Moda digital pode tornar a indústria mais sustentável
À medida que as roupas virtuais se tornam mais acessíveis, a moda pode tornar-se numa indústria mais sustentável, permitindo que as pessoas explorem o seu estilo sem precisar de comprar tantas peças físicas. Os avatares personalizados nos videojogos podem ter aqui um papel fundamental.

Com a emergência do Metaverso, os constrangimentos causados pela pandemia da COVID-19 e as crescentes preocupações decorrentes das alterações climáticas, a moda está a passar também para o mundo virtual.
Os designers de moda estão a começar a recorrer às plataformas digitais para lançar as suas peças. A Louis Vuitton, por exemplo, projetou um conjunto de skins para o videojogo ‘League of Legends’. À medida que as roupas virtuais se tornam mais acessíveis para o consumidor, a moda pode tornar-se numa indústria mais sustentável, permitindo que as pessoas explorem o seu estilo sem precisar de comprar tantas peças físicas.
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Apesar de as marcas estarem a incorporar “políticas verdes” para reduzirem os danos da sua operação no ambiente, a natureza acelerada da indústria da moda faz com que seja um dos maiores setores de poluição. No entanto, a rápida digitalização do mundo precipitada pela pandemia abriu o caminho para roupas virtuais. Desta forma, é possível a uma das indústrias mais poluentes do planeta minimizar as emissões de carbono, o recurso à água na produção e reduzir os resíduos têxteis.
O potencial das roupas virtuais
As marcas começam a desenhar os rascunhos iniciais virtualmente, apenas elaborando fisicamente as roupas finalmente definidas pelo design. “À medida que os itens saem de moda e surgem novas tendências, cria-se um ciclo de danos ambientais. Itens antigos acabam em aterros sanitários, enquanto que a criação de novos emitem enormes quantidades de CO2 e esgotam os recursos hídricos. Os videojogos aliviam esse fardo, pois peças não usadas podem simplesmente ser excluídas e substituídas por outros itens com impacto substancialmente menor”, observa Victoria Trofimova, CEO da Nordcurrent, uma empresa de desenvolvimento de jogos.
Embora não sejam totalmente livres de impacto, os itens de vestuário digital economizam cerca de 3.300 litros e produzem 97% menos emissões de carbono por item, em comparação com os seus equivalentes físicos, indica esta empresa em comunicado. Ao satisfazer a necessidade de se engajar com as novas tendências, os consumidores provavelmente estarão mais atentos ao comprar peças físicas, reduzindo danos a longo prazo.
Roupas virtuais ganham popularidade
“Itens de vestuário da vida real estão cada vez mais a chegar às plataformas digitais. Com casas de designers famosos juntarem-se à tendência, os guarda-roupas virtuais estão a tornar-se mais parecidos com os da vida real”, observa Trofimova. “Os utilizadores podem explorar tendências, estilos e marcas sem precisar de comprar peças físicas e, assim, reduzir o impacto ambiental da indústria da moda”, continua.
A tendência é significativamente apoiada pelos videojogos, pois a personalização de personagens torna-se parte integrante de uma experiência imersiva. Os jogos permitem que o jogador personalize totalmente o visual do seu avatar com diferentes roupas e acessórios que podem ser encontrados em lojas reais.
“As pessoas podem expressar-se, transferindo os seus gostos e preferências particulares para a versão virtual de si mesmos. Os jogadores podem levar o seu tempo para desenvolver um senso de estilo pessoal, o que é difícil de alcançar na vida real, pois as tendências mudam e são eliminadas rapidamente das lojas”, explica Trofimova.