Parentalidade consciente: o que é?
Atualmente, todos admitimos que os velhos modelos de parentalidade não funcionam, mas ainda não descobrimos a receita mágica para educar. Provavelmente não existe, não fosse o exercício da parentalidade uma das mais difíceis tarefas do ser humano.
Mas o que é isto de parentalidade?
Logo assim que se sabe que há um bebé a caminho, os pais começam a definir em função da educação que receberam, das suas próprias convicções, o estilo parental. Surgem as expressões, “Nunca farei isto ao meu filho” e/ou “É isto mesmo que vou fazer quando ele crescer”. Um momento nem sempre fácil, mas desafiante, pois este projeto parental, que será negociado pelo casal, terá pontos-chave comuns aos dois progenitores.
A parentalidade é assim, o conjunto dos comportamentos, pensamentos e emoções que os pais dirigem aos seus filhos, sob a forma de disponibilidade física, afetiva e sensibilidade face à criança e às suas necessidades, com vista à promoção do seu bem-estar e desenvolvimento físico, psicológico e social. Visam facilitar a socialização da criança, reduzindo comportamentos que consideram indesejados e promovendo os comportamentos considerados adequados.
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O estilo parental tem consequências diversas ao nível do desenvolvimento físico e emocional da criança pelo que é fundamental imperar sempre o bom senso. E é neste contexto que surge o termo Parentalidade Consciente.
Esta perspetiva surge como uma nova forma de educar, mais alinhada com aquilo que são os valores dos pais. Implica, tornar-se mais consciente, confiando mais nos seus instintos e menos nas opiniões dos outros. Ser capaz de se colocar no lugar da criança e perceber melhor as suas necessidades, bem como reconhecer as suas enquanto pai. É simplesmente ver, no seu papel parental, uma oportunidade de autoconhecimento e crescimento, promovendo a cooperação com os filhos.
Ao praticar a Parentalidade Consciente, vai conseguir responder de forma mais eficaz e eficiente a perguntas como: “O que se está a passar com o meu filho neste momento?”, “O que é que o meu filho necessita?”, “O que é que eu estou a sentir?”. A Parentalidade Consciente possibilita desta forma um autoconhecimento dos pais, possibilitando uma melhor versão deles próprios.
Assenta em quatro valores base que acredita serem os alicerces da vida em família:
Valor Igual – Os seus desejos, as suas opiniões, as suas necessidades e as suas emoções são respeitadas exatamente da mesma forma que as do seu filho.
Autenticidade – É honrar e exprimir aquilo que somos em qualquer situação.
Respeito pela integridade – Refere-se a limites e a necessidades físicas e psicológicas. Vai permitir distinguir desejos de necessidades centrais e limites pessoais.
Responsabilidade pessoal – É assumir a responsabilidade pela sua vida, ações e escolhas, e deixar que o seu filho assuma responsabilidades adequadas à sua faixa etária.
Mas na Parentalidade Consciente as crianças podem fazer tudo o que querem?
Obviamente que não, existem limites. Limites gerais, os normalmente estabelecidos pela sociedade, e limites pessoais. Os limites pessoais são a escolha individual de cada um e deverão ser comunicados de uma forma autêntica, respeitadora e construtiva, para que a criança se desenvolva de forma harmoniosa.
E castigos existem?
Não existem castigos, mas sim consequências naturais do comportamento. Por exemplo, a Joana está a desenhar na parede da sala. Digo-lhe onde é que ela pode escrever, por exemplo no caderno e dou-lhe um pano para ela limpar a parede da sala. Limpar o que sujou é uma consequência natural da sua ação e vai permitir uma aprendizagem direta, tendo em conta a ação que estava a praticar.
Acabam-se os conflitos?
Não. As situações de conflito vão continuar a existir, só que passarão a ser vistas como oportunidades de crescimento conjunto. O que vai mudar é a forma como os pais lidam com elas.
Com a Parentalidade Consciente o meu filho vai passar a obedecer-me?
Não. A Parentalidade Consciente não se baseia no controlo, na obediência nem no “portar bem”. Tem o seu foco na promoção da responsabilidade, possibilitando à criança fazer escolhas de acordo com as suas experiências, apoiando-a e fortalecendo a sua autoestima.
Preparados para a viagem mais autêntica e da vossa vida? Se a resposta é positiva, bem-vindos a bordo, coloquem na mala a cooperação, conexão e comunicação. No final, o vosso filho com autonomia, responsabilidade e autoestima fortalecidas e a concretização da sua maior oportunidade de crescimento e mudança.