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Mudar o nome ou não mudar o nome?

Há cada vez menos mulheres a adotar o nome do marido após o casamento, optando por manter o seu apelido de solteira. Os últimos dados indicam que esta percentagem já está acima dos 60 por cento.

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Deve a mulher mudar ou não o nome de solteira após o casamento? Esta é uma das questões que o casal deve debater antes da oficialização da relação. Por tradição, na sociedade portuguesa, as mulheres adotam o nome de família do marido, mantendo também o seu sobrenome. No entanto, na última década tem vindo a verificar-se uma diminuição da taxa de mulheres que o fazem.

 

Lídia Branco, advogada, explica as razões para este fenómeno social: “Em primeiro lugar, as mulheres (e os homens) casam cada vez mais tarde e, quando casam, muitas vezes já têm uma carreira profissional bastante estável e definida e já são reconhecidas no seu meio profissional pelo seu nome, pelo que, para não perderem a sua identidade, optam por não alterar o seu nome. Em segundo lugar, a adoção do nome do marido é ainda vista como um sinal de subordinação da mulher ao homem, sinal da sociedade ainda bastante masculinizada em que vivemos, havendo tendência para a mulher se libertar dessas regras.”

 

Sílvia oficializou a relação de seis anos com o seu namorado este verão, mas não quis deixar de ser Pereira: “Sempre defendi que, mesmo casada, manteria o meu apelido. Na minha perspetiva é algo retrógrado, parece-me uma forma de submissão, acho que não faz sentido. O facto de estarmos casados não significa que tenhamos que ter o mesmo nome.”

 

Veja a galeria: Mudar de nome após o casamento: história e exemplos

 

Também Joana Guedes Pinto defende a mesma posição: “Não é o adotar do nome que nos faz mais ou menos casados, nem torna um casamento mais ou menos feliz.” A jornalista, que casou há três anos após 12 de relação, não esquece o lado prático da decisão: “Já tenho um nome na minha carteira profissional e ia ter que mudar os documentos todos. Mas não foi essa a razão. Se ambos quiséssemos ou se um de nós fizesse questão, talvez o tivéssemos feito.”

 

Apesar dos exemplos apresentados, Lídia Branco explica que “na maioria dos casos a regra ainda é a mulher adotar o nome do marido”. A favor da tradição, algumas mulheres não querem quebrar “essa linha geracional”.

 

O sociólogo João Pombeiro da Silva explica que este costume dificilmente desaparecerá por completo: “Algumas mulheres continuam a associar simbolismo de união, amor e completude ao fato de adotarem o nome do seu companheiro.” No entanto, a adoção deixará de ser a regra para, com o tempo, se tornar a exceção: “A adoção do apelido do cônjuge é cada vez mais uma questão de escolha mais consciente e liberta da norma social.”

 

A reafirmação da independência e identidade social da mulher parece estar na base da decisão. Patrícia Pinto, 30 anos, casada há quatro, explica: “O meu último nome vem da família do meu pai. Além disso, a minha identidade desenvolveu-se ao longo da minha vida com este nome. Ao casar não pretendi mudar de identidade, e mudar de nome soava-me a isso.”

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