Estilos decorativos ou estilos de vida?
Estamos em tempos de olhar para o ambiente, com pensamentos mais profundos sobre proteger a natureza e, por arrasto, o planeta e a sua sustentabilidade. Isto não deve, naturalmente, ser alheio na construção e decoração das nossas casas.
Ora, existem dois estilos sobre os quais me irei debruçar neste artigo, que concorrem para uma ideia de reduzir, reutilizar e reciclar. Quanto menos comprarmos e mais materiais naturais nós utilizarmos, mais perto estaremos de conseguir um projeto, não só bem conseguido a nível do design de interiores, mas também a nível da sustentabilidade e da proteção da nossa ecologia.
Se por um lado temos o mais funcional, o minimalismo, por outro lado, temos o mais sensorial, o eco-natural. Iremos ver porque um é mais funcional e o outro mais sensorial. O primeiro reduz tudo ao essencial e o segundo tenta trazer a natureza para dentro da casa, como se fosse uma extensão do exterior.
Materiais
Este é o meu destaque em termos da grande diferença entre os dois estilos. O minimalismo recorre a materiais sintéticos enquanto o eco-natural tem como preocupação recorrer a materiais que se possam encontrar na natureza.
O gesso cartonado, o microcimento, os cerâmicos, o betão e o vidro fosco são aplicados pelos minimalistas, já os adeptos do eco-natural utilizam madeiras naturais, com a sua cor de origem, sem serem modificadas, cortiça, pedra estrutural, barro, juta, plantas, troncos e materiais recicláveis.
Geometria
Outra diferença é a geometria apresentada nos dois estilos, sendo que num se encontram linhas mais retas, elementos cúbicos e as superfícies homogeneizadas e uniformes, em oposição às curvas e linhas mais naturais próprias da natureza do eco-natural.
Iluminação
Para muitos ainda é o parente pobre de um projeto de interiores, ou pelo menos, aquele que é relegado para segundo plano. No entanto, para o adepto do eco-natural, é primordial pensar em todas as formais possíveis de favorecer a entrada da luz natural, o Sol, pela casa dentro, de forma a potencializar todos os elementos presentes no ambiente. Como é sabido, só com uma boa iluminação nos podemos aperceber de formas, texturas e cores. A luz é então a amarela, o que destaca a naturalidade dos materiais escolhidos, sendo vital ter grandes envidraçados sobre a paisagem natural para permitir não só a entrada da luz, mas também a integração dessa paisagem na decoração do interior. Tochas e velas são elementos a não faltar neste ambiente natural.
Os que pertencem ao grupo dos minimalistas veem também na iluminação o recurso à luz natural, mas com integração da luz artificial, utilizando spots embutidos e candeeiros tubulares. Algo que seja sobretudo funcional, que não acrescente muito em termos visuais mas que ilumine bem todos os pontos pretendidos, sem que isso seja o destaque.
Cores & Texturas
As cores de um espaço e as suas texturas são os elementos que mais personalidade conferem a um determinado ambiente. Num ambiente minimalista, em contraste com o ambiente eco-natural, recorre-se a menos cores, tentando dentro de uma cor escolher tons mais e menos escuros para criar a paleta de cores de um espaço: brancos, cinzentos e tons neutros, podendo optar por apontamentos estratégicos de uma cor diferente. No eco-natural os tons terrosos, o azul do mar, o verde da natureza, os castanhos e a cor natural dos materiais estão bem presentes. Em termos de texturas destaco os padrões marítimos ou campestres, o tosco e a textura natural, em oposição aos padrões geométricos e sem movimento e uniformes do minimalismo.
O que melhor caracteriza um espaço e outro?
Para que melhor se perceba qual o ambiente criado com os elementos referidos anteriormente é essencial ver isto como um todo. Um ambiente minimalista tem espaços reduzidos, funcionais e compactos o que representa uma otimização em termos de todos os espaços. É natural que para muita gente estes ambientes lembrem, quando demasiado puristas, um laboratório, pois tudo tem uma função e nada neste espaço é supérfluo. Algo marcante é a ausência de aromas, pois não sendo funcionais, não estão presentes.
Num espaço pensado por alguém do estilo eco-natural começo pelo facto de estarem presentes cheiros como a cedro, lavanda e alecrim e aromas cítricos, florais e marinhos. Os espaços são amplos e fazem lembrar chalés e casas rurais. Para alguns, se o termo eco-natural não disser muito, este estilo também pode ser designado por rústico.
O que pode levar as pessoas a optarem mais ou menos por estes estilos?
Não seria desculpável não se falar de algo que influencia claramente as pessoas a optarem por estes estilos. E isso é o estilo, modo de vida ou também conhecido por lifestyle. Pessoas que tenham como filosofia de vida a comunhão com a natureza, o vegetarianismo e o naturalismo tenderão naturalmente a optar pelo estilo eco-natural. Pode dizer-se que esse é não apenas um estilo decorativo, mas de vida, a opção por uma vida mais saudável e com preocupações com o ambiente, com os animais e o impacto do consumo excessivo de bens sintéticos.
O estilo minimalista poderá ser mais escolhido por parte de pessoas que tenham como foco principal a funcionalidade, a racionalização e a facilidade em termos da manutenção de uma casa, tendo menos acessórios para serem limpos e menos móveis que terão de ser arrastados para uma limpeza mais profunda e pormenorizada. Estes estilos podem casar através da tendência escandinava, que se caracteriza pelo recurso a: madeira, simplicidade e cores claras – marcas de ambos os estilos.
Convido a viajar pela galeria de imagens acima e, já sabe, divirta-se a pôr a sua casa como mais deseja!