Paula Mouta: «O corpo dá-nos sinais de alerta todos os dias»
Acaba de lançar o livro ‘Crónicas de Bem Viver’, onde sintetiza anos de conhecimento e prática na área da naturopatia. Acredita na capacidade de o ser humano se regenerar e se tratar. Basta ler os sinais que o corpo nos dá. Por trás, estão conceitos como epigenética ou alimentos nutracêuticos.
O que a motivou a escrever este livro?
Este livro é a soma das crónicas escritas ao longo de um ano para três plataformas online Através dele, eu posso levar a cada leitor uma visão mais saudável da vida. Mostrar que nunca é tarde para se mudar. Não existem limites quando queremos mudar algo em nós. Basta apenas começar.
O Luís Osório, que foi quem escreveu o meu prefácio, consegui definir muito bem este livro. “É um livro que acredita numa ideia de felicidade. Que acredita muito na capacidade do ser humano se regenerar. Que acredita ainda mais no talento de cada um para entender o essencial, de se cuidar, de prevenir e de, num certo sentido, se amar…O livro, este livro, é água. E também sede de conhecimento. E por isso é importante.”
Nas suas crónicas fala muito em epigenética. Pode descrever o que significa para a nossa vida?
A epigenética é definida como as modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações, mas que não alteram a sequência do DNA. As influências externas obrigam o nosso metabolismo a gerar mudanças e adaptações para sobrevivermos, algo que vem desde que o homem é reconhecido como humano na pré-história. A estas mudanças chamamos fatores epigenéticos. Por isso afirmo sempre que a saúde é um estado de consciência, social, cultural, emocional e pessoal.
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O que isto significa?
Significa que um coletivo de informações molda a nossa forma de estar na vida. Por exemplo, se as nossas crianças na escola primária começarem a ter noções sobre bons hábitos de vida, poderemos reduzir a obesidade, que se tornou já um flagelo público reconhecido pela OMS.
Este é o melhor exemplo de como as influências epigenéticas modificam as novas gerações. Se forem introduzidos nas escolas noções de hábitos regulares de exercício físico, alimentos nutracêuticos, consumidos pelo menos quatro vezes por semana, hábitos de boa leitura e práticas diárias de valores humanos. Essas crianças irão ser adultos mais saudáveis, com uma consciência, social, cultural, emocional e pessoal mais equilibrada.
Se quiser olhar com outra visão mais alargada, pense na saúde dos povos migrantes. Todos aqueles que estamos a receber e com os quais nos misturamos todos os dias. Neles há outra informação genética, que ao mudar de região geográfica irá sofrer uma adaptação a todas as novas informações recebidas no país que os acolhe. E nós também recebemos influências deles, colhemos novos hábitos alimentares, que quer para uns e para outros geram conflitos metabólicos e por vezes desarmonias perigosas, como é o caso do consumo de sushi, para o qual o nosso metabolismo não está preparado. Todas estas mudanças serão visíveis num futuro próximo. Iremos ter outros tipos de doenças.
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E o corpo costuma dar-nos sinais, certo? Comos podemos estar atentos para os conseguir ler e atuar atempadamente na promoção da saúde?
Todos os dias o corpo dá-nos sinais de alerta, tal como o despertador que colocamos para nos acordar pela manhã. Basta estar atento e ouvir…se uma dor, um sintoma persistirem por mais do que três dias, aconselho a dar atenção a esse sinal. Isso significa que algo está em desarmonia e ao fim de sete dias já pode estar instalada a doença.