Cuidadores de doentes com Alzheimer adoecem mais facilmente
Estudo realizado com cuidadoras idosas no Brasil mostra que a sobrecarga emocional e física das cuidadoras aumenta em cinco vezes o risco de desenvolverem sintomas de ansiedade e de depressão. A pesquisa, segundo investigadores, mostra que os médicos também têm de atenção aos cuidadores e não só aos pacientes de Alzheimer nas consultas. A 5 de novembro, assinala-se o Dia Mundial do Cuidador.
As mulheres que exercem a função de cuidadores de pacientes com a doença de Alzheimer têm cinco vezes mais risco de desenvolverem depressão e ansiedade, segundo um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), no Brasil. Os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, confirmaram que «cuidar de pessoas doentes pode deixar os cuidadores também doentes», informa a USP em comunicado.
A equipa analisou o dia a dia e a saúde de 62 mulheres idosas na mesma faixa etária. Destas, 31 eram parentes e cuidadoras de pacientes com Alzheimer e outras 31 não exerciam essa função e residiam na vizinhança. A comparação mostrou que as cuidadoras apresentaram 35,5% de sintomas de ansiedade e cerca de cinco vezes mais risco de terem depressão do que as idosas não cuidadoras.
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Os resultados, segundo Nereida Kilza da Costa Lima, da área de Geriatria da FMRP, confirmam que «a sobrecarga emocional e física destas cuidadoras é imensa». Antes do estudo, a investigadora e a sua equipa conheciam o impacto negativo sofrido por aqueles que cuidam de idosos dementes, agora conseguiram quantificar esse impacto na população.
As idosas cuidadoras convivem diariamente com pessoas que, elas sabem, não terão melhoras, sendo inclusive por vezes alvo de agressão. Segundo a professora, essa rotina gera um stresse muito alto. Pelo estudo, verificaram que «a hipótese de diagnóstico de ansiedade foi 4,8 vezes maior» entre as cuidadoras. Os idosos com Alzheimer, dependendo do estágio da doença, necessitam de cuidados constantes, desde uma simples companhia até ajuda para se alimentar e cuidar da higiene pessoal.
A pesquisa mostrou que 90% das cuidadoras dedicam período integral aos pacientes; todas moram com eles. «Essa situação gera sobrecarga que vai além dos seus poderes. E pior, fazem tudo sozinhas, sem apoio de outros familiares ou com dificuldade em aceitar ajuda de outras pessoas», comenta a professora.
Níveis altos de colesterol também apareceram, agravando o quadro de saúde dessas cuidadoras. Acreditam os especialistas que sejam resultado de má alimentação e da falta de tempo para cuidados com a própria saúde.
Segundo Nereida, os altos índices de depressão e ansiedade descobertos na pesquisa abrem uma nova visão para os profissionais da área da saúde, que, na maioria dos casos, durante os atendimentos, mantêm o foco nos doentes com Alzheimer, esquecendo-se dos cuidadores.
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