Obesidade e hipertensão: quanto mais exposição à natureza melhor para a saúde
Que os espaços verdes fazem bem à saúde já não é novidade, mas dois estudos apertaram o cerco e verificaram que as taxas de obesidade em adultos e a hipertensão em crianças são mesmo mais baixas na população que vive rodeada de zonas verdes.
Dois estudos separados analisaram os efeitos que a vegetação tem sobre a nossa saúde, descobrindo que quanto mais verde for o ambiente melhor é para a saúde, nomeadamente em termos de hipertensão e obesidade.
A equipa de pesquisa internacional analisou, por um lado, se o espaço verde ao redor das escolas, como uma área de relvado ou de árvores, estava associado à menor pressão arterial em crianças e, por outro, se havia uma ligação entre o verde da comunidade e obesidade em adultos que vivem em áreas urbanas.
Os professores Michael Bloom e Shao Lin, da Universidade de Ciência da Saúde Ambiental de Albany, EUA, que trabalharam nos dois estudos liderados por Guanghui Dong, da Universidade Sun Yat-sen, China, explicam que, enquanto estudos anteriores mostraram que a exposição a espaços verdes pode ajudar a proteger contra resultados negativos para a saúde, poucos estudos consideraram as associações entre espaços verdes nas escolas e pressão arterial em crianças.
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Para o estudo sobre pressão arterial em crianças, a equipa recrutou 9.354 crianças de 62 escolas no nordeste da China. As crianças fizeram um exame físico e um teste de pressão arterial, enquanto os pais enviavam um questionário para apurar informações demográficas e dados sobre exposições ambientais. O verde em torno da escola de cada criança foi medido usando dados de satélite.
Os resultados indicaram que quanto mais espaço verde havia nas proximidades das escolas, consistentemente associado à menor pressão arterial sistólica e menor hipótese de hipertensão em crianças. Os efeitos benéficos do verde foram ainda mais fortes em crianças com excesso de peso e obesidade.
Para o estudo sobre a associação entre o verde da comunidade e a obesidade em adultos que vivem em áreas urbanas, a equipa analisou dados de 24.845 adultos em 33 comunidades urbanas no nordeste da China. Os participantes preencheram um questionário sobre as suas características demográficas, estilo de vida e problemas de saúde diagnosticados, enquanto que as medições de altura, peso e circunferência da cintura foram obtidas durante um exame clínico. O verde da comunidade foi avaliado por dados de satélites.
A análise mostrou que maiores quantidades de espaços verdes numa comunidade estavam associadas a menor índice de massa corporal (IMC) e obesidade. «Em particular, os impactos pareciam ser mais substanciais entre as mulheres, os idosos e os de menor rendimento familiar», escrevem os autores.
Os autores observam que a China fornece um cenário ideal para explorar os efeitos do verde na saúde devido à sua rápida urbanização e aumento dramático nas taxas de obesidade, combinados com um declínio acentuado no espaço verde e maior poluição do ar.
«Embora esses estudos tenham sido realizados na China, é provável que associações semelhantes ocorram noutras partes do mundo, como EUA e outras nações em desenvolvimento», disseram Bloom e Lin, ecom comunicado. «A vegetação parece ser uma ferramenta importante para proteger contra várias condições negativas de saúde», finalizam.
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