O aroma terapêutico da canela
Conhecida desde tempos imemoriais pela maravilhosa capacidade de melhorar o aroma de quase qualquer alimento, a canela chegou a ser mais valiosa do que o ouro, numa altura em que este abundava e a caneleira era menos acessível. A canela tornou-se assim numa referência na culinária e obrigatória na nossa cozinha. Mas muito para além do delicioso aroma que proporciona às iguarias, a canela possui, como todas as ervas e especiarias, uma ação terapêutica.

Oriunda do Sri Lanka, Índia, Indonésia, Ceilão e Birmânia, a caneleira é uma árvore de porte médio e é do seu interior que são extraídos pequenos ramos enrolados, que tanto são usados em pau como em pó. O aroma da canela deriva do cinnamaldeído, um óleo essencial encontrado na casca de canela.
Conhecido em sânscrito como twak, em Hindi como dalchini, e em Gujarati como taj, a canela tem uma longa história de uso em remédios caseiros ayurvédicos. Os egípcios usavam-na para perfumar durante o processo de embalsamamento, e foi até mesmo mencionada no Antigo Testamento como um ingrediente no óleo da santa unção. Os árabes trouxeram-na para a Europa, onde ficou igualmente popular, transportaram-na através das rotas terrestres. A canela era particularmente desejada uma vez que pode ser utilizada como um conservante para a carne durante o inverno. Apesar do seu uso generalizado, as origens da canela foram bem guardadas em segredo pelos mercadores árabes, até ao início do século XVI.
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Hoje em dia, geralmente encontram-se dois tipos de canela: a canela de origem Cassia é produzida principalmente na Indonésia e tem o cheiro forte e sabor das duas variedades. Esta variedade mais barata é o que se costuma comprar em supermercados para uso culinário, e contém grandes doses de cumarina composta que produz alguns efeitos colaterais indesejáveis, tais como aumento da frequência cardíaca e problemas no fígado e nos rins. A canela do Ceilão, mais cara, é produzida sobretudo no Sri Lanka, é a que transmite verdadeiros benefícios para a saúde, tem um sabor mais suave, mais doce e é usada para assar e aromatizar bebidas quentes, como café ou chocolate quente.
Muito para além do delicioso aroma que proporciona às iguarias às quais a adicionamos, a canela possui – como todas as ervas e especiarias – uma ação terapêutica, sendo usada regularmente nos tratamentos e na alimentação ayurvédica, por essa mesma razão.
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Caneleira – Cinnamonum Zeylanicum Nees | Canela – Cinnamomum aromaticum
Em termos ayurvédicos, a canela pacifica o Vata e o Kapha, mas pode agravar o dosha de Pitta se tomada em excesso. Tem um rasa doce, pungente e amargo, um virya quente, e tem um vipak picante. É oleosa. Utiliza-se a casca. Pela destilação prolongada de suas folhas obtém-se um óleo avermelhado que funciona como um tónico excelente, quando aplicado com massagens suaves.
Cria o calor interno e tem uma ação de limpeza natural, que é por isso que é um remédio caseiro muito utilizado para gripes e constipações, e auxilia na absorção de outros medicamentos. É uma planta com efeito excitante, diaforética, antiespasmódica, digestiva, antioxidante e aromática; ajuda a prevenir osteoporose, a controlar a pressão sanguínea e a aliviar sintomas da menopausa. Promotora de saúde para tratar resfriados, diabetes, indigestão e colesterol alto.
Indicada no tratamento do escorbuto, de escrófulas (tuberculose ganglionar linfática), digestão difícil e outras afeções do estômago, na leucorreia e febres adinâmicas. Estimula o trabalho do coração e eleva a pressão sanguínea. É usada externamente em fricções para eliminar certos germes que atacam o couro cabeludo. Eficaz para fortalecer e harmonizar o fluxo sanguíneo. Indicada na inapetência, náuseas e vómitos. É diurética e estimulante do sistema nervoso.