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Marca Pessoal: reinventemo-nos no caminho

Que levante a mão quem nunca fez uma pesquisa do seu nome no Google. Alguém? Não, pois não! E o que encontraram corresponde, mesmo, àquilo que são?

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Com o crescimento das redes sociais e a globalização, é cada vez mais importante gerir, de forma atenta, a nossa marca pessoal. E não apenas para conseguirmos um novo emprego. Também para sermos promovidos ou reconhecidos como especialista dentro da nossa área.

 

O poeta Henry Longfellow disse, no seu romance de 1849 “Kavanagh”, “Julgamo-nos pelo que nos sentimos capazes de fazer, enquanto os outros nos julgam pelo que já fizemos.”. Se era verdade em 1849, não o deixou de ser em 2021.

 

Hoje a nossa reputação não se confina às cartas de recomendação. Ela vai até ao que publicamos (ou comentamos) nas nossas redes pessoais, seja no LinkedIn, no Facebook ou num blog. Percebe-se, então, porque não basta ter um CV impecável como estratégia de marketing para a nossa marca pessoal.

 

As pessoas reinventam-se a todo o momento, seja para aceitar um novo desafio, seja para mudar para um emprego com mais sentido ou para adquirir conhecimentos em áreas que dominam menos.

 

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Dou-vos o meu exemplo. Fã da química sempre achei que seria farmacêutica. O destino trocou-me as voltas e fui parar à química alimentar. Adorei a bioquímica e a alquimia de combinar novos sabores e aromas. Nesse processo, descobri algumas lacunas da indústria e, no auge dos meus trinta anos, achei que podia fazer a diferença. Contribuir com o conhecimento técnico para fazer crescer a relação comercial. Nada melhor que o marketing para responder a essa necessidade.

 

Um MBA e 10 anos depois confirma-se. Estou no marketing, longe da química de origem, onde sinto que faz sentido estar. Se o rebrand é fácil? Não, longe disso. Temos de trabalhar muito mais, investir muito mais energia para mostrar que somos a pessoa certa para o lugar e ganhar a credibilidade necessária para o assumir sabendo que, haverá sempre quem desconfie.

 

O que podemos fazer então? Devemos autopromover-nos*! E isso, para ser bem feito, não é assim tão difícil.

 

Como gerir a nossa marca

Com algum trabalho, podemos gerir a nossa marca pessoal. Ela tem a ver com quem somos e pelo que desejamos ser conhecidos (e reconhecidos). Como qualquer outra marca, a marca pessoal exige um plano de marketing bem definido e controlado. Partilho alguns pontos que devem ser trabalhados na construção da nossa marca pessoal:

  • Definir um mantra de marca, uma narrativa, que seja uma declaração rápida, simples e memorável que descreve quem somos e o que temos para oferecer. Para esta etapa do plano de marketing é importante conhecermo-nos! Nada melhor que fazer um mapa de inteligência emocional, pedir feedback a quem nos conhece bem, sobre como nos vê, sobre os nossos pontos fortes e fracos. O mantra deve responder às seguintes questões: Que palavras os outros usam para me descrever? Quem é o meu público-alvo? O que faço para me destacar de todos os outros? Como é que o meu passado cabe no meu presente?

 

  • Promover os nossos pontos de diferença respondendo à questão “qual é a minha unique selling proposition”? Aquilo que nos distingue dos demais será também a nossa vantagem competitiva. Devemos, portanto, tirar partido dela e promovê-la.

 

  • Conhecendo os nossos valores e com uma visão clara do tipo de reputação que queremos construir, podemos definir a imagem e o tom de voz certos para a nossa marca.

 

  • Descrever o que fazemos e quem somos, em duas ou três frases, que resumam o nosso currículo. É importante manter o mesmo tom de comunicação em todos os suportes e, mais importante ainda é ser verdadeiro, honesto e modesto (não adianta criar uma personagem que não corresponde à realidade pois, mais cedo ou mais tarde, alguém vai descobrir).

 

  • Escolher o nome pelo qual queremos ser conhecidos. Parece básico, e até é, mas pensemos por exemplo, quantas ‘Ana Silva’ existem (eu sei, ‘Ana’ e ‘Silva’, dois dos nomes mais comuns em Portugal)? Quantas dessas exercem na área do marketing? Há uns anos optei por escolher, como nome profissional, o nome de Ana Pinho e é esse que tenho usado e divulgado em todas as plataformas. Não tenciono ser única, mas, é importante que ele seja associado a quem sou.

