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Fugir da dor emocional evita o sofrimento?

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Já ouviu aquela conversa de que “Pensar muito em infelicidades faz mal porque lembra sentimentos dolorosos e o melhor é esquecer o que se passou. O melhor é fechar o coração para o mundo para evitar sofrer de todo e de novo”? No fundo, a ideia de não pensar nem sentir, para não sofrer… Esta reação é muito frequente a más experiências e seria uma solução muito prática se não fosse totalmente inútil.

 

É verdade que relembrá-las pode ser assustador, tornando a memória muito viva, por vezes ao ponto de se confundir com o presente, mas convém não esquecer que é apenas uma sensação. E é perigoso quando os sentimentos e os pensamentos sobre situações passadas são vividos como se fossem uma experiência presente. Tornam-se ameaçadores e a tendência é evitá-los e a própria vida também começa a ser filtrada. O dia-a-dia torna-se superficial, as relações pessoais pouco profundas e as experiências sensaboronas.

 

As vivências que causam prazer também podem ser as que causam sofrimento, como por exemplo as relações pessoais. Quando se adota uma postura de vida focada em evitar sofrer, a pessoa condena-se a fazer comparações simplistas e redutoras, desenvolvendo um pensamento autoimune: “Esta relação fez-me sofrer muito, não quero mais nenhuma…”. Ter prazer deixa de ser uma experiência agradável e possível de acontecer, e todas as ações focam-se em antecipar situações que possam causar tristeza, desilusão ou qualquer outro sentimento desagradável. Certamente conhece várias pessoas que juraram nunca mais se apaixonar!

 

A ideia de que pensar é sofrer surge pelo ruminar sobre a dor e sobre as consequências imediatas, como se essa situação tivesse um impacto em toda a vida da pessoa e para sempre, como se nos tornasse impotentes para reagirmos proactivamente e nos reorganizarmos.

 

Mas afinal porque é que pensar sobre o que dói, ou doeu, importa? Quando não se pensa, não se aprende com a experiência. Refletir sobre momentos infelizes ajuda a ter consciência do que contribuiu para o que aconteceu e que precaução ter de futuro, fazendo-se assim escolhas mais eficazes. Ajuda-nos a perceber por exemplo o perfil das pessoas com quem mais gosta de se estar, as atividades em que participar, os locais onde gostamos de nos divertir e até perceber melhor com o que não nos identificamos. Pensar é um processo de amadurecimento e aumento do autoconhecimento.

Fugir dos sentimentos e de pensar não evita o sofrimento, evita que se viva!

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