Estudo mostra risco elevado de suicídio em jovens devido ao tempo excessivo nas redes sociais
No estudo mais longo até agora sobre os efeitos redes socias nos adolescentes, que decorreu durante 10 anos, investigadores da Brigham Young Univeristy, EUA, encontraram uma correlação entre o tempo gasto nas redes sociais e o risco de suicídio agravado entre meninas adolescentes.
À medida que o uso das redes sociais por adolescentes tem crescido na última década, também aumentou a taxa de suicídio entre jovens, com o suicídio a ser agora a segunda principal causa de morte nos jovens entre os 10 a 34 anos. Já houve indícios de que as redes sociais incrementam o risco de suicídio, mas como se trata de uma realidade relativamente nova, é difícil determinar os seus efeitos de longo prazo na saúde mental. Mas no estudo mais longo até hoje sobre o uso de redes socias e suicídio, a pesquisa da Brigham Young Univeristy (BYU) publicada recentemente no Journal of Youth and Adolescence oferece algumas respostas.
Recorrendo a pesquisas entre 2009 e 2019, os pesquisadores acompanharam os padrões de uso de redes sociais e saúde mental de 500 adolescentes. Os investigadores descobriram que, embora o uso das redes sociais tivesse pouco efeito sobre o risco de suicídio nos meninos, no caso das meninas havia um ponto de inflexão. As meninas que usaram redes sociais por pelo menos duas a três horas por dia no início do estudo – quando tinham cerca de 13 anos – e aumentaram muito o seu uso ao longo do tempo correram um risco clínico maior de suicídio quando recém adultas.
«Algo sobre esse padrão específico de utilização de redes socia é particularmente prejudicial para as meninas» diz em comunicado a professora da BYU, Sarah Coyne, autora principal do estudo. A pesquisadora observou que as tendências sociais das meninas provavelmente tornam-nas mais suscetíveis aos efeitos negativos das redes sociais.
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«A pesquisa mostra que as meninas e as mulheres em geral são muito sintonizadas em termos de relacionamento e sensíveis aos stresses interpessoais, e as redes sociais tratam de relacionamento», explica Coyne. «Aos 13 anos, as meninas estão apenas a começar a se preparar para lidar com o lado negro das redes sociais, como FOMO (medo de perder), comparações constantes e cyberbullying. Provavelmente, alguém com 13 anos não está, em termos de desenvolvimento, preparado para de três horas de redes sociais por dia».
Dito isto, na maioria dos casos, Coyne não recomenda que os pais banam as filhas adolescentes das redes sociais, deixando-as mal preparadas para gerir uso das mesmas como adultos. «Treze anos não é uma idade ruim para começar nas redes sociais», diz Coyne, cuja filha de 13 anos acabou de ingressar no TikTok. «Mas deve começar num nível muito baixo e deve ser gerido de forma adequada».
Coyne sugere que os pais limitem o tempo dos adolescentes nas redes sociais a cerca de 20 minutos por dia, mantenham o acesso às suas contas e conversem com os adolescentes frequentemente sobre o que estão a ver nas redes sociais. Com o tempo, os adolescentes podem aumentar gradualmente o uso e a autonomia nestas comunidades virtuais.
«O objetivo é ensiná-los a serem utilizadores saudáveis das redes sociais, saberem usá-las de uma forma que os ajude a sentirem-se bem consigo mesmos e a conectarem-se com outras pessoas, que é o seu verdadeiro propósito. É trabalho dos pais preparar os filhos para que eles possam lidar com algumas das coisas pesadas que muitas vezes vêm com o uso das redes sociais», sustenta a investigadora.
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