Como as marcas podem melhorar a ligação entre pais e filhos adolescentes
Ao adotar uma tecnologia responsável e criar experiências partilhadas, entre outras, as marcas podem contribuir para a criação de laços familiares mais fortes e resistentes.
Todos sabemos que ser pai não é fácil. Os filhos não vêm com manual de instruções e, se é difícil cuidar de um recém-nascido que não consegue explicar-se, nem queiram saber o que é educar um adolescente (ou pretendente a) – se calhar até já sabem e eu é que estava na ignorância!
A verdade é que, no turbilhão da vida moderna, a ligação entre os pais e os seus filhos adolescentes consegue ser, por vezes, desafiante. A questão já não é apenas de diferença de idades. A linguagem não é definitivamente a mesma (deixo para outro artigo o dicionário para pais de adolescentes 😊). Juntamos a isso a crescente evolução tecnológica, que está a alterar por completo a dinâmica social e a aumentar o fosso que existe entre pais e filhos (mesmo para aqueles pais mais “geek” 🤓). Quase que arrisco a dizer que ser pai hoje está mais difícil que nunca.
Sem sombra de dúvida que o desejo de todos os pais é fazer as escolhas certas para os filhos, e na educação destes, mas essas escolhas são mais complexas do que nunca, sobretudo se não conseguirem comunicar entre si. Sejamos pais de um adolescente pela primeira vez, ou pela segunda (ou terceira), é bom ter presente que estaremos sempre a enfrentar um território desconhecido. Não só cada ser é diferente entre si (o que funciona para um filho pode não funcionar para outro) como o que é verdade hoje pode não o ser amanhã, o que obriga a uma abordagem diferente da situação de cada vez que a vivemos (vá, ânimo!).
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Certamente que as marcas podem desempenhar um papel na forma como as famílias interagem, ajudando pais (cuidadores) a aproximarem-se dos seus filhos adolescentes, intervindo e construindo conexões autênticas e duradouras, com um e outro lado. Abordando as dificuldades dos pais e orientando-os para decisões que os aproximem dos seus adolescentes! Como?
Ser único e criativo – o modelo de família hoje não é o tradicional. Os pais de hoje são talvez a geração mais diversificada de sempre. O grupo-alvo é muito dinâmico e, por isso, as marcas têm de ser criativas e inclusivas nas suas abordagens. Uma só estratégia para atingir os vários grupos vai falhar na certa. Reconhecer e celebrar a diversidade das relações entre pais e adolescentes é vital. As marcas podem apresentar uma série de dinâmicas familiares no seu marketing e publicidade, validando as várias formas como as famílias se relacionam. Esta inclusão não só reflete a realidade das famílias modernas, como também ajuda os pais e os adolescentes a sentirem-se vistos e compreendidos.
Adotar a tecnologia de forma responsável – na era digital, a tecnologia atua frequentemente como uma ponte e uma barreira. As marcas podem incentivar uma utilização saudável da tecnologia desenvolvendo produtos que facilitem interações positivas. Desde aplicações interativas que incentivam a comunicação até dispositivos com controlos parentais, as soluções tecnológicas podem dar aos pais a possibilidade de navegarem com confiança no panorama digital.
Experiências partilhadas através das marcas – as marcas podem criar oportunidades para experiências partilhadas entre pais e adolescentes. Quer seja através de eventos familiares, workshops ou campanhas interativas, a promoção de momentos de ligação ajuda a reforçar os laços.
Tirar o máximo partido das diferenças geracionais – pais e filhos não têm as mesmas preocupações (pais estão focados no futuro; filhos no presente, no imediato) e não consomem os meios de comunicação da mesma forma, mas as marcas podem tirar proveito disso: comunicar onde estão os filhos e os pais (comunicação exterior é uma boa aposta – os filhos querem andar sempre na rua e os pais são os seus motoristas), fazer campanhas com extensão social (por email para pais, nas redes sociais para pais e filhos).
Criar recursos de apoio à parentalidade – as marcas podem servir como recursos valiosos, fornecendo guias de parentalidade, fóruns online ou aplicações que ofereçam dicas e conselhos sobre como enfrentar os desafios de ser pai de adolescentes. Ao criar uma comunidade de apoio, as marcas tornam-se mais do que meros produtos; tornam-se parceiros na jornada da maternidade e tornam estes temas menos assustadores.
Promover uma comunicação aberta – incentivar o diálogo aberto é essencial para relações saudáveis. As marcas podem promover a comunicação criando conteúdos que abordem as preocupações e os interesses dos pais e dos adolescentes. Quer seja através de campanhas nas redes sociais, publicações em blogues ou conteúdos de vídeo, a promoção de conversas ajuda a quebrar barreiras.
Usar o tom de voz certo – para promover uma ligação entre pais e filhos, as marcas devem adotar um tom que seja empático, inclusivo, relacionável, claro e direto, positivo e animador, de colaboração, autêntico, humorístico (quando aplicável), informal (ainda assim respeitoso) e flexível. O tom deve colmatar o fosso entre gerações, sendo acessível tanto aos pais como aos filhos.
Aproveitar o tempo limitado – tanto os pais como os adolescentes têm muitas vezes vidas ocupadas com tempo limitado por várias razões. As marcas podem capitalizar este desafio partilhado, oferecendo soluções que não só poupam tempo, mas também facilitam ligações significativas entre pais e adolescentes, apesar dos horários ocupados, por exemplo, selecionar conteúdos concebidos para a qualidade em vez da quantidade ou criar desafios ou projetos que incentivem a colaboração entre pais e filhos adolescentes. A chave é oferecer soluções que sejam convenientes, envolventes e adaptáveis aos estilos de vida únicos das famílias ocupadas.
À medida que a dinâmica da vida familiar evolui, as marcas têm uma oportunidade única de desempenhar um papel positivo na promoção da ligação entre os pais e os seus filhos adolescentes. Ao adotar uma tecnologia responsável, criar experiências partilhadas, fornecer recursos de apoio, promover uma comunicação aberta e celebrar a diversidade, as marcas podem contribuir para a criação de laços familiares mais fortes e resistentes.
No final, não se trata apenas de vender produtos. Trata-se de enriquecer vidas e criar ligações duradouras que resistem ao teste do tempo.
Se é pai, não desanime (que eu também não) mas reduza as expetativas sobre o que realmente significa “ligação”. Um estudo da Universidade de Washington mostra “que os cérebros dos adolescentes estão programados para não ouvir as vozes das suas mães em favor de outras menos familiares”. O problema é morfológico e não seu! 😅 Mas, além de não desanimar não baixe os braços. Mantenha-se curioso sobre os interesse do seu adolescente – não quer dizer que tenha de começar a jogar Fortnite ou a ouvir Central Cee, mas falar sobre algo que lhes interessa pode ser útil nesta luta para se aproximar dele. Tente não julgar (sabendo que eles vão já de pé atrás) e dê tempo que eles acabam por vir até nós, se sentirem que não vão receber (sempre) um sermão.
Se representa uma marca, lembre-se que é importante mostrar empatia pelas lutas dos pais, mostrar-lhes que não estão sozinhos e apresentar-lhes soluções.
Se és um adolescente que me lê, tenho uma questão, como vieste aqui parar? Foi o Central Cee? 😊
Já pensaram se as vossas marcas podem ajudar a preencher o vazio geracional entre pais e filhos? E, se podem, estão a fazê-lo? – é bom que sim porque senão correm o risco de ter de ir para os vossos quartos sem jantar!