Consumo: o Conto de Natal possível
As marcas já estão a fazer a sua parte na magia com as campanhas de Natal, mas será que vamos conseguir fazer subir a curva no gráfico das vendas como nos anos anteriores?
(Escrito ao som de Mariah Carey para entrar no espírito)
Todos desejamos um Natal sem restrições, mas essa possibilidade parece-nos cada vez mais remota. A verdade é que já vivemos um grande feriado em pandemia. A Páscoa foi vivida em casa, em família (não alargada), mas foi sentida e celebrada. Ninguém o quer, mas vejamos o copo meio cheio, a tecnologia de hoje permite-nos ver e falar com os nossos entes queridos com o toque de um botão. Se é o mesmo, claro que não!
Eu sei que não quero um Natal digital! Preciso sentir o cheiro das rabanadas e do peru, preciso ouvir o crepitar da lareira e das garrafas a abrir. Vestirei a camisola feia de Natal (que adoro) e calçarei a meia pirosa. Quero tudo a que tenho direito!
No dia 24 queremos sorrisos, rostos vermelhos, discussões de família (impulsionadas pelo vinho), crianças felizes e músicas natalícias. Queremos esperança e o fim do discurso do “vai ficar tudo bem”. Queremos matar saudades da família, dos amigos-família e de todos os que nos fazem sorrir, neste dia e nos restantes 364. Queremos esquecer 2020 e tudo o que de mau nos trouxe.
Vamos fazer o nosso melhor para que isso aconteça. Se for preciso desinfetamos cada presente antes deste ser agitado e aberto na expetativa, mas temos de manter a magia. O natal é sobre união, seja à volta da mesa seja numa sessão no zoom. E certamente, tudo o que conseguirmos vai ter o dobro do significado do natal passado. Provavelmente teremos de adiar os jantares de Natal e todos os abraços para 2021, mas, se já se festejou o natal em maio porque é que não podemos festejá-lo novamente em agosto?
É inevitável pensar como iremos reescrever este conto de natal. Será que nele o Pai Natal vem na forma de serviço de entrega de encomendas (voto em que se substitua o Pai Natal nas janelas pelos funcionários da DPD, CTT, UPS, Fedex, DHL e tantas outras)?
Será que recebemos no sapatinho máscaras em vez de peúgas? Que a típica foto de Natal das nossas crianças com o Pai Natal será no zoom? Ou com uma rena de distância? Uma coisa é certa, já não vamos engordar no Natal porque temos vindo a engordar ao longo destes 9 meses de ‘pãodemia’. Pelo menos podemos respirar fundo e aproveitar a mesa sem peso na consciência.
As marcas já estão a fazer a sua parte na magia com as campanhas de Natal, mas será que vamos conseguir fazer subir a curva no gráfico das vendas como nos anos anteriores?
As campanhas que já tive oportunidade de ver mostram o muito cuidado das marcas neste Natal de 2020:
- Festas familiares pequenas (nota-se que em muitas das publicidades aparecem apenas 5 elementos)
- Reuniões através de plataformas de videochamadas (Facebook é um bom exemplo)
- A importância de quem está presente e não dos presentes (aliás em todas estas não vi uma única troca de presentes)
- Um Natal diferente, mas as mesmas tradições (boa comida, festejos, decoração, família)
- A compra segura através do online, do click & collect ou das entregas em casa
Se já houve um ano que desejamos que fosse Natal todos os dias, é este. Venha ele!
Feliz Natal para todos.