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O homem do momento…

Nunca se escreveu tanto, nunca tanto se brincou e nunca tanto se comentou como nos últimos dias acerca deste homem. Provavelmente um dos homens mais caricaturados em Portugal, de personalidade vincada, dotado de um estilo único. Falamos obviamente de Jorge Jesus, o homem que num fim de semana mudou a vida dos brasileiros, no geral, e do Flamengo, em particular.

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Jorge Jesus, o homem de extremos, de tudo ou nada, o homem que se ama ou odeia. Ninguém lhe fica indiferente. Sabe o que quer e conduz a sua equipa a atingir esses objetivos. Focado no processo de treino, na sua tática e estratégia, distingue-se por procurar ser pioneiro em alguns dos comportamentos que podemos observar das suas equipas.

 

Da Amadora a grandes palcos do mundo do futebol valeu-lhe a determinação que lhe permitiu vencer na vida.  “O dono da bola”, como ainda gosta de ser chamado, traz o desporto rei no sangue. O pai, que jogou no Sporting, e o avô, adepto inquestionável do Vitória de Setúbal, transmitiram-lhe desde tenra idade a paixão pelo futebol. Paixão que alimentou ao longo dos anos, quer como jogador, quer como treinador.

 

Dos tempos de infância guarda ainda “as Chicletes”, sua imagem de marca, mas também a incapacidade de esperar. Obstinado, quer os resultados “para ontem”, pressionando as suas equipas para os atingir num curto espaço de tempo.  Autodidata, baseia todo o seu conhecimento na prática.

 

Com um vocabulário inconfundível, com estratégias que não figuram nos livros de liderança e motivação, conduz as suas equipas ao sucesso.  Inteligente, apesar da forma espalhafatosa como vive os treinos e os jogos, e dos palavrões que pautam a sua comunicação, não se impõem só através de estímulos negativos, tenta aproximar-se da sua equipa, estimulando o seu lado mais humano.

 

A linguagem essa nem sempre é técnica e não mede o que diz, doa o que doer, verbaliza o que está a pensar e sentir. Teimoso, por vezes inflexível, é persistente na defesa das suas ideias, revelando pouca empatia aos pontos de vista dos outros. Considera-se um sábio, acha que está correto e nunca deixará de o dizer, pareça bem ou pareça mal. Para Jesus não podem restar dúvidas: no futebol, na equipa, no balneário, quem manda é ele. Os presidentes são, de resto, os únicos interlocutores das suas ideias. No balneário só há uma voz de comando, a dele e o capitão, ou o respeita enquanto líder e percebe quem manda é ele, ou deixa de ser capitão.

 

Conservará sempre a imagem de “miúdo reguila”, ruço como era conhecido, que faz como quer e quando quer, e que muito pouco gosta que lhe imponham regras ou formas de fazer as coisas. Gosta de fazer da sua forma, da maneira que acredita. Nunca foi e duvido que será algum dia um treinador consensual. Coleciona admiradores, bem como antipatizantes, mas nunca perde a sua essência.

 

Vive de forma explosiva cada minuto do jogo, e sem filtro verbaliza o que lhe vai na alma.  Ambicioso não descansa enquanto não conseguir o que almeja. Leva as equipas ao limite tático e técnico, exigindo no amanhã sempre mais do que no ontem. Arrojado, desafia os outros, chegando a limites extremos podendo tornar-se “insuportável”.

 

Está-lhe nos genes a capacidade de, tal como fénix, renascer e voltar ainda melhor, com mais vontade e capacidade. Perante a adversidade encontra sempre forma de ultrapassar e encontrar uma solução que o deixa numa situação melhor da que estava anteriormente.

 

Capacidade de trabalho não a podemos negar, nem vontade, mas…o seu “calcanhar de Aquiles”, “alimentar-se” do carinho dos que o rodeiam. Necessita que falem dele, que o valorizem e o reconheçam.  Precisa sentir-se especial para conseguir revelar o melhor de si. Basicamente centrado nele próprio gere a sua vida focado no sucesso e, quando o atinge, desafia as fronteiras da arrogância.

 

“Acho que sou o melhor treinador do mundo”, confidenciou um dia, numa entrevista ao Jornal Sol. Concordando ou não com a afirmação, não lhe podemos tirar o mérito, afinal os resultados falam por si. O segredo talvez seja não tirar da memória que Jorge Jesus será sempre o “miúdo reguila”, apesar dos seus 65 anos!

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