitindo que as mulheres se possam dedicar a outras atividades económicas e que as meninas voltem à escola e recebam educação em iguais circunstâncias que os meninos.
Joana Benzinho é fundadora e presidente da Afectos com Letras, ONGD que concentra a sua atividade na Guiné-Bissau, e, numa das muitas viagens que fez a este país, chamou-lhe a atenção o facto de muitos habitantes das aldeias se dedicarem ao cultivo do arroz, sendo a sua descasca uma tarefa bastante penosa, feita manualmente e geralmente por mulheres e meninas.
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Daí até Benzinho levar para a Guiné-Bissau descascadoras de arroz que criam tempo, arroz de melhor qualidade, uma maior capacidade financeira das populações e que contribuem para a autonomização das mulheres e meninas guineenses, foi um instante. As máquinas, que permitem a descasca do arroz de forma automatizada, um rendimento de 800 quilos por hora, são de uso comunitário e já estão nas aldeias de Barambe, Blequisse e na ilha de Jeta.
As mulheres passaram a ter tempo para outras atividades económicas, as meninas a poderem ir à escola, e o arroz produzido até já está a caminho de receber a certificação BIO, o que permitirá que as famílias o possam vender, reforçando os seus rendimentos.
Com o galardão de três mil euros que acaba de receber, Joana Benzinho pretende dotar agora Quilum com uma descascadora, possibilitando que os cerca de 300 habitantes da aldeia e aqueles que vivem nas povoações circundantes possam também usufruir desta máquina que cria tempo. Para além disso, Benzinho pretende ainda adquirir quatro máquinas de ensaque, de modo a que as comunidades possam embalar e comercializar o arroz biológico que produzem.
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Recorde-se que, escolhidas entre dezenas de candidaturas, as agora conhecidas eco-cidadãs do ano foram selecionadas por um júri independente e altamente qualificado, composto pela bióloga e antiga laureada Milene Matos; por Luísa Schmidt, socióloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Susana Fonseca, investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e membro da direção da Associação Zero; e Mário Grácio, técnico especialista do Ministério do Ambiente.
A distinguir projetos a favor do ambiente desde 2009, em terras lusas o Terre de Femmes já premiou 22 mulheres e apoiou com mais de 100 mil euros projetos que têm revelado um forte impacto social, ambiental e económico. A nível internacional, o Prémio Terre de Femmes vai na 18.ª edição, tendo apoiado já mais de 400 mulheres em mais de 50 países, num investimento total de 1,8 milhões de euros.