Não deixe que o álcool decida por si
Considera-se que há um consumo nocivo de álcool quando o padrão de consumo se traduz em consequências para a saúde, tanto ao nível físico como mental, como sociofamiliar.
O álcool é, de entre as drogas legais, a que mais se consome em Portugal e uma das que mais problemas causa. É um fator de risco importante de várias doenças, entre as quais doenças cardíacas e cerebrais, doenças do fígado (como a cirrose hepática), vários tipos de cancro e infeções. Por outro lado, aumenta a probabilidade de doenças do foro mental, como a ansiedade e depressão. O álcool é ainda responsável pelo aumento dos níveis de criminalidade, violência doméstica, acidentes de viação, acidentes de trabalho, etc.
Os efeitos são mais intensos em menores de 18 anos (porque os seus órgãos estão ainda imaturos e em desenvolvimento), pessoas com pouco peso e pessoas que ingerem grandes quantidades em pouco tempo.
VEJA TAMBÉM: PORTUGUESES CONSOMEM 12 LITROS DE ÁLCOOL POR ANO
COMO RECONHECER O CONSUMO EXCESSIVO?
De modo a facilitar o cálculo, considera-se “UMA UNIDADE DE BEBIDA PADRÃO” uma bebida contém cerca de 10 gr de álcool puro.
Embora as bebidas alcoólicas tenham diferentes graduações, os copos habitualmente mais usados para cada uma das diferentes bebidas têm também diferentes quantidades, acabando por ter quantidades idênticas de álcool. Por exemplo:
– 1 copo de vinho de 100 mL
– 1 cerveja de pressão de 200 mL
correspondem a “uma unidade bebida padrão”, ou seja, têm 10 gramas de álcool puro.
Já 1 bebida destilada / “bebida branca” de 50mL (cocktail, cálice de licor, whisky, rum, etc) equivale a duas bebidas padrão.
No homem entre os 18 e os 64 anos a quantidade máxima diária recomendada são duas bebidas padrão ou 20g de álcool puro. Após os 65 anos, a quantidade máxima diária recomendada reduz-se para uma bebida padrão (10g de álcool) por dia. Na mulher, a quantidade máxima diária recomendada é uma bebida padrão ou 10g de álcool puro em qualquer idade.
O consumo de álcool está contraindicado, em absoluto, nas grávidas, adolescentes, nas pessoas com dependência de álcool e na presença de algumas doenças ou medicação específicas.
Por outro lado, em pessoas que no seu dia-a-dia normal não bebem álcool, o consumo episódico excessivo também é prejudicial e consiste num consumo de risco. Define-se “consumo episódico excessivo”, também designado por “binge drinking”, o consumo de 6 ou mais bebidas padrão no homem (5 no caso da mulher) numa só ocasião, no período de duas horas.
As pessoas com consumo excessivo de álcool episódico apresentam risco aumentado para lesões agudas e acidentes bem como para o desenvolvimento de doenças e outros problemas relacionadas com o consumo ao longo da vida, mesmo que o consumo médio diário não exceda os valores recomendados acima referidos.
Se se reconhece em algum destes níveis de consumo de álcool, saiba que o se enquadra num CONSUMO DE RISCO. Ou seja, o seu padrão de consumo acarreta risco de consequências prejudiciais para a saúde, se o consumo persistir, mesmo que ainda não tenha manifestações evidentes.
E QUANDO O ÁLCOOL JÁ É UMA DOENÇA?
Considera-se que há um consumo nocivo de álcool quando o padrão de consumo já se traduz em consequências para a saúde, tanto ao nível físico (por exemplo, cirrose hepática) como mental (por exemplo, depressão) ou como sociofamiliar (por exemplo, acidentes laborais ou violência doméstica).
A dependência alcoólica instala-se quando o uso do álcool para uma determinada pessoa se torna prioritário em relação a outros comportamentos que antes tinham mais importância. Desenvolve-se um desejo, “compulsão forte” (muito difícil de controlar) para consumir álcool. A abstinência do mesmo leva a sintomas desagradáveis e mal-estar (náuseas, vómitos, tremor, nervosismo) que leva a que a pessoa tenha que voltar a beber, perpetuando o ciclo.
Neste caso, estamos perante a doença a que se chama “alcoolismo”. A pessoa perde o controlo para beber e terá que beber cada vez mais para sentir os efeitos do álcool. Nesta situação, pode produzir-se uma “ressaca” ou “síndrome de abstinência” quando não se pode beber por qualquer motivo (uma viagem, um acidente ou por doença).
O QUE DEVE FAZER?
Álcool, quanto menos, melhor. Procure beber o menos possível, nunca mais de 2 bebidas por dia.
Não consuma álcool, de todo, se tem menos de 18 anos, se está grávida, se conduz veículos ou trabalha com máquinas, se está a tomar medicamentos ou se tem doenças como diabetes ou hepatite.
Se habitualmente bebe mais de 2 bebidas padrão por dia ou se tem consumos episódicos excessivos de álcool, há coisas que pode fazer para beber menos:
– Não beba bebidas alcoólicas para “matar a sede”.
– Quando antecipa que vai beber álcool socialmente, imponha um limite de bebida antes de sair de casa.
– Não concentre num só dia ou no fim de semana o que beberia em toda a semana.
– Alterne bebidas alcoólicas com água, chá ou sumos.
– Não beba mais de um copo de vinho ou cerveja a cada refeição.
– Beba devagar!
– Opte por não beber fora das refeições ou em casa.
— partilhe com os seus familiares e amigos a sua preocupação e a decisão de ingerir menos álcool e peça a ajuda deles para atingir o seu objetivo.
SINAIS DE ALARME:
– Se o álcool se transformou numa preocupação na sua vida como comer ou dormir, e não consegue deixá-lo.
– Se bebe acima do limite recomendado.
– Se se sente incomodado com as críticas das pessoas que o rodeiam sobre a sua forma de beber.
– Se necessita de beber de manhã.
– Se sente dores de estômago com frequência, se lhe incham os pés, se tem obstipação ou se está a perder peso.
Consulte o seu médico de família e partilhe a sua preocupação. Não deixe que o álcool decida a sua vida por si!