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Alimentação e autismo: quais os nutrientes a promover e a restringir?

O estado nutricional da criança com autismo depende não só da ingestão alimentar, mas também de processos fisiológicos e metabólicos, como a digestão e a absorção. Um dos problemas mais frequentes são as patologias gastrointestinais e eventuais carências vitamínicas.

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No passado dia 02 de abril assinalou-se o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo. Afeta em maior proporção o sexo masculino e a sua prevalência tem vindo a aumentar. Em Portugal existe apenas um estudo realizado por Oliveira (2005) que aponta para uma prevalência estimada no nosso país de cerca de 1:1000 crianças em idade escolar.

 

O autismo é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se manifesta normalmente até aos três anos de idade, com um largo espectro de características sintomatológicas, sociais e comportamentais. A etiologia do autismo é complexa, mas cresce a evidência de que o autismo seja uma doença genética, agravada ou desencadeada por fatores ambientais, sendo a alimentação um deles.

 

O estado nutricional da criança com autismo depende não só da ingestão alimentar, mas também de processos fisiológicos e metabólicos, como a digestão e a absorção. Um dos problemas mais frequentes são as patologias gastrointestinais e eventuais carências vitamínicas.

 

A primeira compreende obstipação, diarreia, gastrite, refluxo e pode normalizar com o uso de suplementos probióticos e respetiva terapêutica nutricional como o limite de temperos, enlatados com tomate, café, chá preto, alimentos fritos e alimentos cítricos. Realçando que o possível desconforto intestinal resultante do processo inflamatório pode agravar os problemas comportamentais…

 

A segunda deve-se a alterações no perfil enzimático que inibem a digestão completa da proteína presente em determinados alimentos nomeadamente trigo, leite e soja. A exclusão destes alimentos na dieta deve ser sempre feita por supervisão de nutricionista por forma a estabelecer um plano alimentar que contemple alimentos que compensem ao nível energético e nutricional os retirados.

 

Algumas crianças podem ter deficiência de vitamina B6 (participa no metabolismo das proteínas) e magnésio (que contribui para a irritabilidade e excitação), também importante corrigir com o nutricionista.

 

A promoção do consumo de fruta, hortícolas e alimentos/suplementos ricos em ácidos gordos ómega 3 (como peixe, abacate, frutos oleaginosos e sementes) deve ser instituída, enquanto a ingestão de alimentos que contenham aditivos alimentares associados à hiperatividade (E122) presentes em bolos, gomas, bolachas, gelatinas deve ser reduzida ao máximo. O que fará ainda mais sentido tendo em conta que crianças autistas têm 2 a 3 vezes mais risco de terem obesidade do que os da mesma faixa etária não autista.

 

Uma alimentação na gestação que satisfaça todas as necessidades nutricionais assim como uma avaliação constante do seu estado metabólico parece ser importante no desenvolvimento da doença da criança.

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