Franck Bonfils: «Em Lisboa a procura por alimentos saudáveis e orgânicos é muito grande»
O CEO da JusteBio esteve em Portugal para o lançamento da primeira loja de produtos biológicos a granel desta cadeia francesa no país. Localizada na Rua Joaquim António de Aguiar, em Lisboa, a loja dispõe de 111 dispensadores de forma a reduzir o desperdício e a pegada ecológica da compra. Portugal segue-se assim à Bélgica, Luxemburgo e Suíça na expansão internacional da marca.
Porque escolheram Portugal, e particularmente Lisboa, para a expansão da vossa marca a nível internacional?
O desenvolvimento internacional tem sido uma prioridade para a JusteBio desde há dois anos. Já estamos na Bélgica, Luxemburgo e Suíça. Portugal, que abriu caminho à nossa internacionalização, é um mercado muito interessante que vai muito além do destino que atrai cada vez mais turistas franceses, britânicos, espanhóis e alemães.
Primeiro, há um contexto económico e geopolítico seguro. Portugal está localizado na euro área e é facilmente acessível. Este país tem um regulamento e um sistema legal comparáveis aos franceses. Em termos de infraestruturas, com 10 aeroportos, incluindo 4 internacionais, um conjunto de serviços públicos eficientes e uma oferta comercial variada, Portugal parece-nos uma localização privilegiada, propícia ao investimento e à implantação da nossa oferta de frutos-secos JusteBio.
A economia portuguesa, desde há três anos para cá, tem gerado sinais muito positivos: crescimento do PIB em 2017 de 2,7% (acima da média da área do euro + 2,5%), redução significativa do desemprego e recuperação poder de compra. Resultado: a recuperação do consumo interno está a chegar a um ponto de equilíbrio. O boom de construção, impulsionado pelo fluxo de turistas e cidadãos estrangeiros aposentados, é outro indicador económico encorajador. Fazemos, portanto, parte dessa dinâmica.
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Quais as vossas expectativas para o mercado português?
Em Lisboa, como em Paris e em muitas cidades francesas, a procura dos consumidores por alimentos saudáveis e orgânicos é muito grande, embora o fenómeno seja muito mais recente em Portugal. Somos pioneiros e líderes de frutos-secos orgânicos a granel em França. Pretendemos estar em Portugal com a nossa parceira local, a Pisabel, marcando uma posição neste mercado, que ainda é pouco explorado e por isso promissor.
O granel e o biológico são uma tendência em crescimento. Como explica esta apetência do publico?
Percebemos que os jovens adultos de Portugal (entre os 18 e os 34 anos), tal como os jovens europeus são particularmente sensíveis às questões ambientais, ao combate ao desperdício de alimentos e à redução de embalagens poluentes.
Consumir está a tornar-se hoje um ato militante e com compromisso com a marca. Há uma verdadeira mania por produtos mais naturais, como se se tratasse de um regresso às origens. Por exemplo, o nosso conceito de embalagens fez-nos poupar 140 toneladas de embalagens plásticas no ano passado. Este ano, estamos a remover todo o plástico das nossas ofertas de sacos graças a uma inovação, uma embalagem biodegradável e compostável que pode ser reciclada com cascas de vegetais.
Estamos a implantar mudanças, os clientes chegam à nossa loja com seus recipientes, escolhem seus produtos entre 135 tipos de frutos-secos, sementes, cereais, massas, arroz … escolhendo também a quantidade que precisam. A JusteBio democratiza o orgânico e acompanha as mudanças nos hábitos alimentares.
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Pretendem expandir para outros locais? Mesmo sem nada ainda previsto, a cobertura nacional é uma ideia?
Não vamos impedir qualquer desenvolvimento da nossa rede de distribuição em Portugal. Iremos analisar, dentro de pouco tempo, o desempenho da nossa loja em Lisboa, gerida pelo nosso parceiro Pisabel.
Pretendemos duplicar aqui, o modelo que fez o nosso sucesso em França, através do conceito “full service“. Esta é uma oferta “chave-na-mão” tanto para grandes superfícies, quanto para lojas de conveniência. Fornecemos as grandes superfícies (e outras lojas), com mobiliário adequado, fazemos o aconselhamento sobre os produtos, tratamos dos funis de enchimento, da limpeza e da manutenção. Eles não assumem nenhum risco, e concentram-se apenas na sua função, que é vender. Este conceito já atraiu 3.500 lojas francesas.
Em termos de produtos, centram-se sobretudo no granel ou pretendem também vender fruta, legumes, lácteos, etc..?
80% da nossa atividade é o mercado dos frutos-secos orgânicos a granel, os 20% restantes são as misturas das nossas saquetas. Não somos especialistas em frutas e vegetais frescos ou em produtos lácteos e não estamos destinados a esse mercado. Por outro lado, graças às nossas 135 referências de produtos orgânicos, pensamos em transformar alguns dos nossos frutos-secos em compotas e puré de frutos. Atualmente já oferecemos todo o tipo de misturas para a culinária, indicados para os consumidores gourmet e para os desportistas, que em muitos casos, são as mesmas pessoas!