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Neofobia: a rejeição de novos sabores

A percepção dos sabores é também fruto de experiências, no entanto, é o resultado de uma série complexa de estímulos que são alterados com a experiência de novos sabores.

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A chamada neofobia é uma característica muito observada em crianças pré-escolares (com idades compreendidas entre 1 e os 6 anos) e significa a relutância em consumir novos alimentos, considerados inicialmente estranhos.

 

Alguns estudos mostram que a rejeição precoce pode ser alterada com a experiência, indicando que muitos dos alimentos que as crianças rejeitam inicialmente poderão acabar por ser aceites, se a criança tiver uma ampla oportunidade de provar o alimento em condições que sejam favoráveis, ou seja, em locais limpos, serenos, com luz, etc.

 

Nesta perspectiva, a rejeição precoce a novos alimentos pode ser considerada como um exercício de adaptação (a uma “nova” realidade). Ao invés de refletir uma falta de colaboração ou negativismo, a rejeição a novos alimentos pela criança pode ser encarada como uma resposta normal e até mesmo, como já foi dito, considerada como uma adaptação.

 

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A neofobia alimentar pode ser reduzida por métodos de aprendizagem na alimentação que permitem que a criança aprenda algumas diferenças entre fome e saciedade, o que são produtos/substâncias comestíveis, os vários sabores dos alimentos e a quantidade de alimentos que deve ser consumida, por exemplo.

 

Como evitar

Estudos científicos que se debruçaram sobre a exposição repetida de novos alimentos a crianças pré-escolares concluiram que não basta apenas ver ou sentir o cheiro/aroma; é necessário que a criança prove o alimento para suscitar uma maior apetência e aceitação do mesmo. Geralmente, esta aceitação sucede após 12 a 15 apresentações do alimento.

 

Estes estudos fizeram-nos deduzir que não se deve desistir de oferecer um alimento a uma criança devido às recusas iniciais. A insistência, ou seja, a exposição repetida pode contribuir para redução da neofobia característica da criança. O hábito de ver um alimento sempre à mesa, e que faz parte da alimentação da família é um fator que favorece a aceitação do mesmo.

 

Nos comportamentos e nas estratégias dos pais, em que uma das funções é de educar, quando se trata de oferecer alimentos, muitas evidências sugerem que os alimentos com baixa palatabilidade mas de elevado valor nutritivo, como os vegetais e os legumes, costumam ser oferecidos num contexto negativo, através de estratégias coercitivas, enquanto que os alimentos de elevada palatabilidade, embora de baixo valor nutricional (como por exemplo doces, chocolates, rebuçados, etc) costumam ser oferecidos num contexto positivo (dias de festas, momentos de lazer, intervalos da escola, como recompensas, etc), potenciando a preferência por estes alimentos.

Educação é fundamental

As estratégias utilizadas pelos pais na alimentação da criança podem influenciar o peso da mesma, podendo levar até a um excessivo aumento de peso. Normalmente, isso deve-se a práticas de indução, como o “encorajamento para comer”.

 

Os resultados de alguns estudos científicos concluiram que as crianças de peso normal recebem, geralmente, mais informações “neutras” sobre os alimentos do que as crianças com excesso de peso. Outros estudos referiram que alguns pais mostram-se mais preocupados com as quantidades ingeridas de alimentos, e não com o desenvolvimento de um comportamento alimentar adequado.

 

A pressão externa exercida pelos pais pode impedir que a criança conheça a sensação de fome e de saciedade, o que acaba por afetar o seu próprio controlo de ingestão alimentar, resultando, assim, em alterações do seu peso corporal.

 

Sugestões que poderão ajudar os pais na formação de bons hábitos alimentares dos seus filhos

  1. Colocar pouca quantidade de comida no prato e garantir uma nova porção de comida quando a criança solicitar. Crianças nestas idades adaptam-se melhor com pequenas porções de alimentos oferecidas várias vezes por dia (6 a 7 refeições).
  2. Manter um bom intervalo entre as refeições, dando tempo para que a criança sinta fome. Pequenos intervalos levam a recusas mais frequentes, o que pode comprometer a aceitação de determinados alimentos.
  3. Evitar dar comida à boca. A criança deve participar ativamente no ato de comer.
  4. Se um alimento é recusado, este deve ser substituído por outro equivalente. Alguns dias depois, deve ser oferecido novamente o alimento recusado.
  5. A criança tende à imitação. Todos os comportamentos de quem prepara e de quem oferece a refeição devem ser positivas e favoráveis para a formação de bons hábitos alimentares.
  6. Não forçar a criança a comer, nem utilizar a refeição como recompensa; estas práticas podem criar resistências difíceis de serem superadas.
  7. Não facilitar o acesso a doces, rebuçados, chocolates e outras guloseimas.
  8. Evitar alimentos gordos, açucarados e excessivamente temperados (exemplo: conservas e produtos de salsicharia e de charcutaria).
  9. A recusa a determinados alimentos/refeições pode advir de outros aspetos que não o sabor, nomeadamente temperatura elevada, cheiro desagradável ou forte, misturas de alimentos, temperos, tipo de corte, tipo de textura, etc.
  10. Algumas causas normais de aumento ou de perda de apetite podem ser diferenças de temperatura ambiental, maior ou menor atividade física, maior ou menor excitação psíquica, digestão mais rápida ou mais lenta da refeição anterior, depressão, determinadas patologias (gripe, hiperatividade,…), etc.
  11. Outras causas prováveis podem ser alimentação monótona, condições desfavoráveis de vida (como a restrição ao ar livre e a falta de exposição solar), carências vitamínicas e minerais, etc.

 

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