Encontradas concentrações elevadas de mercúrio nas penas dos pinguins da Antártida
Descoberta mostra que este metal tóxico para os seres vivos e ecossistemas está cada vez mais presente no continente.

Uma equipa de investigadores do Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN-CSIC) de Espanha, Estação Experimental de Zonas Áridas (EEZA-CSIC), Instituto de Saúde Carlos III e da Universidade de Múrcia publicou um estudo que mostra grandes quantidades de mercúrio nas penas de três espécies de pinguins da Antártida.
Segundo os pesquisadores, este é um indicador direto de que o mercúrio – um metal tóxico à saúde dos ecossistemas e dos seres vivos, por produzir alterações neurológicas, imunológicas e fisiológicas – está cada vez mais presente no continente.
Regiões polares como a Antártida atuam como sumidouros de mercúrio do ambiente natural e das atividades humanas. Porém, estas regiões remotas podem também gerar emissões de mercúrio devido à atividade vulcânica e, além disso, receber pela atmosfera o que é lançado em outras partes do planeta, de forma natural e por meio de atividades como a indústria ou a queima de combustíveis fósseis.
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«Por estarem no topo da cadeia alimentar, pássaros como os pinguins são o modelo de estudo perfeito para medir a concentração de mercúrio presente na Antártida», diz em comunicado Andrés Barbosa, pesquisador do MNCN.
«No nosso trabalho, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, analisámos a quantidade acumulada nas penas de três espécies, o pinguim gentoo, Pygoscelis papua, a barbicha, Pygoscelis antarcticus, e o pinguim Adelia, Pygoscelis adeliae, numa ampla área geográfica ao longo da Península Antártica; obtendo altas concentrações desse metal, especialmente no pinguim barbicha na Ilha King George», diz Barbosa.
Há apenas um mês, foi celebrado o 30º aniversário da assinatura do Protocolo de Madrid, um acordo complementar ao Tratado da Antártida que tem por objetivo a proteção da Antártida contra, entre outras ameaças, a exploração mineira.
Hoje, apesar de mais de 50 países terem aderido ao protocolo, a saúde de um dos cantos mais primitivos do planeta, fundamental em aspetos como a regulação das correntes oceânicas, continua ameaçada. «A conservação desse lugar único no mundo está a ser comprometida por fenómenos como as mudanças climáticas ou o aumento do turismo. Portanto, dados os efeitos deletérios do mercúrio nos ecossistemas, é fundamental continuar a analisar a sua presença no continente», conclui Barbosa.