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Évora: uma viagem pela história da Humanidade

Do Neolítico aos dias de hoje, passando pelas poderosas influências romana e católica, Évora conservou de tudo com delicadeza e mestria nesta longa e demorada linha do tempo. Vamos então fazer uma viagem a Évora… e pela história da humanidade.

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Esta calorosa cidade alentejana tem muitas particularidades inusitadas. Uma capela forrada a ossos; um templo românico semelhante à Acrópole de Atenas, um cromeleque mais antigo do que o próprio Stonehenge, mas que pouca gente conhece… A história do mundo pode ser visitada em Évora.

 

O primeiro ponto de descoberta é o Cromeleque dos Almendres, localizado na freguesia de Nossa Senhora da Guadalupe, a cerca de 10 km de Évora. Antes de mais, passemos a explicar: um cromeleque é um conjunto de menires em pedra compostos normalmente em círculo e que datam do Neolítico, período da humanidade que vai desde o X milénio a.C. ao III milénio a.C.

 

Esta pequena freguesia guardava um tesouro histórico que, imagine-se, só foi descoberto em 1964, aquando de uns trabalhos de mapeamento do território.  As gentes daquela terra chamavam-lhes ‘pedras talhas’ e não faziam ideia do que ali tinham. Pois bem, são 95 monólitos dispostos em forma circular, com algumas das pedras a terem perto de três metros de altura. Algumas têm até inscrições rupestres.  A cerca de um quilometro deste aglomerado está um menir isolado, a maior e mais alta pedra, que se relaciona com o cromeleque porque o alinhamento entre ambos coincide com o nascer do sol no solístico de verão. Crê-se que estas edificações estejam relacionadas com práticas culturais agro-pastoris dos povos neolíticos e que eram usadas para celebrações relacionadas com os grandes ciclos da natureza.

 

A estrutura tem cerca de sete mil anos, sendo mais antiga que o conhecido britânico Stonehenge, que tem cerca de cinco mil anos. Este tesouro do período Neolítico em terras portuguesas é um dos maiores e mais importantes monumentos megalíticos do mundo, não só pela grandeza, como pelo seu excelente estado de conservação. Afinal, passaram sete mil anos…  Desde 2015, é classificado como Monumento Nacional.

 

Para lá chegar, é preciso ir de carro, ou então pode fazer um tour a partir de Évora, e conhecer não só esta como outras estruturas da época que se encontram nesta região, o que prova que já era uma zona muito apreciada desde os primórdios da humanidade. Para saber mais sobre esta época, visite o Núcleo Interpretativo do Megalitismo de Évora.

 

Feita a visita, dirigimo-nos a Évora, onde chegamos em poucos minutos. A cidade é murada e tem várias portas que dão entrada à cidade velha. Rapidamente chegamos ao centro, a Praça do Giraldo. Também esta muralha está muito bem conservada, apesar dos seus séculos de edificação. A parte mais antiga foi erigida no século III, no período romano, e fica junto à Catedral de Évora. Esta cidade sabe, de facto, conservar a história.

 

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Já que entrámos no período romano e na parte velha da cidade, vamos ao templo românico mais conhecido de Portugal, o Templo de Diana. Imponente, este exemplar de arquitetura religiosa romana data do século I e tem uma planta retangular (25x15m). Estava enquadrado por tanques, criando um raro efeito de espelho de água. Deve ter sido dedicado ao culto imperial e não à deusa Diana, a da caça, como é designado desde o séc. XVII até aos nossos dias. Foi reutilizado ao longo dos séculos, sobretudo como açougue municipal. O seu aspeto atual deve-se às obras de libertação das paredes em 1870. É hoje o símbolo de Évora e está sempre rodeado de turistas.

