Colesterol, o vilão?
Mas o que é afinal isto do colesterol ‘bom’ e do colesterol ‘mau’? De certo, já ouviu falar nesta dicotomia e terá algumas dúvidas. O nutricionista Pedro Queiroz ajuda-nos a perceber melhor o que é o colesterol e como ele afeta o nosso organismo.

O colesterol elevado é a causa de cerca de um terço de todas as doenças cardiovasculares, no mundo inteiro. Estima-se que o colesterol elevado cause 18% do total das doenças cerebrovasculares, 56% do total das doenças isquémicas cardíacas e cerca de 4,4 milhões de mortes a nível mundial, representando cerca de 7,9% do total.
Este bicho de sete-cabeças que importuna milhares de pessoas é, na verdade, uma molécula de gordura de origem animal que é produzida pelo nosso próprio organismo, mas também pode ser fornecido por via alimentar. O colesterol tem um importante papel em diversas funções a nível celular. No entanto, o seu excesso pode levar a algumas complicações de saúde. No nosso corpo, surgem proteínas que formam o bom colesterol (HDL) e o também conhecido mau colesterol (LDL).
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Mas o que é afinal isto do colesterol ‘bom’ e do colesterol ‘mau’?
Tenha em mente que o colesterol é uma molécula insolúvel na água e que para circular nas vias sanguíneas se associa a uma proteína que permite este transporte. O mau colesterol (LDL – Low Density Lipoprotein) será responsável pelo depósito e acumulação de gorduras nas artérias. Por sua vez, o bom colesterol (HDL – High Density Lipoprotein) será o responsável pela eliminação dos excessos desta acumulação. Isto é, «exerce um efeito antagónico e ajuda na normalização das questões cardiovasculares», explica o nutricionista Pedro Queirós.
Em Portugal, cerca de 68,5% dos portugueses apresentam valores de colesterol iguais ou superiores a 190 mg/dl. Aproximadamente um quarto dos portugueses apresenta colesterol de risco elevado (>240 mg/dl) e 45,1% apresenta risco moderado (190-239 mg/dl).
Segundo Pedro Queiroz, «os homens têm maior prevalência de níveis elevados de colesterol no sangue, especialmente os mais sedentários. Ao longo da vida, o risco de hipercolesterolemia (níveis elevados de colesterol) vai aumentando devido a alterações na estrutura dos vasos sanguíneos que perdem elasticidade».
São várias as doenças que estão associadas ao colesterol, geralmente, doenças de foro cardiovascular, mas também doenças conhecidas como, por exemplo, a hipertensão e diabetes que podem se influenciadas pelos níveis de colesterol.
O colesterol elevado pode ser resultado de duas equações: as endógenas e as exógenas. Nesta primeira, são consideradas as causas genéticas como fator principal. Nas exógenas, a culpa é apontada para a alimentação e para a ausência da prática regular de exercício físico. É aconselhado que se façam análises regulares dos níveis de colesterol para que se tenha controlo sobre o mesmo. Caso os resultados médicos acusem efetivamente níveis altos, pode visitar um nutricionista para que seja otimizado um plano (personalizado) alimentar. A par de uma melhor alimentação, Pedro Queiroz reforça a importância do exercício físico. Contudo, caso seja uma infelicidade genética, poderá ser necessário o recurso a medicação, para além destes cuidados.
De modo geral, a medicação recomendada pelos especialistas para a diminuição do colesterol é designada de estatina, mas existem algumas inseguranças quanto à sua eficácia por parte da população. «A eficácia parece existir, contudo, tem efeitos adversos e muitos secundários, pelo que se recomenda, numa primeira fase, procurar controlar estes valores através do exercício e de um plano alimentar personalizado», para que se reestabeleça o equilíbrio, esclarece o nutricionista Pedro Queiroz.
O especialista recomenda uma alimentação rica em alimentos com ausência total de colesterol como, por exemplo, os legumes e a fruta. Quanto às gorduras, devem ser privilegiados alimentos ricos em ácidos gordos ómega-3 e ómega-6 (salmão, atum, cavala, nozes, etc) para proporcionar um melhor equilíbrio dos níveis do bom colesterol.
O consumo de gorduras saturadas deve ser evitado ao máximo, em particular em produtos de origem animal como as carnes vermelhas, o marisco, a gema de ovo, a manteiga, entre outros. As dietas pobres em gordura e ricas em fibras solúveis (cevada, aveia, frutos e vegetais ricos em pectina) podem ajudar a reduzir as gorduras. É igualmente importante a restrição da ingestão de sal.
Em suma, este é um problema que afeta milhares de pessoas e que pode ter consequências significativas na sua qualidade de vida. Posto isto, é importante que se previna e que tente controlar ao máximo os seus níveis de colesterol. Procure o que melhor funciona para si.