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Dois terços das crianças e jovens não têm Internet em casa antecipando grandes desigualdades na próxima geração

Novo relatório da UNICEF e da União Internacional de Telecomunicações revela que a disparidade entre jovens é particularmente acentuada no acesso à banda larga móvel e ao uso da Internet. Com a pandemia a afastar as crianças e jovens das escolas, essa disparidade está a crescer ainda mais.

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Cerca de dois mil milhões de crianças e jovens menores de 25 anos não têm Internet em casa. O total corresponde a dois terços dos habitantes do planeta, revela um novo relatório da UNICEF  e da  União Internacional de Telecomunicações, que antecipa grandes desigualdades na próxima geração.

 

A situação afeta l,3 mil milhões de crianças entre 3 e 17 anos.  Já entre os jovens entre 15 e 24 anos, em todo o mundo, são 759 milhões os que não acedem à Internet a partir das suas casas.

 

O relatório revela que a exclusão digital mantém as desigualdades entre países e comunidades. A nível global, 58% das crianças em idade escolar das famílias mais ricas têm acesso à Internet em casa, contra 16% das mais pobres. A disparidade ocorre ainda mais entre as populações urbanas e rurais.

 

Com cerca de 90% de alunos sem Internet, a África Subsaariana e o sul da Ásia são as regiões mais afetadas.   Na América Latina e Caraíbas, pelo menos metade de crianças e jovens tem Internet em casa. Na região rural, 27% das crianças e jovens acedem ao serviço em comparação com 62% das áreas urbanas.

 

Segundo o relatório, a disparidade digital entre áreas rurais e urbanas depende, em muitos aspetos, do nível de desenvolvimento económico do país.  Estas desigualdades de acesso quase não existem em países de com rendimentos elevados, mas são muito mais percetíveis em países em desenvolvimento.

 

Para a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore, essa grande disparidade é mais do que uma lacuna digital, «é um desfiladeiro digital».  A responsável acredita que, para além de ser uma barreira à capacidade de crianças e jovens estarem online, a falta de conectividade «isola-os do trabalho e impede-os de competir na economia moderna».

 

Fore diz ainda que o encerramento das escolas levou à perda de educação e que a «falta de acesso à internet está a custar o futuro à próxima geração». Cerca de 250 milhões de alunos ainda estão fora da escola tendo de aprender através de aulas virtuais.  Por isso, a crise pode piorar os níveis de educação dos que não têm acesso à Internet.

 

O documento realça que mesmo antes da pandemia era crescente o número de jovens que precisava de aprender habilidades básicas, digitais, para competir na economia do século XXI. O secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, realça o desafio de ligar populações rurais, pois grande parte não tem cobertura de banda larga móvel.

 

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