Home»FOTOS»Mergulhos: homens abaixo dos 30 correm mais riscos de lesões cervicais

Mergulhos: homens abaixo dos 30 correm mais riscos de lesões cervicais

Médico ortopedista deixa recomendações que podem salvar a vida em caso de acidente e indica também algumas medidas de prevenção para umas férias mais seguras.

Pinterest Google+
PUB

Homem, idade inferior a 30 anos, verão e álcool – um estudo recente do Centro Norte-americano de Biotecnologia vem revelar que esta é uma combinação explosiva no aparecimento de lesões cervicais. «São dados que surgem com uma recorrência sistemática em vários estudos e publicações: os jovens adultos do sexo masculino são tipicamente o grupo que mais riscos corre no verão em atividades aquáticas e por isso também os mais expostos a desenvolverem problemas ortopédicos ou neurológicos em resultado dessa negligência», começa por explicar o médico ortopedista Luís Teixeira.

 

Os números traduzem uma realidade que é visível da prática diária do presidente da Associação sem fins lucrativos “Spine Matters”. «Os acidentes com mergulhos são a quarta maior causa de lesões medulares, e os vários estudos são coincidentes, entre 75% a 95% dos casos relatados ocorrem em homens entre os 15 e os 30 anos. Falamos de ocorrências que podem resultar em lesões como luxações e fraturas da coluna vertebral, traumatismos cranianos ou tetraplegia com incapacidade permanente. É importante consciencializarmos toda a gente destes números, porque na esmagadora maioria dos casos resultam pura e simplesmente de riscos desmedidos, brincadeiras que correram mal, gestos irrefletidos ou de alguma irresponsabilidade. E aquilo que é importante que as pessoas reflitam é: não vale a pena; os riscos são simplesmente grandes de mais.»

 

VEJA TAMBÉM: ESCRITÓRIO: ESTRATÉGIAS PARA EVITAR DORES NA COLUNA

 

Os homens, são mais suscetíveis a este tipo de lesões devido sua natureza para adotarem comportamentos de risco em atividades físicas.  «A estrutura biomecânica da coluna cervical é naturalmente mais vulnerável ao trauma relativamente a outras regiões da coluna vertebral. Se pensarmos que o homem médio pesa normalmente 80kg e chega a atingir os 15km/h na execução do mergulho, a força exercida sobre esta estrutura sensível é simplesmente insustentável. A maioria das fraturas ocorre precisamente entre a 5ª e a 7ª vertebras cervicais, no entanto, em função da velocidade e profundidade pode atingir outros segmentos com consequências ainda mais gravosas», adianta o médico, especialista em patologia da coluna vertebral, que há vários anos alerta para os riscos que a época balnear pode representar para a coluna dos portugueses, baseado em dados publicados na revista de Cirurgia Ortopédica e Traumatologica Francesa em 2013.

 

Nesta altura em que as temperaturas sobem e os portugueses começam a ir a banhos, há outro número importante a reter: 90% destes acidentes acontecem entre junho e setembro, e se um terço deles acontece em praias, são também extremamente frequentes os acidentes em piscinas, lagos, ribeiras ou barragens.

 

VEJA TAMBÉM: A POSTURA SMS E OS EFEITOS NA COLUNA (SEGUNDO UMA OSTEOPATA)

 

«Nove em cada 10 acidentes acontecem num local com profundidade inferior a 1 metro e meio, revelando-se que na maior parte dos casos a vítima conhecia mal as características do local onde estava a fazer os mergulhos», explica Luís Teixeira. «Ora em sítios de baixa profundidade é precisamente onde há maior probabilidade de desenvolver lesões. O tipo de danos depende de vários fatores: da posição da cabeça e da coluna vertebral no momento do impacto, do peso do indivíduo, da velocidade e da trajetória do mergulho, etc. Mas o processo traumático é quase sempre o mesmo – movimentos extremos de hiperextensão ou hiperflexão, associados a forças compressivas que não são distribuídas de forma homogénea podendo desencadear lesões vertebro-medulares de enorme gravidade. Mas tudo isto é aumentado pelo tipo de comportamentos que se têm antes mesmo de entrar na água. Em 40% a 50% dos casos, a vítima tinha consumido álcool ou drogas antes do acidente, sendo que 16% dos acidentes ocorrem durante a noite, onde as condições de visibilidade são ainda mais reduzidas. Isto demonstra que muitas pessoas não estão cientes da seriedade do tipo de lesões que podem resultar de brincadeiras muitas vezes inocentes, mas que podem ter um fim trágico», acrescenta o médico.

 

Por isso, e no sentido de contribuir para a redução destas estatísticas alarmantes, o especialista deixa aos portugueses um conjunto de conselhos que «pretendem ajudar a gerir os riscos e assegurar que as férias de verão são verdadeiramente uma época de alegria e repouso, e que não ficam marcadas pelas consequências de gestos irrefletidos». Conheça-os na galeria no início do artigo.

 

VEJA TAMBÉM: PEDRO FIGUEIRA: «OS PROBLEMAS DE COLUNA SÃO A SEGUNDA RAZÃO DE VISITAS AO MÉDICO»

 

Entretanto, saiba como deve reagir se assistir a um acidente de mergulho:

– Chame de imediato o 112. No caso de se encontrar numa praia, chame de imediato o nadador-salvador pois terá mais competências e formação para saber reagir à situação.

– Caso presencie um acidente é importante não mexer na vítima, pois sem os cuidados adequados pode haver uma lesão ainda maior. Nesse caso, certifique-se de que a pessoa está a respirar e aguarde um resgate especializado.
– Coloque a vítima de barriga para cima para que possa respirar, tentando imobilizar a cabeça em linha com o tronco. Mantenha sempre a cabeça e pescoço alinhados com a coluna vertebral, numa posição estável, e não faça nenhum movimento brusco.

 

Artigo anterior

Noites mal dormidas dão mais fome

Próximo artigo

O que fazer quando termina uma relação