 

Se é fascinado pelo período áureo romano, Évora tem decididamente de fazer parte do roteiro. Nesta cidade pode ainda visitar umas antigas termas romanas, construídas entre os séculos II e III, e descobertas em 1987, aquando das escavações arqueológicas na parte mais antiga do edifício da Câmara Municipal da cidade, no Largo do Sertório.

 

Terão sido estas as termas públicas da cidade. Possivelmente também o maior edifício público da Évora Romana, com 300 metros quadrados. Quando se fala em termas romanas é importante perceber que estas desempenhavam um papel essencial na vida deste povo. Para além da questão da higiene, as termas eram locais onde os cidadãos podiam conversar, conviver e até negociar.

 

Vamos deixar a época romana e viajar um pouco mais no tempo. Chegamos à época de dominação católica. E também aqui Évora é rica em monumentos. Para quem gosta de turismo religioso, aqui tem muito o que visitar. Inúmeras capelas, um convento, uma ermida, múltiplas igrejas e uma sé, a chamada Catedral de Évora. Falemos dela, da Sé Catedral de Évora e Museu de Arte Sacra.

 

Dedicada a Santa Maria, a Catedral de Évora foi edificada nos séculos XIII e XIV, nos estilos românico e gótico. É a maior de Portugal nestes estilos, destacando-se o pórtico ogival, guarnecido por esculturas do Apostolado e o claustro, este com grandes arcos ogivais nas abóbodas e nas janelas e desenhos de influência árabe. É um mix esta catedral. É um monumento marcado pela transição do estilo românico para o gótico, marcado por três majestosas naves.

 

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A capela-mor é do século XVIII e do estilo barroco. No seu interior, existem muitos elementos arquitetónicos e artísticos de relevância, como o cadeiral do coro, o órgão renascentista ibérico e único em Portugal, as peças do Museu de Arte Sacra (escultura, pintura, paramentaria e ourivesaria), entre outros. Como qualquer sé, é imponente. Tem de subir ao seu terraço e apreciar a vista sobre a cidade e o horizonte longínquo. Divirta-se também a passar pelas escadarias estreitas e em espiral que ligam o claustro a um pátio superior.

 

Seguimos para outro ex-libris da cidade, a Capela dos Ossos. À porta, uma inscrição recebe os visitantes: «Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos».  Que divertidos que eram os três monges franciscanos que tiveram a iniciativa de a construir no século XVII, não acha? Bom, a ideia era transmitir a mensagem da transitoriedade da vida. Toda a capela é revestida a ossos, como fémures, vértebras e caveiras. Estima-se que sejam cerca de 5000 ossos.  Há ainda dois esqueletos inteiros pendurados por correntes numa das paredes, sendo um deles o de uma criança. São 18,70 m de comprimento por 11m de largura, com luz a entrar por três pequenas frestas do lado esquerdo, para causar ainda mais penumbra. As abóbadas são pintadas com motivos alegóricos à morte, para que fique bem clara a mensagem. Se a quiser visitar, a capela está inserida na Igreja de São Francisco.

 

Este é o momento de voltar à rua e sentir os raios e luz do sol. A vida continua nesta pacata cidade alentejana. Sugerimos para fim de visita um passeio pelo centro histórico da cidade. Não só pode apreciar a vivencia calma e tranquila das gentes alentejanas, como fazer algumas compras no comércio local. Vai encontrar muito material feito em cortiça e também artesanato e cerâmicas, entre as ruas que ligam os principais pontos da cidade.

 

Não podemos deixar este artigo sem uma palavra dedicada à gastronomia alentejana. A comida alentejana é farta em pão. As açordas, as migas, as sopas de pão… mostram a criatividade das gentes de antigamente que com pouco faziam muito. Não passe, portanto, por esta cidade sem se deliciar com um dos pratos icónicos desta deliciosa gastronomia. Ali bem perto, Vendas Novas deu a conhecer e a saborear as bifanas mais famosas do país. E prová-las e comprovar a merecida fama. Veja imagens de Évora na galeria no início do artigo.

 

 

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