ONU: 25% das mulheres a partir dos 15 anos são vítimas de violência de género
Novos dados da Organização Mundial de Saúde indicam que as agressões estão a ocorrer cada vez mais cedo. No mundo, um terço das mulheres já sofreu violência física ou sexual perpetrada pelo parceiro ou alguém próximo.

A violência contra meninas e mulheres está a ocorrer cada vez mais cedo, com 25% das mulheres a partir dos de 15 a serem vítimas de violência de género, assinala um novo estudo da Organização Mundial da Saúde.
O relatório “Estimativas Globais, Regionais e Nacionais sobre Violência de Parceiros Próximos a Mulheres e Estimativas Globais e Regionais de Violência Sexual advinda de Não-Parceiros” assinala também que, ao longo da vida, 1 em cada 3 mulheres, cerca de 736 milhões, é submetida a violência física ou sexual por um parceiro íntimo ou a violência sexual por um não parceiro, número este que permaneceu praticamente inalterado na última década.
«A violência contra as mulheres é endémica em todos os países e culturas, causando danos a milhões de mulheres e às suas famílias, tendo sido agravada pela pandemia da COVID-19», diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. «Mas, ao contrário da COVID-19, a violência contra as mulheres não pode ser interrompida com uma vacina. Só podemos lutar contra isso com esforços sustentados e enraizados – por governos, comunidades e indivíduos – para mudar atitudes prejudiciais, melhorar o acesso a oportunidades e serviços para mulheres e meninas e promover relacionamentos saudáveis e respeito mútuo».
A violência praticada pelo parceiro íntimo é de longe a forma de violência mais prevalente contra as mulheres em todo o mundo (afetando cerca de 641 milhões). No entanto, 6% das mulheres em todo o mundo relatam ter sido abusadas sexualmente por alguém que não seja seu marido ou parceiro.
O relatório, apresentado a 9 de março, mostra dados do maior estudo já feito sobre a prevalência da violência contra as mulheres, realizado pela OMS em nome de um grupo de trabalho especial das Nações Unidas. Com base em dados de 2000 a 2018, atualiza estimativas anteriores divulgadas em 2013.
Embora os números revelem taxas já alarmantes de violência contra mulheres e meninas, eles não refletem o impacto contínuo da pandemia COVID-19, que aumentou ainda mais a exposição das mulheres à violência, como resultado dos bloqueios e interrupções de serviços de apoio vital.
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«É profundamente perturbador que esta violência generalizada por homens contra mulheres não apenas persista inalterada, mas seja pior para as mulheres jovens de 15 a 24 anos que também podem ser mães jovens. E essa era a situação antes da pandemia. Sabemos que os múltiplos impactos da COVID-19 desencadearam uma “pandemia sombria” de aumento da violência relatada de todos os tipos contra mulheres e meninas», disse a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka. «Cada governo deve tomar medidas fortes e proativas para lidar com isto», acrescentou.
Embora muitos países tenham visto um aumento nas denúncias de violência por parceiro íntimo para linhas de apoio, polícia, profissionais de saúde, professores e outros prestadores de serviços durante os bloqueios, o impacto total da pandemia na prevalência só será estabelecido quando as pesquisas forem retomadas, observa o relatório.