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Criatividade: o segredo para o bem-estar mental

Ou será o contrário? Tal como a meditação ou o ioga, a criatividade pode produzir uma sensação de alegria e satisfação.

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Sinto-me exausta como nunca e, para além do cansaço físico, o que mais me tem custado é o não conseguir sair da folha em branco. Imaginem terem de escrever um artigo, um briefing ou fazer uma apresentação para motivar uma plateia ou uma equipa e tudo vos parecer não meritório do esforço, ou suficientemente interessante para cativar o leitor ou a plateia. Chama-se, bloqueio criativo! 🤯 E não é nada simpático sobretudo para quem tem funções onde a criatividade faz parte integrante do trabalho.

 

Como em tantas outras coisas do dia-a-dia- também este me fez pensar, neste caso, sobre o efeito da criatividade na saúde mental ou o inverso, qual o papel da saúde mental no desenvolvimento criativo. Eina! Tenho um tema sobre que escrever e sair da folha em branco. 🥳

 

Pela literatura que li não parece existir uma relação provada entre criatividade e transtornos de humor, embora haja características semelhantes associadas a ambos. De qualquer forma, é claro o efeito positivo que a criatividade e a expressão artística têm na saúde mental em geral, permitindo que as pessoas desenvolvam competências e estratégias que melhoram a criatividade e maximizam o bem-estar mental e, por isso, pode ser utilizada como recurso “curativo” para pessoas com esses transtornos – chama-se arte-terapia 😊.

 

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Os benefícios da criatividade são vários (listo alguns, mas não se limitem a estes):

– Redução do stress e ansiedade

– Mais capacidade para enfrentar adversidades

– Diminuição da depressão e ansiedade

– Melhora a memória (e, consequentemente, reduz a demência)

– Maior resiliência

– Melhor autoestima

– Melhor superação do trauma

– Melhora o sistema imunitário

– Aumenta a felicidade

– Melhora o humor

– Diminui a frequência cardíaca.

 

Ufa! E não se ensina criatividade nas escolas? – Sr. Ministro da Educação do XXIV Governo Constitucional de Portugal, pense nisto. Seria uma boa primeira medida!

 

Mas, na verdade, o que significa ser criativo?

Existem várias definições, mais filosóficas ou mais científicas, mas eu gosto da definição que John Cleese deu no seu livro “Criatividade: Um guia prático e divertido” (aconselho) e que é “Por criatividade entendo simplesmente novas formas de pensar sobre as coisas.  A maioria das pessoas relaciona a criatividade exclusivamente com as artes, ou seja, a música, a pintura, o teatro, o cinema, a dança, a escultura, etc., etc. Não é verdade. A criatividade está presente em todos os domínios da vida, da ciência aos negócios ou ao desporto.” e, o autor diz ainda “Outro mito é o de que a criatividade é inata. Também não é verdade. Todos podemos ser criativos.”.

 

É bom constatar que, segundo a maioria dos padrões modernos, todos nós somos (ou podemos ser) criativos. Quando somos crianças o nosso dia está repleto de atividades criativas (mais se calhar na minha geração e anteriores do que nas atuais), a brincar com plasticina, a inventar histórias com bonecas e Super-heróis, a construir uma banda com tachos e panelas, a treinar os penaltis ou a pintar. Na adolescência, podemos participar na banda ou teatro da escola, ter aulas de surf ou skate ou mesmo de fotografia. No entanto, à medida que vamos envelhecendo a criatividade é afastada das nossas atividades rotineiras, pela agitação do nosso dia ou por acharmos que já não temos idade para “essas coisas”.

 

A verdade é que qualquer estudo de recursos humanos que avalie as lideranças nos dirá que os melhores líderes são os mais criativos – não porque são os mais bem-dispostos, mas porque são aqueles que conseguem melhor navegar pela complexidade dos dados corporativos e da tecnologia, que introduzem mais inovação e novas abordagens a problemas antigos, são mais corajosos, resilientes e visionários para tomar decisões que “saem da norma”. Então, faz sentido abandonarmos as atividades criativas na fase adulta? Não, de todo.

 

Nas nossas equipas devemos injetar as doses certas de esforços criativos como brainstorming de ideias, laboratórios de inovação e workshops de escrita criativa, mas também momentos de atividades divertidas ou solidárias como ações de voluntariado, ginástica laboral ou mesmo um pequeno-almoço mensal. Os resultados vão notar-se.  📈

 

É fácil perceber porque se pode associar criatividade (ou a falta dela) a problemas de saúde mental. Na verdade, se estivermos “bem” tudo flui – não deve ser coincidência que ao estado de criatividade se chame “fluxo” (Flow).

 

Quando as pessoas estão a criar, seja um programa de software, um graffiti ou uma camisola, tendem a perder-se na atividade. O ato de criar requer foco e concentração, e a multitarefa não funciona. Durante esse período a forma como o nosso cérebro 🧠se comporta é semelhante à experiência durante a meditação, bloqueando os estímulos externos. Tal como a meditação ou o ioga 🧘‍♀️, a criatividade pode produzir um “efeito” natural ou uma sensação de alegria e satisfação. 😊

 

Basicamente, ser criativo é muito importante!

Voltando ao livro do John Cleese, deixo-vos as dicas que partilha para estimular o processo criativo (já vos disse que aconselho a leitura deste pequeno livrinho?):

– Escrevam sobre o que conhecem

– Procurem inspiração

– Deem o salto imaginativo

– Não desistam

– Aprendam a lidar com os contratempos

– Enfrentem (de frente) o pânico, logo

– O pensamento acompanha a disposição

– Cuidado com o excesso de confiança

– Testem as vossas ideias

– Peçam uma segunda opinião.

 

Deixemos espaço para sermos criativos (é para colocar mesmo na agenda!). Parar e observar, ouvir (as pessoas, uma boa música ou o silêncio), ler, escrever, desenhar, pintar, tocar um instrumento, dançar, cozinhar, seja o que for que possa desencadear a criatividade em nós.

 

Criar permite-nos desligar do stress, ajuda-nos a melhorar a forma como nos expressamos e permite-nos melhorar o humor e a memória. É importante não só para conseguirmos executar o nosso trabalho, mas, sobretudo, para o nosso bem-estar e saúde mental. Explorem a vossa criatividade, nem que seja na cozinha! 😊

 

Do meu lado, vou continuar a sentar-me ao piano, a experimentar receitas novas, a ler e, tenho andado a pensar que gostava de aprender a tricotar🧶 (será a idade?). Who cares?

Cuidem-se!

 

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