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Périplo pelas cinco Aldeias de Xisto da Serra do Açor

Visitar as aldeias que serpenteiam a Serra do Açor abre um portal para o Portugal de antigamente. Aqui descobre um casario em pedra que mostra os costumes de outrora, tradições que se se perpetuam e sabores característicos desta terra. Vamos lá?

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Aldeia das Dez, Benfeita, Fajão, Sobral de São Miguel e Vila Cova de Alva são as cinco aldeias que lhe damos a conhecer. Fazem parte do alargado grupo das Aldeias de Xisto. Vá de peito aberto e de estomago vazio, porque, garantimos, não vai resistir às deliciosas iguarias que se cozinham nestes locais pontuados da serra. Veja imagens na galeria acima.

 

Quer seja pão, migas ou açordas, quer sejam sopas, caldos ou papas, vários peixes ou carnes, os tradicionais enchidos ou os diversos e apetitosos bolos e doces, o património gastronómico das Aldeias do Xisto é mais um aliciante para a descoberta deste território. Como serra que é, o cabrito é a carne predileta. Por aqui se desenvolveram receitas como o cabrito estonado, a chanfana e também o maranho, um enchido preparado com bucho da cabra ou da ovelha recheado com carne de caprino ou ovino, alguns produtos do fumeiro, arroz e uma quantidade apreciável de ervas aromáticas, sobretudo hortelã.

 

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Chegar à Aldeia das Dez é um desafio aos condutores. As estradas de acesso estreitinhas e com curvas despertam um nervosinho miudinho. Posto isto, vai encontrar uma aldeia carismática sobranceira ao rio Alvôco e com vista privilegiada para as serras envolventes. As suas casas são de granito e as suas gentes de grande simpatia. Em termos de património, o destaque vai para a Igreja Matriz, cujo interior está decorado com sumptuosa talha dourada. De referir que  na aldeia moraram muitos entalhadores e douradores, que beneficiaram a sua terra com as suas obras.

 

Nesta região, o prato-rei é o cabrito e ele não falta à mesa dos vários restaurantes. No João Brandão, aqui na Aldeia das Dez, é servido com migas de broa e ervas de molho. Demoradamente confecionado, vale cada curva sinuosa na estrada para lá chegar. Quem não resiste a um bom doce também pode encontrar bolos tradicionais da aldeia, os coscoréis e cavacas confecionadas à moda da Aldeia das Dez. E acompanhe com um licor de medronho, que abunda na região.

 

Partimos para a Benfeita, uma das aldeias brancas desta rota, porque, como o próprio nome diz, o seu casario branqueia a paisagem. Esta é também a única aldeia no Mundo que exalta a paz com uma torre, um sino e um relógio. De salientar também a sua proximidade. Fica próxima da Fraga da Pena, uma queda de água com 19 metros, e da Mata da Margaraça, que é uma das mais importantes florestas caducifólias do País.

 

Nesta aldeia encontram-se também duas ribeiras, a do Carcavão e a da Mata. No recuperado moinho do Figueiral e alambique ainda é possível ver como antigamente se aproveitava a força da água. É obrigatório subir à Fonte das Moscas e apreciar o conjunto de casario branco com as suas ruelas e passadiços característicos, nas quais se destaca a Torre da Paz, de alvenaria de xisto. Vá descobrir porque Torre da Paz toca 1620 badaladas todos os anos no dia 7 de maio.

 

O roteiro leva-nos agora até Fajão, envolvida por uma paisagem verdejante com grandes penedos que fazem as delícias dos escaladores. As suas casas são em xisto e todo o casario conflui de forma sinuosa para o adro da Igreja Matriz. Esta é dedicada a Nª Sr.ª da Assunção e data de 1799. Lá dentro encontramos uma série de imagens religiosas, todas datadas do século XVI. Ainda há duas capelas, modestas, mas pitorescas, que vale a pena visitar.  A Fonte Velha, local de abastecimento de água da povoação, também é um sítio de interesse para visitar. Situa-se abaixo do adro da igreja. E, claro, como património cultural, Fajão tem o museu Monsenhor Nunes Pereira. É do interesse que quem quer aprofundar um pouco o seu conhecimento sobre a história da aldeia, apreciando ao mesmo tempo obras de arte feitas em xisto.

 

A próxima aldeia a visitar é Sobral de São Miguel. A aldeia é vista pelos seus habitantes como o ‘coração do xisto’, porque tem dos maiores aglomerados de edifícios em xisto de Portugal. As casas em xisto são o ex-libris da aldeia, mas há muito mais para ver em Sobral de São Miguel. Desde as suas três pontes, das quais a mais emblemática é a Ponte do Caratão, por onde passava a Rota do Sal, até à Casa Museu João dos Santos, onde se encontram expostas várias peças do antigo quotidiano dos habitantes da aldeia.

 

Como não poderia deixar de ser, Sobral de São Miguel tem o seu próprio património religioso. Disso exemplo é exemplo a Igreja Matriz de Sobral de S. Miguel com uma torre sineira erguida em 1937. A aldeia também tem uma capela em homenagem a Santa Bárbara, mandada erigir pelos mineiros em 1938. Falemos novamente um pouco de gastronomia. Aqui pode provar desde ginja, enchidos, mel e pão de forno a lenha. Tudo tradicional.

 

Vamos terminar a nossa visita na Vila Cova de Alva, que tem um património religioso assinalável. A construção do Convento de Santo António, no início do século XVIII, exerceu grande influência religiosa em toda a freguesia. É a Aldeia de Xisto que possui o maior conjunto monumental, precisamente por uma ordem religiosa aqui ter estabelecido este convento. Caminhe ou descanse pelos espaços públicos da aldeia, casos do Largo da Igreja Matriz e do Pelourinho, onde coabitam dois solares do sec. XVII. Descubra os muitos monumentos religiosos e civis, como o Solar dos Condes da Guarda, o Solar Abreu Mesquita ou ainda a Rua Quinhentista. Por fim, chegue-se à beira do rio Alva que, com a sua praia fluvial, é uma refrescante tentação nos dias quentes e um lugar de tranquilidade nos dias mais frescos.

 

 

 

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