Guterres diz que eliminar racismo é «um desafio e uma luta para todos»
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, participou numa reunião sobre o tema, juntamente com a comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphos, e a vice-presidente da Costa Rica, Epsy Campbell Barr. Para o responsável da ONU, com a pandemia, «os que já estavam para trás estão a ficar ainda mais para trás».

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta quinta-feira que «o racismo assola o mundo» e deve ser condenado «sem reservas, sem hesitação, sem qualificações». No entanto, o mundo tem «um longo caminho a percorrer», sendo «um desafio e uma luta para todos», divulga a da Organização das Nações Unidas.
António Guterres foi um dos participantes de uma reunião sob o tema “Reimaginando a Igualdade: Eliminando o racismo, a xenofobia e a discriminação para todos na Década de Ação dos ODS”, organizada pelo Conselho Económico e Social da ONU e o Departamento de Assuntos Económicos e Sociais. Nela participaram também a comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphos, e a vice-presidente da Costa Rica, Epsy Campbell Barr.
Segundo António Guterres, «o racismo e a desigualdade racial ainda permeiam instituições, estruturas sociais e a vida quotidiana», por ser algo ainda profundamente enraizado devido a séculos de colonialismo e escravidão. Além disso, a injustiça racial, especialmente contra os afrodescendentes, causou traumas profundos e sofrimento em gerações.
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Para o líder da ONU, o mundo deve «fazer mais do que apenas condenar expressões e atos de racismo». Pois «enfrentar o racismo não é um exercício único. É um fenómeno cultural complexo e combatê-lo exige ação todos os dias, a todos os níveis».
O secretário-geral lembrou a opinião de vários observadores de que o mundo está a entrar numa era pós-iluminismo. «Os valores dessa era, a primazia da razão, tolerância e respeito mútuo, estão a esvair-se» E no seu lugar está a instalar-se «um crescente nacionalismo, populismo, xenofobia, supremacia branca e neonazismo», salientou. Para Guterres, «o racismo é o coração desta irracionalidade».
Segundo Guterres, há uma forte dimensão social e económica neste problema, que pode ser visto devido a oportunidades limitadas de educação e emprego, acesso à saúde e justiça. A pandemia de COVID-19 expôs ainda mais essas desigualdades. Para o secretário-geral, «os que já estavam para trás estão a ficar ainda mais para trás». Assim, durante a recuperação, António Guterres diz que é necessário um novo contrato social baseado na inclusão e na sustentabilidade.