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‘Fazer exercício para poder comer’: vamos lá esclarecer isto

Muitas pessoas usam esta associação entre fazer exercício e poder ‘comer de tudo’. Eu sou uma defensora do exercício e da atividade física em geral, mas quando estes aliados da saúde são tratados desta maneira vejo-me obrigada a correr em seu auxílio!

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Digamos que esta associação, mesmo sendo um clássico, deve ser repensada. Passemos então a refletir. Sabemos que não existe nada que substitua a contração muscular decorrente da atividade física ou do exercício.

 

A contração muscular tem consequências metabólicas/hormonais que não podem ser obtidas a partir de nenhum outro estímulo. Resumir a importância da atividade física/exercício ao uso de combustíveis/calorias é absolutamente redutor, quase ridículo!

 

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Dependendo da magnitude e duração das contrações musculares, as respostas fisiológicas variam. Claro que os músculos, ao contraírem, queimam combustíveis como açucares (glicose) e gorduras (ácidos gordos), contudo a sua ação benéfica não se resume à queima energética!

 

Não existe outra forma de melhorar a perfusão sanguínea, a capilaridade, a capacidade cardiorrespiratória em geral. E não existe melhor forma de melhorar a sensibilidade à insulina, do que através da contração muscular. Até os neurotransmissores são regulados pela contração muscular, sabe-se que o exercício previne depressão e demências, para além de doenças cardiometabólicas. Então não ofendamos o exercício ou a atividade física, reduzindo-os apenas a uma forma de queimar as calorias que se quer ingerir!

Os músculos devem ser vistos como órgãos, e se não forem usados entram em atrofia e disfunção, como qualquer órgão. Mais ainda, são órgãos cujo funcionamento tem uma atividade reguladora de toda a vitalidade hormonal! Por favor, entenda-se isto de uma vez por todas! Não existe saúde sem atividade física ou exercício!

 

Por outro lado, não existe nada que substitua a alimentação natural, não processada, aquela que é apropriada à nossa espécie. Mesmo que queime calorias através do exercício, e que usufrua dos benefícios metabólicos/hormonais da contração muscular, poderá não conseguir debelar os efeitos deletérios de substâncias cancerígenas presentes nos alimentos, como os agrotóxicos. Da mesma forma, e dando outro exemplo, se ingerir muita gordura hidrogenada, a mais prejudicial ao sistema cardiovascular e relacionada com maior prevalência de cancro, o exercício não anula esse consumo!

 

Tanto a alimentação como a atividade física/exercício necessitam de ser alvo da nossa atenção, na mesma medida.  Ambos necessitam de comportamentos que melhorem a qualidade de cada um deles. São dos mais importantes comportamentos de saúde, a par com o zelo pelo sono e exposição solar, por exemplo.

 

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