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Dimensões da mente na Ayurveda

Na visão da Medicina Ayurvédica todos os desequilíbrios têm para além de uma dimensão física, uma componente mental ativa. O exame da mente e das doenças psicológicas na Ayurveda é potencialmente tão complexo quanto o exame do corpo e das doenças físicas. Esta é uma observação penetrante e atenta que requer a perícia e a habilidade de compreender em profundidade aspetos que vão além dos aspetos físicos observados nos outros ramos da Ayurveda. Por Michele Pó.

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Na Ayurveda, a mente é concebida  em quatro níveis:

 

Chitta: ou Consciência. Ela funciona mesmo independente dos sentidos. É de onde todas as memórias das nossas vidas passadas estão guardadas. Ela existe em todos os três corpos e funciona mesmo enquanto dormimos. Através da hipnose a nossa mente pode ser levada ao nível de Chitta. Ela representa a totalidade do nosso campo mental, contendo todas as emoções, hábitos, impressões e apegos profundamente enraizados em nós.

 

Manas: É aquela parte de nossa mente que está conectada com os sentidos, coordenando as nossas atividades motoras e sensitivas, e está dominada pelas nossas emoções e opiniões. Ela inclui a consciência sensorial externa ou “mente desejante”, assim como o nosso subconsciente e inconsciente pessoal. Ela expressa-se nas nossas capacidades de pensar, considerar, imaginar, nas nossas emoções e reações primárias às impressões sensoriais. Este nível de Manas não existe no corpo causal, porque ela necessita de ser alimentada pelas impressões sensoriais.

 

Ahankara: Significa literalmente “O fabricador do eu” e trata-se de um processo, e não de uma realidade intrínseca. Ele é uma força necessária de diferenciação inerente à natureza, um estágio de evolução, mas não representa a verdade profunda ou real identidade do Ser. Ele é a noção de “eu” por detrás dos outros pensamentos da mente. A sua ação resulta de uma série de identificações do self, ou aspeto subjetivo, do nosso ser com alguma forma ou qualidade objetiva, tal como o corpo ou os vários estados mentais. Manas ou “mente externa” é uma série de reações emocionais internalizadas. O ego (Ahamkara) apropria-se disso dizendo “eu gosto disso” ou “eu não gosto daquilo” etc. Desta forma o ego fornece energia às reações da mente. No seu aspeto positivo, o ego possibilita uma mente com capacidade de foco. Ele ajuda a consciência a diferenciar-se da natureza externa. Contudo o ego é de facto uma das principais causas dos desequilíbrios e das doenças físicas e psicológicas.

 

Buddhi: Esta é a nossa faculdade de discernimento, a qual nos permite distinguir entre o verdadeiro e o falso. Ela capacita-nos de estabelecer valores e princípios nas nossas vidas, os quais são as bases da nossa consciência. Ela é nossa mente consciente e inteligência. Quando dirigida externamente torna-se o intelecto e faz-nos discriminar os nomes e as formas do mundo externo. Quando dirigida para dentro ela torna-se a inteligência que nos faz discriminar entre o que está dentro de nós e fora de nós, e entre o que é aparente e o que é real. Quando dirigida externamente a sua função dá-se através de Manas (mente externa) e Ahamkar (ego) e é interdependente com eles. Porém, na sua essência é independente dos sentidos e existe em todos os três corpos (físico, subtil e causal).

 

Os três Gunas e a mente

À medida que a criação do universo se desenvolve, são formados três princípios básicos que sustentam toda a vida: as leis de criação, manutenção e dissolução. Tudo na vida nasce ou é criado, vive, e então morre. Esses princípios são conhecidos como Sattva, Rajas e Tamas e são chamadas de os três Gunas ou qualidades, atributos, tendências ou modos da criação e da natureza material. Toda a vida, humana ou celeste obedece a essas leis.

 

Os três Gunas e a menteOs Gunas determinam a ressonância da nossa consciência, e a ressonância da nossa consciência determina nossa “realidade, ” este é o conhecimento mais importante da ciência dos Gunas. Os Gunas mostram as predisposições básicas da mente e as coisas que ela valoriza. No geral, a constituição mental segue a física. Porém, em alguns casos, a atividade mental pode ser mais forte do que o corpo.

  • No nível físico, Sattva é harmonia; Rajas é atividade; Tamas é inércia.
  • No nível mental, Sattva é verdade; Rajas é paixão; Tamas é indiferença.

 

 

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