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O peso das expectativas

A verdade é que passamos grande parte da vida a tentar corresponder a um guião que, muitas vezes, nem fomos nós que escrevemos.

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Desde cedo, aprendemos a viver sob o peso das expectativas. Crescemos com a ideia de que há um caminho certo a seguir, um conjunto de metas que devemos alcançar para sermos felizes.

 

Dizem-nos que precisamos de ter boas notas, escolher a profissão certa, encontrar o amor-perfeito, casar, ter filhos, ser bem-sucedidos. Mas raramente nos ensinam a perguntar: E se eu quiser algo diferente? E se as minhas escolhas não corresponderem às expectativas dos outros?

 

A verdade é que passamos grande parte da vida a tentar corresponder a um guião que, muitas vezes, nem fomos nós que escrevemos. E quando não conseguimos cumprir essas expectativas – seja porque a vida nos trocou as voltas ou simplesmente porque escolhemos um caminho diferente –, sentimos culpa, frustração e até um certo medo de dececionar. Mas até que ponto as expectativas são nossas? E até que ponto são apenas projeções da sociedade, da família ou até da nossa própria necessidade de validação?

 

As expectativas que nos aprisionam

As expectativas podem ser invisíveis, mas têm um peso real. São elas que nos fazem sentir que estamos sempre a falhar, que nunca somos suficientemente bons, que há sempre algo mais que devíamos ter ou ser.

 

Quantas vezes já ouvimos frases como:

“A esta idade já devias estar casado/a.”

“Já devias ter filhos.”

“Tens tudo para ser feliz, porque não estás?”

“A tua vida parece perfeita, porque reclamas?”

 

Estas pequenas frases, aparentemente inofensivas, carregam uma enorme carga emocional. Fazem-nos sentir que há um padrão a seguir e que, se não o cumprimos, estamos a falhar. Mas será que a felicidade está realmente nas metas que nos impõem?

 

Muitas vezes, as pessoas mais bem-sucedidas, aquelas que parecem ter tudo – o trabalho ideal, a família perfeita, a vida organizada –, são as que mais sentem o peso das expectativas. Porque, quando a realidade não corresponde à idealização, instala-se a frustração. E o pior? Acreditamos que, se não estamos felizes, a culpa é nossa.

 

O impacto nas relações e no amor

Se há área onde as expectativas pesam, é no amor. Desde cedo, somos expostos a histórias de contos de fadas, filmes românticos e ideais de amor perfeito. Criamos a ilusão de que existe uma pessoa certa, uma relação sem falhas, um amor que preenche todos os vazios. Mas a realidade raramente corresponde a esse sonho.

 

Muitas relações terminam não porque falta amor, mas porque há uma luta constante contra a realidade. Esperamos que o outro nos entenda sem que precisemos de dizer uma palavra. Queremos que a pessoa amada seja exatamente como imaginámos, sem erros, sem mudanças. E, quando nos deparamos com as imperfeições, sentimos desilusão.

 

O amor real não é perfeito. Envolve esforço, cedências, crescimento. Mas, acima de tudo, envolve aceitar que a pessoa ao nosso lado não está ali para corresponder a todas as nossas expectativas – e nós também não estamos para corresponder às dela. Quando percebemos isso, libertamo-nos da pressão de viver um amor idealizado e aprendemos a viver um amor verdadeiro.

 

A importância de redefinir as nossas expectativas

Mas se as expectativas fazem parte da vida, como podemos lidar com elas sem que nos aprisionem? A resposta está em aprendermos a distinguir entre o que realmente queremos e o que apenas fomos ensinados a querer.

 

  1. Questionar a origem das nossas expectativas

Antes de nos sentirmos frustrados por não termos alcançado algo, devemos perguntar: Isto é realmente importante para mim ou é algo que me disseram que devia querer? Nem todos querem casar, ter filhos, construir uma carreira tradicional. E está tudo bem nisso.

 

  1. Aceitar a imprevisibilidade da vida

Podemos fazer planos, traçar objetivos, mas a vida tem a sua própria dinâmica. As coisas nem sempre acontecem como esperamos, e isso não significa que falhámos. Significa apenas que estamos a viver.

 

  1. Aceitar a imperfeição – nossa e dos outros

Nenhum de nós é perfeito. Cometermos erros, mudamos de opinião, tomamos decisões que às vezes não fazem sentido. E isso faz parte do processo. Quando aceitamos que a perfeição é uma ilusão, libertamo-nos do peso da autocrítica excessiva.

 

  1. Valorizar o presente em vez de viver para o futuro

Muitas vezes, vivemos focados no que ainda falta, no próximo objetivo, na próxima meta. Mas e o agora? Se passarmos a vida à espera da felicidade que virá quando atingirmos determinada expectativa, corremos o risco de nunca a encontrar.

 

Viver sem o peso das expectativas

No final, a vida torna-se mais leve quando aprendemos a viver sem a obsessão de corresponder a tudo e a todos. Quando percebemos que não precisamos de estar sempre a atingir novos patamares para sermos suficientes.

 

A verdadeira liberdade surge quando nos permitimos viver de acordo com aquilo que realmente faz sentido para nós – e não com aquilo que os outros esperam.

 

E talvez seja essa a maior lição: a felicidade não está em cumprir expectativas, mas em termos a coragem de criar as nossas próprias regras.

 

Vamos a isso?

 

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