 

  • Eleger uma boa foto em todos os suportes (Linkedin, Whatsapp, Instagram, etc.). Porque não aproveitar e fazer uma sessão fotográfica? Não só vai melhorar a nossa autoestima como nos vai permitir divertirmo-nos durante umas horas e no fim, ter uma bela imagem de nós para partilhar. A fotografia vai garantir que os nossos interlocutores nos reconhecem quando nos virem. Mas atenção, não basta ter uma foto toda profissional no digital. Temos de cuidar a nossa imagem quando estivermos a representar a nossa marca pois “não há segundas oportunidades para criar uma primeira boa impressão”.

 

  • Aparecer! Quem não é visto não é lembrado. Colocar a nossa marca no máximo de sítios possível, dentro da nossa especialidade, aumenta a probabilidade de sermos notados. Importa, portanto, selecionar bem os canais e os grupos em que temos mais probabilidades de ser vistos. Participar nos eventos e oportunidades em que as marcas que seguimos participam e promovem. Construir uma presença online sólida, uma boa rede de contactos e uma estratégia offline forte para garantir o acesso a novas oportunidades e, no limite, o sucesso.

 

  • Aprender sempre mais um pouco. Há sempre coisas novas para aprender e devemos esforçar-nos para evitar ficar para trás.

 

  • Celebrar Um dos erros de muitos profissionais é não assumir crédito por aquilo que faz. Assim, sempre que alcançarmos um resultado positivo, devemos celebrá-lo e dar-lhe destaque (de forma natural, sem esquecer as equipas envolvidas).

 

  • Atualizar os dados sempre que necessário. Mais uma vez, como em qualquer outra marca, só podemos comunicar a uma voz, pelo que é importante não esquecer de atualizar a marca em todos os sítios. É preciso gastar tempo a construir um perfil com as informações mais relevantes sobre nós e o nosso trabalho.

 

Importa assim trabalhar a notoriedade da nossa marca pessoal e gerar envolvimento com ela. No limite, queremos para a nossa marca pessoal aquilo que todos os gestores de marca ambicionam, ser uma love brand!

 

A notoriedade conseguimos cumprindo os pontos anteriores, mas o envolvimento é mais complicado pois é um “work in progress” que tem de ser trabalhado em cada interação da marca com o seu público-alvo. O envolvimento consegue-se com bom conteúdo, divulgação, diálogo (uma boa regra é responder a todos os comentários e partilhar (trabalhe bem a sua network)).

 

Adoro o exemplo dado por Karen Kang, autora do livro BrandingPays: The Five-Step System to Reinvent Your Personal Brand, que usa a metáfora da confeção de um bolo para ajudar as pessoas a entenderem que são precisos o bolo e a cobertura para construir uma marca forte.

 

Devemos pensar a base do bolo como sendo o nosso valor racional ou posicionamento, e a cereja como o nosso valor emocional, ou como as pessoas se ligam com a nossa marca emocionalmente (personalidade, imagem, simpatia). As melhores marcas são aquelas com as quais criamos uma relação emocional pelo que devemos pensar se queremos ser o bolo com ou sem glacê?

 

Como na vida, também no marketing pessoal devemos “dizer aquilo que fazemos e fazer aquilo que dizemos!” porque, apesar de a marca pessoal ser sobre nós ela servirá sobretudo para que os outros nos conheçam melhor e, no fim, possam tirar as suas conclusões e promover-nos ou não, como marca.

 

Nada melhor que uma fotografia nova para celebrar o tema que aqui partilho. Reinventem a vossa marca!

 

*Atenção que a autopromoção, quando não está inserida numa estratégia maior de marketing pessoal, pode ser mal interpretada passando a ideia de que aquele que se autopromove “é o maior da sua rua”. A ideia é combinar a autopromoção com ações que criem valor, gerem discussão e encorajem outros a fazer o caminho da reinvenção então, nesse momento, a autopromoção fará toda a diferença para a nossa marca pessoal e, consequentemente, para a nossa carreira profissional
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