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Desmascarar a hipertensão, a pandemia silenciosa

Na maioria das vezes, a hipertensão apresenta-se de forma assintomática, sendo conhecida como uma doença silenciosa. É por isso crucial que a população portuguesa ganhe o hábito de medir a tensão arterial de forma regular.

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A hipertensão é o problema que individualmente mais contribui para a morte por doença cardiovascular, afetando cerca de 40% da população portuguesa. Além disto, é a doença crónica não transmissível que, direta ou indiretamente, regista a maior taxa de mortalidade e morbilidade no mundo. No entanto e uma vez que a sua prevalência depende em grande parte dos hábitos de vida, a situação é passível de ser revertida.

 

Medir a tensão arterial é a única forma de podermos saber se somos ou não hipertensos. Já a sua medição regular permite-nos manter uma adequada vigilância dos valores, bem como monitorizar o controle nos doentes a fazerem medicação.

 

Outros fatores que contribuem para a prevenção da hipertensão arterial são: evitar o consumo excessivo de sal, manter uma dieta equilibrada, praticar atividade física regularmente, controlar o peso, evitar álcool e não fumar.

 

Consequências da hipertensão

A pressão arterial elevada (hipertensão) tem consequências graves, com morbilidades importantes como sejam o acidente vascular cerebral ou o enfarte agudo do miocárdio, sendo a doença crónica não transmissível que mais contribui para a mortalidade cardiocerebrovascular em Portugal, continuando a ser a primeira causa de morte.

 

Daí não espantar que apenas duas em cada cinco pessoas tenha a sua tensão arterial controlada, estimando-se ainda que cerca de 50% dos doentes não adere à toma diária de medicação para o controlo da hipertensão. Devido a isto, importa reforçar (e nunca é demais fazê-lo) que medir regularmente a tensão é fundamental para ajudar a controlar a hipertensão e, consequentemente, prevenir o risco de doenças cardiovasculares.

 

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Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, de 2017, as doenças do aparelho circulatório representaram 29,4% da mortalidade no país, sendo que das cerca de 32 mil mortes, mais de 11 mil foram devido a doenças cerebrovasculares.

 

Com o avançar da idade a pressão arterial também aumenta, mas este não é apenas um problema das pessoas mais idosas, como tem sido considerado ao longo dos anos. Temos de ter a consciência de que este é um problema que nos pode acompanhar ao longo da vida, podendo aparecer em qualquer altura.

 

Prevenção e tratamento

É habitual dizer-se que a hipertensão arterial é uma doença silenciosa porque na grande maioria das vezes não causa sintomas. Como tal, é crucial manter hábitos saudáveis desde cedo, sendo que a vigilância da pressão arterial deve ter acompanhamento médico desde a adolescência e ao longo da vida.

 

Além disto, importa referir que as recomendações do tratamento da hipertensão aconselham, para um maior controle e uma maior adesão à terapêutica, entre outros motivos, a necessidade de utilizar mais do que uma substância, preferencialmente num só comprimido. A hipertensão acaba por danificar precocemente os vasos sanguíneos e os principais órgãos do organismo, como o cérebro, o rim e o coração.

 

Contudo, a adoção do tratamento adequado apenas é possível quando existe um diagnóstico e um seguimento desta doença. Infelizmente, durante o confinamento, muitos portugueses deixaram de medir a sua pressão arterial com regularidade, prescindindo de o poderem fazer de uma forma simples, segura e altamente especializada na sua farmácia, que deve ser considerada um apoio de proximidade único e de valor insubstituível.

 

Mas o problema não fica por aqui. Muitas pessoas sentiram também alguma dificuldade em marcar consultas e terem um adequado seguimento médico, nomeadamente com o seu Médico de Família, uma vez que as atenções se centraram no combate à covid-19, com um consumo de recursos e de tempo que inviabilizaram as outras atividades assistenciais

 

Na maioria das vezes, a hipertensão apresenta-se de forma assintomática, sendo conhecida como uma doença silenciosa. É por isso crucial que a população portuguesa ganhe rapidamente o hábito de medir a tensão arterial de forma regular, evitando consequências mais graves.

 

Por Manuel Carvalho Rodrigues

Médico no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira

Ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão

 

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