Bênçãos do sistema linfático: limpeza, leveza e detox na Ayurveda
Compreendermos a função do sistema linfático fornece insights sobre a profunda capacidade do corpo de cuidar de si mesmo. Na Ayurveda, é o primeiro sistema a ser cuidado e tratado em caso de desequilíbrio. Veja como tratar de si nesta nova estação.

Na cultura ocidental o sistema linfático é talvez o sistema do corpo mais esquecido, pouco estudado e o menos compreendido. A linfa viaja com os nervos, artérias e veias, e por si só é duas vezes maior que o sistema de suprimento de sangue arterial – e talvez duas vezes mais importante. O sistema linfático remove os resíduos de todas as células do corpo enquanto regula o sistema imunitário.
Muitos desequilíbrios que surgem noutros sistemas do corpo são consequência da parca e insuficiente drenagem do sistema linfático. Este sistema drena os resíduos do sangue e de quase todas as células do corpo. Torna-se por isso importante compreendermos que a capacidade do sangue de entrar e sair de uma célula e dos espaços intracelulares como fluido linfático é um dos processos mais relevantes do corpo humano. Sem ele, poderíamos perecer em apenas algumas horas.
Constituição linfática
O sistema linfático é constituído por uma rede de tecidos e órgãos que ajudam a eliminar os resíduos, toxinas e outros materiais indesejáveis do corpo. Ele transporta o fluido chamado de linfa por todo o corpo e ajuda a eliminar os resíduos. Os principais órgãos do sistema linfático são o baço, o timo e as amígdalas, e também é constituído por centenas de vasos linfáticos e nódulos presentes no corpo.
A função do sistema linfático é transportar os ácidos gordos e manter o equilíbrio dos fluidos no corpo. Também ajuda a combater as infeções no corpo, e a controlar o número de glóbulos vermelhos. Transfere as células brancas do sangue para dentro e para fora dos ossos com a ajuda dos nódulos linfáticos, e também é responsável pela remoção de fluidos dos tecidos.
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O baço está localizado na parte superior esquerda do abdómen e é o maior órgão linfático. A sua principal função é filtrar o sangue e remover os glóbulos vermelhos velhos ou danificados. O baço também é responsável pela deteção de vírus, bactérias e outros microrganismos. Ele desencadeia a libertação de linfócitos que produzem anticorpos para eliminar os microrganismos estranhos.
O timo está localizado na cavidade torácica, logo acima do coração. É um pequeno órgão e armazena linfócitos imaturos que mais tarde tornam-se células T ativas, e que são responsáveis pela destruição de células infetadas ou cancerígenas.
As amígdalas são grandes massas de células linfáticas localizadas na parte posterior da garganta e cavidade nasal. Ajudam a combater infeções no corpo e fazem parte do sistema imunitário.
A principal função do linfonodo é a filtragem da linfa que passa por ele e a adição de linfócitos à linfa filtrada. Ele adiciona dois tipos de linfócitos – pequenos linfócitos e grandes linfócitos. O linfócito é responsável pela produção de anticorpos para eliminar as bactérias e vírus estranhos no corpo.
Desobstruir o sistema de drenagem do corpo
O sistema linfático funciona como os ralos da casa, e o sangue funciona como as torneiras. Se os ralos do lava-louça ou da banheira estão entupidos, limpar apenas as torneiras seria de pouca utilidade. O maior dreno que temos no corpo é o sistema linfático, que pode ficar obstruído por muitos anos. A estagnação linfática força o corpo a adaptar-se a um ambiente pleno de toxinas que cria stress, enfraquece a imunidade e fragiliza outras vias importantes de desintoxicação.
No processo do envelhecimento é a capacidade de bem desintoxicar e eliminar o desperdício de forma eficiente que determina a longevidade e a saúde ideal.
Quando o sistema linfático fica congestionado e perde a sua capacidade de remover bem os resíduos, o corpo começa a dar sinais de congestão circulatória. O segredo é aprender a ouvir o corpo quando começa a sussurrar os seus sintomas, em vez de esperarmos até que comece a esbravejar.
Sintomas de congestão linfática
A deficiência de minerais, vitaminas, aminoácidos e outros materiais no nosso corpo pode levar ao funcionamento inadequado do corpo e também desacelerar o sistema linfático. Um sistema linfático lento é crítico para o corpo, pois pode levar a infeções e a doenças fatais. O sistema linfático é único porque tem mais que uma função. Para além de estar projetado para a desintoxicação, as células B e T do sistema imunitário são mais ativas nos gânglios linfáticos do corpo. Se a linfa for pastosa e lenta, a nossa resposta imunológica pode ficar comprometida.
Existem vários sintomas que indicam que o sistema linfático está lento, como os dedos inchados, o inchaço corporal e a retenção de líquidos. A sensação constante de exaustão e a obstipação também indica um sistema linfático lento. A descoloração das pernas é observada em muitos casos. A pele fica seca e com comichão. A circulação sanguínea no corpo torna-se fraca e as mãos e as pernas ficam frias. É observado o inchaço dos seios nas mulheres. Pode ainda surgir dor ou rigidez pela manhã, e confusão mental.
Causas principais de congestão linfática
O stress foi identificado como a causa de cerca de 80% de todos os problemas crónicos de saúde. A química do stress é degenerativa e congestiva para a linfa.
Quando estamos sob stress, o corpo é forçado a fabricar e secretar hormonas de combate ao stress em excesso para aumentar a nossa energia. Os produtos residuais destas hormonas são chamados de radicais livres, que podem ser uma das principais causas do envelhecimento prematuro. Acresce o facto de que estas hormonas e os radicais livres serem muito ácidos, o que altera o pH do sangue e a química celular para se tornarem menos alcalinos e mais ácidos.
Os desequilíbrios digestivos crónicos podem também irritar as vilosidades intestinais, sendo um motivo clássico para a congestão linfática. Como a maior parte da linfa do corpo envolve o intestino, a qualidade das vilosidades é crítica para o fluxo linfático adequado, desintoxicação, assimilação e imunidade.
A deficiência de iodo também é uma causa comum de congestão linfática. O iodo protege o corpo de um ambiente tóxico e apoia a linfa no nível celular.
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