Maior parte da população faz desporto sem estar apta para o esforço
Estima-se que a morte súbita afete, anualmente, 14 mil pessoas em Portugal. Na altura em que muitas pessoas preparam o regresso ao ginásio, um especialista cardíaco alerta para o facto de a realização de prática desportiva ser feita sem rastreio prévio. Casos de morte súbita por esforço podem ser evitados, revela.
«As pessoas ainda pensam que podem ir para um ginásio sem qualquer preocupação». Quem o diz é Miguel Ventura, coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed UHC – Unidade Hospitalar de Coimbra, que alerta também para o facto de os desfibrilhadores não estarem disponíveis nestes espaços de prática desportiva, o que impede uma correta atuação em caso de morte súbita.
Prevenir a morte súbita, cuja mortalidade é superior ao cancro e à SIDA, deve passar pelo rastreio e tratamento antecipados da doença coronária, a principal causa de morte súbita. O rastreio clássico da doença coronária – de que é exemplo a prova de esforço – deteta apenas a doença coronária obstrutiva, mas a morte súbita ocorre também devido a doença coronária não obstrutiva, não detetável na prova de esforço.
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«Estes métodos de rastreio já estão ultrapassados, hoje em dia temos disponíveis testes anatómicos não invasivos, como o score de cálcio coronário e a angiotomografia coronária, que permitem detetar casos de doença coronária não obstrutiva e aconselhar corretamente os doentes quanto à prática desportiva», explica o especialista, que acrescenta: «Numa situação de problema cardíaco, o tempo conta: «Num caso de paragem cardíaca temos apenas 4 minutos para salvar aquela pessoa. Prevenir a morte súbita também implica que sejam colocados desfibrilhadores externos em espaços públicos e de grande afluência de pessoas».
Os dispositivos de monitorização de longa duração, conhecidos por registador de longa duração, são igualmente relevantes na prevenção da morte súbita. O especialista esclarece que estes dispositivos permitem detetar casos e salvar vidas que de outra forma se perderiam. Estima-se que a morte súbita afete, anualmente, 14.000 pessoas em Portugal, sendo esta a causa de 1 em cada 5 mortes por doença cardiovascular.
Recorde agora, na galeria acima, como prevenir as doenças cardiovasculares segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia.