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Menopausa, um terço da vida da mulher

Em Portugal, a esperança média de vida para a mulher é de 82 anos e a média de idade em que se verifica a menopausa tem permanecido constante: à volta dos 49-50 anos. O ginecologista José Cunha explica esta realidade que ocupa boa parte da vida da mulher.

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Nas últimas décadas, as evoluções na área da saúde e da prevenção da doença têm trazido um incremento na esperança de vida, bem para além do termino da idade fértil da mulher. Assim, a grande maioria delas vai viver mais de um terço da sua vida, para além da menopausa.

 

Por outro lado, tem-se assistido ao longo do tempo a uma alteração acentuada nos estilos de vida nos países industrializados, com uso sistemático dos transportes motorizados, uma redução sucessiva do trabalho manual, o aumento do consumo de tabaco, álcool e café, alterações na alimentação tradicional e utilização de dietas cada vez mais pobres em leite, circunstâncias que têm levado a uma diminuição contínua do desenvolvimento músculo-esquelético e à fragilização dos ossos (osteoporose) sobretudo da mulher.

 

VEJA TAMBÉM: EFEITOS DA MENOPAUSA, UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

 

Atualmente, em Portugal, a esperança média de vida para a mulher é de 82 anos, a percentagem da população com mais de 65 anos ronda os 17-18 % e as mulheres representam 60% deste grupo. Todavia, a média de idade em que se verifica a menopausa tem permanecido constante à volta dos 49-50 anos.

 

Estes dados dão-nos uma ideia da dimensão social das repercussões patológicas da carência dos estrogénios (que ocorre na menopausa) com ênfase para a osteoporose e doenças cardiovasculares. Estes problemas, até ao início do século XX, não tinham relevância na comunidade visto que a maior parte das mulheres falecia antes de chegar à menopausa. Pelo contrário, no nosso tempo, o impacto clínico e social da menopausa é um dos preponderantes problemas de saúde pública.

 

O que é a menopausa?

A menopausa é, em rigor, a data da última menstruação, como manifestação da falência da função ovárica. Por razões ainda desconhecidas, o ovário vai gastar ou perder a maioria dos seus folículos (no início na vida intrauterina são cerca de 6 milhões) até à altura da menarca (data da 1º menstruação), período onde restam apenas 300 mil folículos, que durante a vida reprodutiva da mulher se vão consumindo ciclo após ciclo até se extinguirem, entre os 45 e os 52 anos.

 

O primeiro sinal da diminuição considerável do capital folicular dos ovários é o surgimento de irregularidades menstruais. Inicialmente os ciclos ficam mais curtos, conservando alguma regularidade, mas posteriormente tornam-se irregulares. Neste período, estão associados a alterações vasomotoras (afrontamentos, calores e sudorese noturna). A ausência da menstruação (amenorreia) permanente manifesta-se após algum tempo como sintoma inequívoco do esgotamento do capital folicular ovárico.

 

 

 

É útil o esclarecimento de alguns conceitos que distinguem esta fase da vida da mulher:

Pré-menopausa – é o período de ± 5 anos que antecede a menopausa, em que surgem ciclos anovulatórios (sem ovulação) com insuficiente produção de progesterona, ciclos que se tornam irregulares, inicialmente mais curtos e depois mais longos. Por vezes, ocorrem afrontamentos ligeiros.

Menopausa   interrupção definitiva das menstruações.

Pós-menopausa – período da vida da mulher que se desenrola desde a ausência definitiva da menstruação até ao falecimento.

Perimenopausa – período que vai desde o início da pré-menopausa até um ano após a data da última menstruação.

Menopausa espontânea – Na população portuguesa, ocorre em média por volta dos 48-49 anos de idade.

Menopausa precoce – quando surge antes dos 45 anos (40 anos segundo alguns autores).

Menopausa tardia – quando ocorre depois dos 53 anos.

Menopausa artificial – quando resulta da remoção cirúrgica dos ovários ou do efeito iatrogénico de quimioterapia ou radioterapia. Neste tipo de situações, existe uma falência abrupta e completa da função ovárica que tem repercussões imediatas e intensas.

 

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