Desenvolver a empatia: Uma urgência social
Ser empático não significa apenas compreender quando as pessoas estão tristes, vai mais além, é sentir satisfação pela felicidade e pelo sucesso dos outros. É algo que efetivamente estava a tornar-se cada vez mais raro na sociedade e que neste novo mundo tem de ser uma realidade.

«Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele»
Carl Rogers
A COVID-19 chegou de maneira imprevista e, quase sem nos darmos conta, congelou as nossas vidas, as nossas rotinas e as nossas tarefas, empurrando-nos para um novo mundo. Neste novo mundo, a empatia surge como uma urgência social. É fundamental para a criação de laços significativos entre as pessoas e para a solidificação dos relacionamentos. A empatia preenche a vida de emoções positivas, de amor pelo próximo, de entendimento e de aceitação das dores emocionais dos outros.
Ser empático não significa apenas compreender quando as pessoas estão tristes, vai mais além, é sentir satisfação pela felicidade e pelo sucesso dos outros. É algo que efetivamente estava a tornar-se cada vez mais raro na sociedade e que neste novo mundo tem de ser uma realidade, ou seja, é uma urgência social.
Provavelmente já viveu situações em que parece que não se sente ouvido ou até mesmo que o outro é indiferente ao seu sentir. Não é apenas o que a outra pessoa nos diz que faz com que se sinta compreendido, mas principalmente as suas expressões faciais, o seu corpo, se o compreende com seu olhar ou se olha com indiferença ou com alguma expressão contrária aquilo que está a sentir.
A empatia é, assim, a capacidade psicológica de um indivíduo de sentir o que outra pessoa sente, caso estivesse a viver a situação dessa pessoa. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. Ser empático é saber ouvir os outros, compreender os seus problemas e emoções.
Empatia não pressupõe a necessidade compulsiva de realizar desejo alheios, de ajudar e de servir. Paralelamente, também é muito diferente da simpatia, que é algo que sentimos pelo que o outro está a viver sem, entretanto, sentir o que ele está a sentir.
Como a maior parte das características pessoais, a empatia tem tanto de natural como de aprendizagem. Na realidade, nem todos possuímos de forma inata esta característica, no entanto, qualquer um a pode desenvolver, bastando treino.
No fundo, é através da empatia que se criam as pontes de comunicação entre duas pessoas. Tão importante como a forma como se comunica é a forma como se escuta. Ser empático pressupõe ter, nem mais nem menos, a resposta, na medida certa, às necessidades do interlocutor.
Mas como alguém pode conseguir entender as necessidades do outro? Simples, entrando em sintonia com a sua própria dor física ou emocional, ouvir e respeitar as suas próprias necessidades e dores. A empatia começa com a capacidade de estar bem consigo mesmo, entrar em contacto com os próprios sentimentos, compreender-se e aceitar-se. Praticar a sensibilidade, não só com o outro, mas também para consigo mesmo.
Lembre-se, a empatia é a chave para qualquer sociedade ultrapassar e gerir uma crise, pratique-a! Vamos a isso?
P.S: Espreite este tema no meu novo livro, ‘Recomeçar: um guia para lidar com o mundo em mudança’, da IN edições, brevemente disponível.