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Fatorexia: quando o espelho mente e se acha demasiado magra

Os distúrbios de origem alimentar estão presentes, e muito, na nossa sociedade. A fatorexia pode ser definida como o oposto da anorexia e é mais uma visão distorcida da imagem corporal, sendo que aqui o doente se vê mais magro do que na realidade é.

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Uma doença já muito estudada e compreendida na nossa sociedade é a anorexia. Nesta patologia, as pessoas doentes têm uma distorção da sua própria realidade, vêm-se sempre mais gordas do que realmente são, e por causa disso começam por fazer dieta até ao ponto de deixarem de comer, associando o aumento exagerado de exercício físico no dia-a-dia.

 

Como já foi dito, a anorexia já é estudada desde a década de 80 e teve um aumento da sua incidência já no nosso século devido à sociedade permitir que grande parte dos manequins/modelos fossem exageradamente magros. E essa ideia foi extrapolada para o quotidiano do ser humano mais comum. No entanto, a novidade é bem outra, e chama-se fatorexia (ou em português gordorexia), que é precisamente o inverso da anorexia.

 

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Quem padece deste distúrbio são aquelas pessoas que não se veem como realmente são. Neste grupo estão aqueles “gordinhos”, que ao olharem-se no espelho, veem-se mais magros do que a realidade. Este distúrbio pode fazer com que o portador da fatorexia não tome o devido cuidado com a sua alimentação, descuide da prática de exercício ou atividade física diariamente, e descure o seu bem-estar físico e mental, de forma a prevenir grande parte das doenças associadas com e há obesidade.

 

Apesar deste distúrbio ter sido identificado há uns anos, a fatorexia ainda não é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e nem mesmo conhecido por muitos médicos, nutricionistas e outros profissionais de saúde.

 

Os primeiros relatos de fatorexia datam desde 2007, e envolvem pessoas que comiam exageradamente e para além do necessário, porque achavam-se magras demais quando na realidade já estavam num quadro de sobrepeso ou obesidade (com um IMC igual ou superior a 25).

 

Um bom exemplo disso foi a britânica Sara Bird, que acostumada a olhar-se no espelho e ver uma pessoa com o peso ideal, costumava cortar as etiquetas de tamanho grande das roupas e fingia que não se alimentava excessivamente.

 

Há meia dúzia de anos, Sara descobriu que o seu corpo não era exatamente como acreditava ser. Numa consulta médica, ela assustou-se quando o médico lhe disse que estava obesa, pesando 30 quilos a mais do que imaginava. Daí ter surgido este novo distúrbio, fatorexia ou “anorexia reversa”.

 

Foi Sara que deu o nome ao distúrbio aquando sem saber como não havia percebido das suas verdadeiras dimensões. Ela própria relata: «Quando eu me olhava no espelho, via uma pessoa confiante e magra, mas, na verdade, já estava obesa».

 

Para além de querer esclarecer a outros possíveis “gordoréxicos” sobre a suposta existência de tal distúrbio alimentar, Sara procura que este distúrbio para já seja reconhecido pela medicina e pelas entidades competentes.

 

Sara ainda explica que quando uma pessoa descobre que é um “gordoréxico”, como ela própria apelidou o distúrbio, pode ajudar e mudar a vida dessa pessoa. Não porque existe uma fórmula contra isso, mas porque o reconhecimento desta condição pode prevenir mais o aumento do peso.

 

Prevalência

Tal como acontece com a anorexia, a fatorexia é mais comum entre o sexo feminino, embora também possa haver casos no sexo masculino.

 

Tratamento

O tratamento deste distúrbio passa sempre pelos doentes terem acesso a um tratamento multidisciplinar com: um endocrinologista para acompanhar o seu estado metabólico e hormonal, um psicólogo/psiquiatra para acompanhar mentalmente, um nutricionista para realizar o acompanhamento alimentar através da prescrição de um plano alimentar personalizado hipocalórico, e um personal trainer (preparador físico) para fazer com que a pessoa se exercite de forma adequada a melhorar o seu estado de saúde e emagrecer saudavelmente.

 

Também é importantíssimo elucidar toda a família, principalmente se os portadores deste distúrbio forem crianças, adolescentes e jovens adultos, o que não é nada incomum.

 

Ou, acima de tudo, e o ideal é apostar na educação alimentar, na prevenção para evitar a obesidade, conjugando uma prática regular de exercício físico. Estas soluções devem ser incentivadas e realizadas logo desde tenra idade, porque a obesidade está a crescer a um ritmo muito acelerado em todo o mundo, e quanto mais cedo prevenirmos melhor, portanto estes tratamentos devem ser a base de tudo e serem institucionalizados para que possamos desde já fazer uma prevenção.

 

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